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NOTÍCIA

ONG internacional acusa governo sírio de uso de armas químicas

Data: Quarta-feira, 14/05/2014 00:00
Fonte: Agência O Globo

Um relatório publicado pela ONG internacional Human Rights Watch afirma que existem grandes evidências de que helicópteros do Exército sírio atiraram bombas com gás de cloro em três cidades sob domínio dos rebeldes no mês passado. Segundo a ONG, armas químicas continuam a ser usadas na Síria, oito meses após um ataque químico que matou centenas de civis nos subúrbios de Damasco.


O governo sírio, que acusa os rebeldes de terem usado gás de cloro no passado, não comentou as acusações


Segundo o relatório, forças leais ao presidente Bashar al-Assad teriam usado gás de cloro, de baixa letalidade, em bombardeios que deixaram pelo menos 11 mortos e 500 feridos durante o mês de abril. De acordo com a ONG, o gás teria sido usado para aterrorizaram residentes das cidades e causar pânico generalizado nos ataques à cidades de Kfar Zeta, no dias 11 e 18 de abril; Temanaa, nos dias 13 e 18 de abril, e Telmans, no dia 21 do mês passado. Médico e moradores entrevistados relataram ferimentos causados pelo gás de cloro e apresentaram cilindros metálicos com selos das fábricas que produzem gás químico. Testemunhas também contaram que o lançamento das bombas foi acompanhado de uma nuvem de fumaça amarelada, o que apontaria o uso de gás de cloro.


- Foram várias ocasiões, em locais diferentes, o que mostra uma consistência nos fatos - conta Nadim Houry, da Human Rights Watch, que acredita que o gás foi usado pelas forças do governo. - Isso nos deu a confiança para afirmar que há fortes evidências que apontam nessa direção. Essa é mais uma razão para que o Conselho de Segurança da ONU leve a crise da Síria ao Tribunal Criminal Internacional.


O uso bélico do gás de cloro é proibido pelas leis internacionais.

Dinamarca pede pressa na destruição de arsenal químico


A Dinamarca, uma das nações envolvidas no descarte do arsenal químico sírio pediu ao governo em Damasco que acelere o processo para garantir que o prazo final, estipulado para o dia 30 de junho não seja ultrapassado.


- Ordenamos que nossos navios fiquem na Síria até n30 de junho, mas não podemos esperar para sempre - afirmou o ministro dinamarquês das Relações Exteriores, Martin Lidegaard. - Essa é nossa mensagem para o governo sírio: esperamos que os últimos contêineres sejam entregues o mais rápido possível.


Segundo as Nações Unidas e a Organização pela Proibição de Armas Químicas, 92% das armas químicas da Síria já foram transportadas por navios dinamarqueses e noruegueses para serem destruídas no mar


Nessa terça-feira, a Coalizão Nacional Síria, principal grupo de oposição comentou a decisão dos governos da França e da Alemanha, que não permitirão que sírios em seus territórios votem na eleição presidencial de 3 de junho. Em nota, a Coalizão pede que outros países adotem medidas similares, num boicote internacional à eleição.


Dificuldades na ajuda humanitária

Sete semanas após caminhões das Nações Unidas cruzarem a fronteira entre a Turquia e a Síria, funcionários do programa de ajuda humanitária afirmam não ter ideia do destino dos suprimentos. A resolução adotada pelo Conselho de Segurança em fevereiro foi uma rara demonstração de unidade entre o governo e os rebeldes para facilitar o acesso da ajuda humanitária no país, mas ONGS e instituições de caridade envolvidas na ajuda à Síria reclama que as Nações Unidas, responsáveis por coordenar a distribuição dos suprimentos não oferece qualquer informação sobre seu destino final.


- Obviamente este é um problema crítico. Os dois lados reconhecem que existem dificuldades no desenvolvimento de um programa de compartilhamento de informações - afirmou o coordenador humanitário das nações Unidas na Jordânia, Nigel Fisher.


Um encontro em Gaziantep, na Turquia, reuniu mais de 100 funcionários de programas de ajuda humanitária das Nações Unidas, e de ONGs sírias e internacionais. Delegados afirmam que a reunião foi marcada por um ar de frustração, já que - apesar da resolução do Conselho de Segurança - toda ajuda humanitária deveria ser aprovada pelo governo sírio.


- A ideia de entrega através das fronteiras não é um erro, mas precisamos da permissão do regime, e ele não permite que a ajuda chegue onde é mais necessária - afirmou Yakzan Shishakly, diretor da ONG síria Maram Foundation.


Muitas ONGs pediram ajuda às Nações Unidas para superar barreiras administrativas.


- Queremos abertura de fronteiras e facilitação de vistos para agentes humanitários e ajuda para que os suprimentos possam chegar da Turquia, como já fazemos há anos - afirmou Shishakly. - E a resolução de fevereiro permite a ONU que faça tudo isso.