Após anunciar mais de uma vez que tinha esgotado as possibilidades de acordo, e a despeito das declarações do governador Silval Barbosa de que não negocia com grevistas, o estado recuou e deve se reunir com o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) na manhã desta quinta-feira (10), na Secretaria de Educação (Seduc-MT), para tentar colocar fim à paralisação, que chegou aos 60 dias.
O presidente do Sintep-MT, Henrique Lopes do Nascimento afirma que, se o estado não fizer nova proposta para a categoria, a diretoria do sindicato não vai colocar em discussão o encerramento da greve durante a assembleia, porque afirma que não há elementos que justifiquem isso.
A categoria, que pede que o salário seja dobrado em 7 anos, a partir deste ano, recusou proposta do governo que previa reajuste de 100% em até dez anos, com início em 2014. O mesmo acordo foi apresentado duas vezes, mas os trabalhadores não aceitaram receber aumento a partir do próximo ano. Nascimento disse que, desde a última recusa, não foi apresentada mais nenhuma alternativa por parte do estado.
“Eu penso que falta habilidade por parte do governador Silval Barbosa para tratar dessa questão da greve, que é muito natural no serviço público. Ele não pode assumir a função de chefe de estado e simplesmente se trancar numa sala e dizer que não negocia”, criticou o sindicalista.
Com piso salarial de R$ 1.566,64, pouco mais de R$ 1 a mais que o nacional, que é de R$ 1.565,61, os grevistas querem também que o estado pague a hora-atividade dos professores contratados. Eles rejeitaram proposta do governo de realizar esse pagamento em três parcelas, sendo uma por ano, porque consideram que o valor deve ser pago de uma só vez.
Em meio às dificuldades de chegar a um acordo com a categoria, o estado anunciou o corte de ponto daqueles que insistirem na greve e avisou não iria elaborar nova proposta para ser apresentada aos profissionais da educação. O governo tentou ainda a via judicial e conseguiu duas liminares - dos desembargadores Marcos Machado e Maria Erotides Baranjak - determinando que os grevistas retornassem aos trabalhos, mas nenhuma decisão foi cumprida.
Nesse ínterim, o então secretário de Educação Ságuas Moraes, que conduziu as negociações com o sindicato, deixou a pasta para assumir uma cadeira na Câmara dos Deputados, em Brasília. No lugar dele, assumiu a pasta Rosa Neide Sandes, que já foi secretária e secretária-adjunta da Seduc-MT.
Mato Grosso tem 39 mil trabalhadores da educação em 744 escolas estaduais, e 430 mil alunos. De acordo com a Seduc-MT, 302 unidades escolares, entre as que não aderiram ao movimento e as que entraram em greve, estão funcionando normalmente, o que representa 40% do total. O Sintep, entretanto, afirma que esse número é menor e que a paralisação atinge 80% das escolas.
O ano letivo de 2013 vai ter finalizado somente em 2014.
Revindicações
Os trabalhadores pedem também melhorias nas escolas e o cumprimento do que determina a constituição estadual em relação ao repasse do orçamento do estado à educação, que deveria ser de 35%.