ARIPUANÃ, Sexta-feira, 29/03/2024 -

NOTÍCIA

Fiscais do Ibama queimam trator e ainda posam para a fotografia

Data: Segunda-feira, 29/07/2013 00:00
Fonte: RDnews/ Romilson Dourado

Madeireiros do Nortão de Mato Grosso, de municípios como Marcelândia, Feliz Natal e Cotriguaçu, e aqueles que moram no Sul do Pará, especialmente em Trairão e em Castelo dos Sonhos, distrito de Altamira, estão revoltados com o que chamam de desrespeito, truculência e abuso de poder de polícia por parte de alguns fiscais do Ibama. Em constantes operações para combater crimes ambientais no Sul do Pará e em solo mato-grossense, fiscais demonstram tamanho deboche e arbitrariedade que queimam bens utilizados por madeireiros, como tratores, caminhões, retroescavadeiras hidráulicas usadas em garimpos ilegais e para retirar madeira irregular, e ainda posam para fotografia com eles próprios na cena do crime.

 

Se de uma lado há madeireiros predadores que fazem desmate e exploram garimpo de forma ilegal, existem também fiscais que estariam agindo com chantagens, ameaças e abuso de autoridade. As fotos reproduzidas acima e abaixo deste texto, divulgadas em um site de Novo Progresso e em um blog de Santarém, seriam de agentes do instituto na operação Hileia Pátria, feita no mês passado, para combater desmatamentos irregulares e outros crimes ambientais na região.

 

Mas o Ibama paraense assegura que, em verdade, tratam-se de imagens de fiscalizações de 2012, durante a operação Soberania Nacional, nos municípios de Nova Mamoré e União Bandeirante, em Rondônia. O trator estava envolvido em extração ilegal de madeira, já havia sido apreendido outras 2 vezes pelo Ibama e fora sabotado pelo infrator para não ser retirado do local. O Ibama garante que a destruição do trator "foi legal e atende ao exigido no artigo 101, inciso V, do Decreto Federal 6514/2008". Afirma, de todo modo, que abriu sindicância para avaliar a conduta de funcionários do órgão na operação, especialmente no caso das imagens em cenas de deboche. Esse procedimento é questionado quando se age com truculência e desrepeito. Leva os fiscais a perderem a razão. É como se a polícia, além de tentar prender um traficante, também destruísse a casa deste. O correto seria fazer apreensão, catalogar como patrimônio e levar esses bens a leilão.

 

O clima é tenso entre madeireiros e garimpeiros contra policiais e fiscais. Em Mato Grosso, fiscais da secretaria de Meio Ambiente poderiam fazer esse trabalho, mas se omitem ou alegam falta de estrutura para entrar em regiões críticas, onde há índices elevados de desmatamento ilegal. O Ibama, por sua vez, desenvolve operações rotineiras e quase sempre enfrenta barreiras, com madeireiros fazendo bloqueios de rodovias, como na BR-163 (Cuiabá-Santarém). Esse impasse que se estende há décadas, marcado por destruição da natureza e morte de pessoas, parece sem perspectiva de um final feliz.