Maior documentarista em um século de história do cinema brasileiro, Eduardo Coutinho foiassassinado a facadas na manhã deste domingo, em casa, no Rio, aos 80 anos, pelo próprio filho, Daniel, de 41.
Com duas facas de cozinha, ele atacou também a mãe, Maria das Dores, de 62, internada em estado grave com duas facadas no peito e três na barriga, que provocaram uma lesão no fígado.
Daniel, segundo amigos da família, tem problemas mentais, faz uso de remédios controlados e é dependente de drogas. Depois de esfaquear os pais, com quem vivia num apartamento na Lagoa, ele tentou se suicidar com duas facadas na barriga e está hospitalizado, sob custódia da polícia; seu quadro é estável.
O outro filho do casal, Pedro, promotor de Justiça em Petrópolis, na Região Serrana do Rio, foi acionado pela mãe, que conseguiu se desvencilhar de Daniel e se trancou num cômodo. De acordo com o delegado Rivaldo Barbosa, diretor da Divisão de Homicídios, que investiga o caso, Daniel, após esfaquear o pai, bateu na porta de vizinhos e disse: “Libertei o meu pai, tentei libertar minha mãe, tentei me libertar, mas não consegui”.
Em seguida, voltou para o apartamento e se trancou. Depois, abriu a porta para a entrada dos bombeiros. O pai já estava morto. “Provavelmente ele estava em surto psicótico”, acredita o delegado.
Amigos de Coutinho ouvidos pelo Estado contaram que Daniel tinha comportamento hostil, mas nenhum soube dizer se ele já havia agredido os pais.
“Coutinho o colocava na equipe, levava para as filmagens, tentava ajudar, mas sempre dava confusão. Ele tem problemas mentais, usava drogas. Coutinho sofria com essa situação”, disse a produtora Vera de Paula.
Produtor de Cabra Marcado para Morrer, obra-prima de Coutinho, o cineasta Zelito Viana, marido de Vera, falou ao telefone com ele semana passada, e nada lhe pareceu anormal. “Estou chocado com a violência. O que sei é que Daniel tomava muito remédio”, revelou.
“Coutinho estava empolgado com o lançamento em DVD da cópia restaurada de Cabra. Ele voltou a filmar no mesmo local e incluiria isso como extra do DVD.” O documentarista fumava muito e teve problemas de saúde por isso.
No entanto, estava recuperado e focado em dois projetos, contou o crítico José Carlos Avellar: o DVD de Cabra e um filme novo, que filmara no Rio e estava montando.