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Poupança tem 1ª retirada de recursos em 26 meses em abril

Em abril, R$ 1,27 bilhão saíram da poupança; e, no ano, ingresso caiu 68%. Alta da inflação e menor atratividade da poupança influenciam resultado.

Data: Quarta-feira, 07/05/2014 00:00
Fonte: Alexandro Martello Do G1, em Brasília
Uma parte das pessoas, por ser um ano difícil, está com a renda mais contida. Com o bolso mais apertado"
Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Anefac

Com o aumento da inflação e da taxa básica de juros, que diminuiu a atratividade da caderneta de poupança, a modalidade de investimentos mais tradicional do país teve a primeira saída líquida de recursos em 26 meses, em abril, segundo números divulgados nesta quarta-feira (7) pelo Banco Central.


As retiradas superaram os depósitos na caderneta em R$ 1,27 bilhão no mês passado - o que não acontecia desde fevereiro de 2012, quando as saídas líquidas de recursos somaram R$ 412 milhões, de acordo com o BC.


O resultado de abril também foi o pior, para este mês, desde 2011 - quando os saques de recursos na poupança superaram os depósitos em R$ 1,76 bilhão.


Quatro primeiros meses do ano
No acumulado dos quatro primeiros meses deste ano, houve mais depósitos do que retiradas de recursos da poupança – mas o valor caiu em relação a 2013.


De janeiro a abril, a caderneta captou R$ 4,12 bilhões, uma queda de 68,7% em relação ao mesmo período de 2013, quando entraram R$ 13,19 bilhões em recursos.


Depósitos, retiradas e saldo da poupança
Em abril deste ano, os depósitos na caderneta de poupança somaram R$ 122,83 bilhões e as retiradas de recursos totalizaram R$ 124,10 bilhões. Já o volume dos rendimentos creditados nas contas dos investidores alcançou R$ 3,34 bilhões no mês passado.


Por conta do rendimento creditado na conta dos poupadores, o volume total de recursos aplicados na caderneta subiu em abril, apesar dos saques terem superado os depósitos. No fim do mês passado, o saldo da poupança atingiu R$ 614,98 bilhões. No fechamento de 2013, o estoque de recursos na poupança totalizava R$ 597 bilhões e, em março, atingiu a marca dos R$ 612,91 bilhões.


Menor atratividade e inflação alta
Segundo o vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, os resultados da poupança neste ano estão relacionados com a alta da inflação e, também, com a perda de atratividade da aplicação em relação aos fundos de renda fixa.


De acordo com a Anefac, com a alta da taxa Selic para 11% ao ano no mês passado, as aplicações em renda fixa como fundos de investimento obtêm mais atratividade e "ganham da poupança na maioria das situações".


Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% (o que acontece desde agosto), é fixo em 6,17% ao ano mais a variação da TR.


Segundo cálculos da Anefac, as cadernetas de poupança vão continuar mais interessantes frente aos fundos de renda fixa quando a taxa de administração cobrada nestas aplicações financeiras forem superiores a 2,5% ao ano.


Além disso, o próprio crescimento da inflação tem dificultado a vida dos brasileiros. "O ambiente de inflação mais alta corrói a renda. As pessoas têm menos dinheiro disponível para poupar. Estão gastando mais com alimentos, por exemplo. Uma parte das pessoas, por ser um ano difícil, está com a renda mais contida. Com o bolso mais apertado", declarou ele ao G1.


Fundo de reserva
Especialistas avaliam que, independentemente do rendimento, a caderneta de poupança ainda é uma boa opção de investimento para pequenos poupadores, para pessoas que buscam aplicações de curto prazo ou que procuram formar um "fundo de reserva" para emergências – uma vez que não há incidência do Imposto de Renda.


Nos fundos de investimento, ou até mesmo no Tesouro Direto (programa do governo de compra de títulos públicos pela internet) há cobrança do IR e, na maior parte dos casos, de taxa de administração. Nos fundos de investimento e no Tesouro Direto, o IR incide com alíquota regressiva, ou seja, quanto mais tempo os recursos ficarem aplicados, menor é o valor da alíquota incidente no resgate.