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NOTÍCIA

BC admite que economia crescerá menos este ano

Data: Sexta-feira, 06/06/2014 00:00
Fonte: Agência Estado

O Banco Central admitiu, pela primeira vez, que a economia deve crescer neste ano menos do que em 2013. A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada ontem, difere da anterior, que sinalizava que a expansão do País tendia a se manter relativamente estável. A instituição, agora, espera consumo e serviços se expandindo em ritmo mais moderado, diferentemente de anos anteriores, quando os dois segmentos eram considerados importantes combustíveis para o Produto Interno Bruto (PIB).

 

Aldair Dantas
A preocupação do Banco Central com a inflação também é evidente, de acordo com analistas
A preocupação do Banco Central com a inflação também é evidente, de acordo com analistas


O ritmo lento de crescimento da economia brasileira fez o BC acender a luz amarela e interromper o ciclo de alta dos juros (Selic) em 11% ao ano na reunião do Copom da semana passada, parada feita apesar de a inflação ainda demonstrar alguma resistência. Segundo as previsões da autoridade monetária para 2014, o custo de vida cedeu entre as reuniões da diretoria de abril e maio, mas ainda persiste em nível superior ao centro da meta perseguida pela instituição, um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,5%.



Para Tony Volpon, diretor de pesquisas para a América Latina da Nomura Securities, o BC parou de subir juros pelo temor de provocar uma recessão no Brasil. “A principal novidade da ata da reunião do Copom de maio foi o BC reconhecer que a economia está muito fraca”, observou. “O documento ratifica que o BC tem mandato duplo. O PIB muito baixo prevaleceu sobre a inflação, que nas suas projeções está fora da meta até o final de 2015”, argumentou.



Parada
O documento divulgado ontem pelo BC, mais enxuto que o anterior, sinaliza, segundo analistas, a manutenção da Selic em 11% ao ano nos próximos meses. A avaliação é de que apenas depois das eleições, em outubro, a instituição poderia dar início a um novo ciclo de ajuste dos juros.



“A preocupação com a inflação é evidente, apesar da perda de dinamismo da atividade”, explicou Juan Jensen, economista da Tendências Consultoria. “Assim, especulações de que a autoridade monetária poderia reduzir os juros em algum momento, nos próximos meses, devem sair do radar, ao menos por ora.”



Além de dar ênfase ao fraco crescimento da economia, o BC sinalizou na ata uma preocupação com o impacto do aumentou de juros na atividade econômica. De abril do ano passado a igual mês de 2014, a instituição elevou a Selic de 7,25% ao ano para 11% ao ano. Ainda assim, o Banco Central excluiu trecho, presente na ata anterior, que apontava que os efeitos das ações de política monetária eram cumulativos e se manifestam com defasagens. Em vez disso, preferiu reforçar a avaliação de que as condições monetárias “foram apertadas” nos últimos 12 meses para combater pressões inflacionárias.



Ainda segundo o documento, os efeitos da elevação da taxa Selic sobre a inflação “em parte” ainda estão por se materializar. Também foi retirada da ata divulgada hoje, a avaliação de que importantes indicadores apresentam-se em linha com o que se poderia antecipar, ou seja, seguiam dentro do previsto. O Copom ainda suprimiu da ata trecho que informava que o comitê iria monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária.



Na visão do Banco Central, apesar do cenário de moderação da atividade, existem perspectivas favoráveis à competitividade da indústria e para a agropecuária. A velocidade desses ganhos, observou a ata do Copom, vai depender do fortalecimento da confiança de firmas e famílias. “Apesar de o BC esperar que a economia continue se movendo em direção a uma mistura saudável entre consumo e investimentos, a mudança deve acontecer mais lentamente”, ponderou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho.