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NOTÍCIA

Caso Bernardo: MP denuncia acusados de participação no crime

Data: Quinta-feira, 15/05/2014 00:00
Fonte: TERRA
Promotora falou sobre a denúncia feita no caso do menino Bernardo
Foto: MPRS / Divulgação

 

O Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou nesta quinta-feira a denúncia dos indiciados pela morte do menino Bernardo Boldrini, 11 anos, encontrado morto no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen. Em entrevista coletiva na cidade de Três Passos, a promotora Dinamárcia Maciel classificou o pai do menino, Leandro Boldrini, como o mentor intelectual do crime.  


Além de Leandro, o MP denunciou a enfermeira Graciele Ugulini, madrasta, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, amiga de Graciele, pela morte do menino. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi denunciado por participação na ocultação do corpo de Bernardo.


Segundo o MP, Leandro, Graciele e Edelvânia responderão por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima), além da ocultação de cadáver. “Nesse contexto, nós temos a conduta que por si só é repugnante, tornando o crime, conforme diz a legislação, hediondo”, disse a promotora. Segundo Dinamárcia, a motivação do crime é considerada torpe pelo fato de o casal “odiar Bernardo” e tentar “tirá-lo do caminho” para que ele não herdasse o que teria de direito.


“Leandro Boldrini e Graciele Ugulini não queriam partilhar com Bernardo Boldrini os bens deixados pela mãe da criança e, tampouco, correr o risco de que ele, sob a guarda de terceiros ou mais velho, viesse a dispor, de algum modo, sobre tais bens. Em relação à Edelvânia Wirganovicz, a torpeza fica evidenciada, conforme a denúncia, pelo fato de ela ter aceitado participar do homicídio mediante paga ou recompensa, tendo recebido, de Graciele Ugulini, a quantia de R$ 6 mil, além da promessa de auxílio financeiro para aquisição de um imóvel”, disse o MP por meio de nota.

 

 A segunda qualificadora, de acordo com a promotora, foi o emprego de veneno na morte da criança. “Todos sabem que a aplicação do medicamento na dose errada o transforma em um veneno“, disse a promotora.


Foi destacado também a dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima. “ A dissimulação não possibilitou a defesa da vítima. As artimanhas e pretextos utilizados então para que Graciele ministrasse midazolam em Bernardo – primeiro como comprimidinho para não enjoar na viagem, depois antes dele passar na bezendeira, dizendo que ele deveria levar uma picadinha – comprovam essa qualificadora”, disse Dinamárcia.


Ocultação de cadáver
Em seu pronunciamento, o Ministério público destacou que, logo após o homicídio, Graciele Ugulini e Edelvânia Wirganovicz despiram o cadáver da vítima, inseriram em um saco, aplicaram soda cáustica sobre o corpo e o cobriram com pedras e terra. “Leandro Boldrini concorreu para a prática do crime ao idealizar sua execução e custear todas as despesas dele decorrentes, inclusive a paga ou recompensa propostas por Graciele Ugulini à Edelvânia Wirganovicz”, narra  a promotora na ação penal .


Edelvânia foi considerada a responsável por localizar o local para ocultação do cadáver, pela compra das ferramentas utilizadas para escavar e cobrir a cova e por adquirir a soda cáustica para deposição sobre o corpo. Evandro, que ainda é investigado pela polícia, foi denunciado pois “concorreu para a prática do crime ao fazer a cova vertical destinada à deposição do corpo da vítima, além de limpar o entorno do local, tudo dois dias antes, para facilitar a ação criminosa dos demais acusados”. 


Por fim, a denúncia do Ministério Público destaca o crime de falsidade ideológica, cometido por Leandro Boldrini, no dia 6 de abril. Segundo o MP, nessa data, ele fez uma declaração falsa na sede da Delegacia de Polícia de Três Passos. O documento do MP avaliou que ele pretendia constituir álibi de modo a ocultar sua participação no homicídio do filho.


Em sua avaliação, a promotora classificou Leandro como uma pessoa “de maior inteligência” e “com poder para executar o plano”. “Leandro é uma pessoa com grande capacidade de controle e inteligência. Ele usou isso para estimular a esposa a aflorar o ódio que ela já sentia por Bernardo”, disse.


Os três principais suspeitos pela morte de Bernardo estão presos desde o dia em que o corpo do menino foi encontrado enterrado. Evandro Wirganovicz foi preso mais tarde por suspeita de participação no caso.


O caso
Bernardo Uglione Boldrini, 11 anos, desapareceu no dia 4 de abril, em Três Passos, depois de – segundo a versão da família - dizer ao pai que passaria o fim de semana na casa de um amigo.


O corpo do garoto foi encontrado no dia 14 de abril, em Frederico Westphalen, dentro de um saco plástico e enterrado às margens do rio Mico. Na mesma noite, o pai, o médico Leandro Boldrini, a madrasta Graciele Ugulini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz foram presos pela suspeita de envolvimento no crime.


Segundo a Polícia Civil, o menino foi dopado antes de ser morto, possivelmente com uma injeção letal.