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NOTÍCIA

Arcanjo deve ser julgado por mais sete homicídios em MT

Ex-bicheiro também é acusado de sonegar R$ 800 milhões em impostos

Data: Segunda-feira, 28/10/2013 00:00
Fonte: MIDIAJUR

O ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, que foi condenado na quinta-feira (24) a 19 anos de prisão, por ter sido considerado o mandate da morte do empresário Sávio Brandão, fundador do jornal Folha do Estado, responde na Justiça pela morte de mais seis pessoas, além de uma tentativa de homicídio.



Em processo que tramita em Várzea Grande, ele é acusado de triplo assassinato. Leandro Gomes dos Santos, Celso Borges e Mauro Celso Ventura de Moraes foram mortos, no dia 15 de maio de 2001, por volta da 21 horas, porque furtaram R$ 500,00 de um recolhedor de apostas de jogo do bicho. 



O crime teria sido encomendado por Arcanjo.



Também pesa sobre o ex-bicheiro a acusação de ter mandado assassinar Rivelino Jacques Brunini e Fauze Rachid Jaudy. Os dois foram mortos em uma oficina mecânica em Cuiabá. 



A única vítima que sobreviveu foi Gisleno Fernandes. Com relação a Gisleno, Arcanjo responde por tentativa de homicídio.



O motivo dos crimes seria que as vítimas teriam afrontado os interesses da organização criminosa, da qual Arcanjo era acusado de ser o chefe, ao se associarem a um grupo do Rio de Janeiro e implantarem caça-níqueis em Mato Grosso. Os crimes ocorreram em junho de 2002. 


rcanjo também é acusado pelo assassinato do empresário Mauro Sérgio Manhoso, em outubro de 2000. O empresário foi executado com nove tiros de pistola, na Rua Barão de Melgaço, em Cuiabá.


Na denúncia, o Ministério Público aponta que o empresário foi morto porque pretendia explorar no Estado uma loteria do tipo “raspadinha”, o que iria de encontro aos negócios do ex-bicheiro.


Morte de ex-vereador



João Arcanjo também teria sido o mandante do homicídio praticado contra o ex-vereador de Várzea Grande, Valdir Pereira.



O homicídio ocorreu no dia 7 de agosto de 2002. Na denúncia do Ministério Público, o crime teria sido praticado por Célio Alves, Hércules Agostinho e José de Barros, agenciados por João Leite, a mando de João Arcanjo.



A vítima morreu na porta da casa em que morava, após ser abordada pelos acusados. Valdir Pereira recebeu diversos disparos de espingarda calibre 12.



O motivo do crime, conforme o MPE. seria a disputa por pontos de exploração de jogos de azar na Cidade Industrial.



Processos



No começo do ano, o advogado Zaid Arbid, responsável pela defesa de João Arcanjo Ribeiro, conseguiu suspender 16 processos nos quais o ex-bicheiro figura como réu, com acusações de peculato e lavagem de dinheiro.



Em maio do ano passado, conforme o MidiaJur antecipou, Zaid propôs uma questão de ordem no STJ, pedindo a suspensão, em sede liminar, das condenações contra seu cliente, que tiveram origem na Ação Penal nº 2003.36.00.008505-4.  



Nessa ação, Arcanjo foi condenado pela Justiça Federal a 11 anos de prisão, por operar instituição financeira sem autorização do Banco Central, formação de organização criminosa, manter depósito no exterior sem conhecimento de autoridades brasileiras e lavagem de dinheiro. 



A sustentação da defesa é que Arcanjo teve seu pedido de extradição, no que diz respeito a essa ação penal, negado porque os fatos tipificados na ação não seriam considerados crimes no Uruguai, onde ele foi preso, em 2006. 



Pelo acordo entre Brasil e Uruguai, Arcanjo só poderia ser julgado pelos crimes contidos no pedido do Governo brasileiro. 


O pedido feito continha apenas os processos que Arcanjo respondia na Justiça Federal, mas poderia ser complementado em até seis anos, prazo que expirou em abril do ano passado. 


Por este motivo, foram suspensos todos os processos que ele responde por crimes cometidos antes de 2005. 


Crime organizado 


João Arcanjo Ribeiro foi extraditado do Uruguai para o Brasil no dia 11 de março de 2006, após um acordo de extradição entre os dois países. 


Em dezembro do mesmo ano, foi condenado a 37 anos de prisão por formação de organização criminosa, crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. 


Arcanjo foi recolhido, em 2007, para a  Penitenciária de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). 


A transferência para o Estado vizinho se deu após a Operação Arrego, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual, comprovar que o ex-Comendador continuava liderando o jogo do bicho, de dentro da Penitenciária Central de Mato Grosso, no bairro Pascoal Ramos, em Cuiabá. 
 

Arcanjo, ex-policial civil, era o líder do crime organizado em Mato Grosso. O título de "Comendador" foi recebido por concessão da Câmara de Vereadores de Cuiabá. 


Ele foi acusado de ser o principal bicheiro de Mato Grosso, de ter sonegado mais de R$ 840 milhões em impostos além de ser mandante do assassinato do empresário Domingos Sávio Brandão de Lima Júnior.