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NOTÍCIA

Abate prejudicado em MT

Conforme Acrimat, condições das estradas impedem embarques dos animais. Atoleiros e pontes interditadas são comuns no interior

Data: Quinta-feira, 27/02/2014 00:00
Fonte: Diário de Cuiabá/ MARIANNA PERES Da Editoria

 


Caminhões carregados com animais estão ficando atolados no interior

As chuvas intensas e continuas sobre o Estado não estão trazendo transtornos e perdas financeiras apenas para os agricultores. Os pecuaristas também reclamam do momento e dos prejuízos que começam a ser contabilizados. As precipitações agravam ainda mais os problemas de infraestrutura de Mato Grosso e estão arrefecendo justamente os efeitos da valorização da arroba. Caminhões carregados com animais para abater estão ficando atolados e os prejuízos afetam tanto os produtores quanto as indústrias e num cenário mais crítico atingir o consumidor pela elevação de preços dos cortes e até da escassez.


 

Conforme a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), a estação chuvosa e consequentemente os problemas que decorrem dela, no Estado, começam a prejudicar o que seria um bom momento para a pecuária de corte devido à valorização da arroba nos últimos meses. As regiões norte e noroeste do Estado são as mais afetadas pela falta de manutenção nas vias que ligam os municípios.


 

Em Juara (709 quilômetros ao norte de Cuiabá) o problema maior está na estrada que liga o município ao distrito de Paranorte (MT 338), onde está localizado grande parte do rebanho da região. De acordo com o diretor de relações públicas da Acrimat, Luís Fernando Conte, os caminhões, quando não atolam, estão gastando cerca de 10 horas para percorrer o trecho de 140 quilômetros entre as duas localidades. “Este era um momento em que o pecuarista poderia estar aproveitando para se capitalizar devido à valorização da arroba, mas com as atuais condições das estradas, muitas vezes não é possível nem entregar o gado”.


 

Em Colniza (a 1.065 quilômetros ao noroeste do Estado) uma das principais pontes de acesso ao Município caiu na última quarta-feira, isolando a cidade. O vice-presidente da Acrimat e produtor, Jorge Basílio, explica que os produtores da região estão preocupados com a situação, tanto com relação ao abastecimento, quanto ao escoamento da safra e dos animais. “Aqui ao redor de Juína as condições são melhores, mas em Colniza, Aripuanã, Juruena a situação é delicada. Os caminhões estão ficando parados no caminho e isso reflete em perdas aos produtores e à população”, destaca ao comentar perdas no rendimento de carcaça dos animais. A perda no peso ocorre porque os animais estão ficando mais tempo do que o ideal na estrada. A viagem mais longa e em condições precárias estressa ainda mais os animais e pode levar cabeças a morte.


 

Apesar do problema acentuado, Basílio confirma que nas principais vias da região noroeste houve um trabalho de manutenção, mas que não foi o suficiente para tolerar o grande volume de água. “O governo estadual fez uma ação pontual, mas precisamos mesmo de manutenção. Aqui, praticamente todas as vias são de terra e chega esta época de chuvas, com o fluxo intenso de caminhões, ficam praticamente intransitáveis”.


 

MERCADO – Em sua análise semanal, o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), destaca que a arroba do boi gordo terminou a semana passada cotada a R$ 100,69, sendo a maior média semanal da série histórica do Imea, para o Estado. Em relação à média semanal anterior, que foi de R$ 99,67, o preço do boi gordo apresentou uma valorização de 1,03%. A arroba da vaca gorda também obteve preços valorizados em relação à média da última cotação, partindo de R$ 92,11 para R$ 93,41, valorização de 1,41%.


 

Sobre o atual cenário de oferta e demanda, os analistas de pecuária do Imea observam que a oferta de bovinos terminados à indústria frigorífica mato-grossense não vai muito bem, mesmo com a "fome" por carne bovina maior. “Pelo lado da oferta os relatos são constantes de que não se compram boiadas com facilidade, seja por não existir esses animais, seja pela precariedade das estradas, o que dificulta a retirada das boiadas do pasto”.


 

A INDÚSTRIA - O superintendente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT), Jovenino Borges, revela que as plantas estão com dificuldades para fechar escala de abate por causa dos problemas causados nas vias de escoamento. “Na região de Nova Monte Verde, Juína, Juara a situação está complicada. Os frigoríficos estão cogitando trazer animais de outros estados porque as fazendas não estão conseguindo embarcar os animais”. De acordo com Jovenino, a escala está cada vez mais curta porque não há oferta.