O Nordeste sofreu o terceiro apagão de energia elétrica em menos de um ano. Todos os estados da região foram afetados pela pane. Além do trânsito descontrolado nas capitais e da falta de informações, o serviço de telefonia foi prejudicado. Às 14h58min de ontem, segundo informações do Operador Nacional do Sistema (ONS), ocorreu o primeiro desligamento. Minutos depois, a transmissão foi novamente cortada.
Há exatos 341 dias, um problema na subestação de Imperatriz (MA) deixou 11 estados das regiões Norte e Nordeste, mas não o Ceará, sem fornecimento de energia elétrica. Já em outubro do ano passado, 35 dias depois, outra queda de energia atingiu as regiões, com 12 estados afetados.
O ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que a falha no fornecimento ocorrida ontem foi provocada por uma queimada numa fazenda de Canto do Buriti (PI). Nesse incidente, duas linhas de transmissão foram afetadas - uma da espanhola Isolux e outra da Taesa, controlada pela Cemig, empresa que atua em 22 estados brasileiros.
Conforme Lobão, o sistema foi restabelecido em seguida. Mas caiu, novamente, afetando uma linha que interliga o resto do País ao Nordeste. Apesar da dificuldade, o ministro garantiu que o sistema elétrico brasileiro “é forte e não existe fragilidade no sistema. Isso acontece no Brasil, nos EUA e em outros lugares”, disse, afirmando que a queda no fornecimento atingiu 10,9 mil megawatts.
No Ceará, o fornecimento foi totalmente restabelecido às 18h05min, segundo informou em nota a Companhia Energética do Ceará (Coelce). Fortaleza foi a segunda capital do Nordeste a ter a oferta de energia elétrica regularizada, por volta das 16 horas.
Queimadas
O consultor de energia da Federação das Indústrias do Ceará (Fiec), Jurandir Picanço, afirma que as queimadas são conhecidas causas de defeito na transmissão. No entanto, alerta que o sistema é composto por proteções que eliminam somente a linha defeituosa, e não todo o sistema.
“A proteção deve ser capaz de eliminar somente o que está diretamente ligado ao defeito. Não é, praticamente, para ser sentido nenhum problema, porque esse sistema de transmissão é todo feito para operar com um equipamento a menos, sempre existe uma reserva”, analisa. Os sensores responsáveis pela proteção dos sistemas elétricos são chamados de relé. “Um sistema de proteção adequado elimina somente os equipamentos defeituosos e não derruba o sistema todo”, reitera o especialista. (Com as agências / Colaborou Andreh Jonathas)