Mais de 400 brasileiros que haviam planejado estudar na Irlanda este ano foram abandonadas por uma empresa especializada em intercâmbio que fechou as portas sem deixar vestígios esta semana. A BFA Intercâmbio, que tem sede em Dublin e lojas em cinco cidades do Brasil, dispensou os 40 funcionários que trabalhavam na matriz e deixou os clientes sem informações.
A empresa pertence ao brasileiro Márcio Chaves, desde 2006. Ele foi procurado pela reportagem, mas não foi encontrado para comentar o assunto. Segundo ex-funcionários, ele mora atualmente na Espanha e a empresa vivia um momento financeiro delicado por conta da crise na Europa.
"A empresa já teve 110 funcionários e atravessava um momento complicado com uma dívida de alguns milhões. Agora há salários atrasados, funcionários sem receber e clientes prejudicados", disse Danniel Oliveira, diretor comercial da agência de intercâmbio. Segundo ele, o dono da agência se restringiu em "mandar um e-mail" pedindo desculpas para os funcionários, mas não disse o que será feito daqui para a frente.
Segundo Oliveira, a crise acarretará problemas tanto na Justiça brasileira, por conta das agência que venderam os pacotes no país, quanto na irlandesa, onde a BFA Intercâmbio está registrada oficialmente. O diretor comercial, no entanto, não soube dizer se as pessoas que já pagaram os cursos receberão o dinheiro de volta ou poderão embarcar para o país.
"Orientamos os representantes comerciais para que eles não vendessem mais pacotes de viagem até que a situação seja resolvida", disse.
O jornalista Ricardo Ortiz, 24, foi um dos clientes lesados pelo fechamento da empresa. Ele gastou R$ 9 mil entre acomodação, curso de inglês e seguro obrigatório.
Ortiz deixou o emprego, vendeu o carro para conseguir viajar. "Juntei o dinheiro e paguei tudo a vista. Agora estou sem rumo e cheio de dúvidas. Como eu vou? Onde vou ficar? Agora é esperar", disse.
O jornalista estava com a passagem marcada para Dublin para o dia 05 de outubro. Ele afirmou que vai acionar a Justiça para tentar solucionar o caso, mas se disse descrente na recuperação do dinheiro investido. "Fiquei sem nada e a chance de recuperar é difícil", afirmou.
O Procon orienta a todos buscar o máximo de referências que puder sobre a agência de intercâmbio escolhida. Vale consulta a conhecidos, em redes sociais, em sites de relações de consumo. É importante checar se a agência é especializada nesse tipo de serviço, se possui registro ou se tem endereço fixo.