Um surto de diarreia afeta moradores de duas comunidades ribeirinhas de Nova Olinda do Norte, a 135 km deManaus. Nas últimas semanas, 88 pessoas foram diagnosticadas com a infecção. A água contaminada é apontada como agente proliferador da doença. As comunidades enfrentam alagamentos por causa da cheia do Rio Madeira. Órgãos estaduais afirmam que iniciaram ações de assistência às vítimas e combate a novos casos de diarreia.
Os primeiros casos da doença foram registrados no dia 13 de março, nas comunidades Santa Luzia e Boa Esperança, que ficam localizadas na Zona Rural da cidade. O local fica no limite entre Itacoatiara e Nova Olinda do Norte e o acesso fluvial dura mais de 45 minutos. Devido à subida das águas do Rio Madeira, as comunidades ficaram isoladas.
De acordo com o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Bernardino Albuquerque, a suspeita é de que o grupo de moradores doente tenha ingerido água contaminada por dejetos da cheia. Albuquerque explicou o órgão foi comunicado do surto somente na sexta-feira (21) e que o "tipo de diarreia não é grave".
Equipes de médicos, enfermeiros e bioquímicos da Secretaria Municipal de Nova Olinda realizam atendimentos às pessoas doentes nas próprias comunidades devido às dificuldades de deslocamento até à sede o município. A FVS-AM e a Secretaria de Estado da Saúde (Susam) enviaram equipes no domingo (23) para acompanhar a situação.
"Há medicação e hipoclorito de sódio a disposição dos moradores. Além disso, a prefeitura tem oferecido água mineral para a população, evitando que a água das comunidades não seja ingerida até que seja detectado a causa do surto. Ainda não houve necessidade de transferência de pacientes para sede do município ou para Manaus. Essa diarreia não é grave, pois não determina desidratação grave", esclareceu o diretor-presidente da FVS.
Amostras de água foram coletadas para identificar a causa da contaminação, que tem afetado principalmente crianças. "Possivelmente, o surto está associado à questão da qualidade da água. Se é um vírus ou bactéria só será possível saber com os resultados das análises do material coletado, que será analisado no laboratório central em Manaus. A análise apontará se é um agente viral ou bacteriano", explicou Bernardino Albuquerque.
Alerta
No último dia 14, a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas emitiu alertas aos municípios afetados pela cheia dos rios no Amazonas sobre o risco de contágio de doenças devido aos alagamentos. A FVS informou que intensificou o monitoramento às doenças de veiculação hídrica associadas às enchentes, como é o caso da Hepatite, Leptospirose e doenças diarreicas, bem como o aumento do risco com animais peçonhentos.
Segundo a FVS, o trabalho já está sendo feito nos municípios de Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda do Norte, Guajará, Ipixuna, Envira, Boca do Acre, Pauini, Canutama, Lábrea, Apuí. As ações são coordenadas pelo Grupo Técnico Operacional de Vigilância em Saúde da Fundação.