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NOTÍCIA

Documento mostra quanto ex-diretor da Petrobras cobrava das empresas

Data: Terça-feira, 15/04/2014 00:00
Fonte: Jornal Floripa

Uma das empresas assinou seis contratos com a Petrobras, em outubro do ano passado, com total de, aproximadamente, R$ 490 milhões.

 

Vários documentos da operação Lava Jato mostram os negócios do ex-diretor Paulo Roberto Costa com empresas que têm contratos com a Petrobras. Em planilhas, ele deixava claro o valor das comissões que cobrava de cada uma.


Nas anotações de Paulo Roberto apreendidas pela Polícia Federal, aparecem os nomes de várias empresas que têm contrato com a Petrobras e para as quais Paulo Robero prestava serviços. Nas tabelas aparece a porcentagem que ele receberia de cada empresa, caso conseguisse fechar contratos para elas.


O Fantástico mostrou no domingo (13) que uma dessas empresas, a Astromarítima, assinou com a Petrobras, em outubro do ano passado, seis contratos de serviço de fretamento de embarcações, no total de, aproximadamente, R$ 490 milhões.


Em anotações, Paulo Roberto diz que a comissão que ele receberia da Astromaritima seria de 5% do valor bruto até o limite de R$ 110 milhões mais 50% sobre o montante que passasse desse valor.


Novos documentos mostram que neste contrato, Paulo Roberto não estava sozinho. Ele iria dividir a comissão com Raul Motta, dono da Energio, uma empresa de geração de energia eólica com sede no Rio de Janeiro.


A polícia apreendeu e-mails trocados entre eles. Em 6 de novembro de 2012, Motta encaminhou para Paulo Roberto uma minuta de contrato da Costa Global com a Astromarítima.


A relação de Paulo Roberto Costa e de Raul Motta vai além dos negócios envolvendo a Astromarítima. Este ano, os dois também se tornaram sócios em um novo empreendimento para instalação de uma refinaria em Sergipe. Um negócio de R$ 120 milhões.


O deputado federal Francisco Franceschini que é da comissão externa da Câmara que investiga contratos da Petrobras com a empresa SBM, da Holanda, disse que vai convocar Raul Motta para depor na comissão. O deputado pediu nesta segunda à Polícia Federal que investigue os contratos da Petrobras com a Astromarítima.


“Ninguém paga 50% de consultoria para uma empresa, para mim é simulação de propina ou a gente tem novamente um caso grave de irregularidade na Petrobras”, afirmou o deputado Fernando Franceschini, do Solidariedade.


Em nota, a Astromarítima disse que há mais de 30 anos tem contrato com a Petrobras e que jamais recebeu ou ofereceu qualquer proposta escusa. A nota diz ainda que o contrato com Paulo Costa foi para intermediação de venda de ações, mas que a negociação não prosperou.


O advogado de Paulo Roberto negou qualquer irregularidade na relação do ex-diretor da Petrobras com a Astromarítima. “Paulo Roberto estava tentando vender a empresa, tentando investidores para a empresa não intermediou nenhum contrato entre essa empresa e a Petrobras”, declara Fernando Fernandes, advogado de Paulo Roberto.


Em nota, Raul Motta disse que apresentou Paulo Roberto Costa a um dos acionistas da empresa Astromarítima, a pedido de um amigo. Segungo Raul Motta, a empresa estava à procura de investidores e queria contratar Paulo Roberto para fazer a negociação. Raul Motta disse ainda que não recebeu nenhuma remuneração.