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NOTÍCIA

"Chegamos a um impasse", diz Taylor sobre quase término do Hanson

Trio que ficou popular entre crianças e adolescentes na década de 1990 faz show na cidade de São Paulo neste domingo, no Credicard Hall

Data: Domingo, 21/07/2013 00:00
Fonte: TERRA

É difícil acreditar, mas já faz quase 20 anos que os hits adolescentes Mmmbop e Where´s the Love estouraram nas rádios e tornaram os irmãos Hanson um dos maiores fenômenos da música teen da da década de 1990. Mais inverossímil ainda, se baseado na realidade de grande parte dos grupos de músicos na faixa etária dos norte-americanos de Tulsa, soa o fato de Taylor, Isaac e Zac seguirem na ativa, com disco novo, turnê mundial e tudo o mais. Mas é verdade e eles mostram as novidades, parte da divulgação do álbum Anthem, lançado no mês passado, em uma rápida passagem pelo Brasil, iniciada com show no sábado (19), no Rio de Janeiro, e com término neste domingo (21), no Credicard Hall, em São Paulo. 

 

Mas a longevidade da banda em família chegou próxima de ser freada no ano passado, depois das celebrações de seus 20 anos de carreira. "Trabalhamos praticamente sem parar por um longo tempo e nunca houve uma pausa de fato. Acho que chegamos a um impasse", diz em entrevista ao Terra o frontman do trio, Taylor, mais lembrado pela maioria pelos cabelos lisos nos ombros e rosto de menino do que pelo profissional de 30 anos, casado há mais de uma década e hoje pai de cinco crianças. "Nós estávamos tendo problemas em nos comunicar, em estabelecer os mesmos objetivos. Éramos pessoas diferentes dizendo coisas diferentes e chegamos à conclusão de que precisávamos parar, de que não conseguiríamos fazer o disco. Nós não falamos com todas as letras 'estamos terminando', mas sentimos que precisávamos repensar o que viria em seguida, ter a certeza de que realmente ainda tínhamos a paixão e a determinação para continuar."


A pausa durante quase todo o verão de 2012 foi providencial. Ao retornarem das férias, os irmãos perceberam que, em vez de seguir com as brigas, precisavam, sim, resolvê-las, pois a vontade de darem continuidade à carreira superava todo o resto. Tal atitude é definida por Taylor como a principal característica para definir a longevidade do grupo, que já vendeu mais de 16 milhões de discos. "Não é evitando os problemas que se resolve as coisas, até porque temos, sim, conflitos enormes, ficamos bravos uns com os outros, discordamos em decisões sérias. Mas, de alguma forma, conseguimos nos resolver. E acho que isso só aconteceu porque todos nós ainda queriamos fazer música."

 

A convivência constante não se limita a estúdios e à estrada. Cansados dos mandos e desmandos das grandes gravadoras, "que colocavam a música em segundo plano", desde 2003 os irmãos de Oklahoma comandam juntos o 3CG, selo independente que criaram para dar continuidade à carreira sem intromissões. "Mas acho que no nosso caso ser irmãos tem sido uma coisa boa, porque somos muito comprometidos um com o outro de uma forma diferente", explica Taylor, que exalta as vantagens de ser dono do próprio negócio.

 

"Quando começamos a gravadora, tinha muita gente na indústria - sabe, os amigos músicos - olhando para nós e dizendo, 'uau, o que vocês estão fazendo? Por que tomaram essa decisão?'. Mas para nós não foi sobre tomar uma atitude, mas, sim, uma decisão difícil, porque vimos que todas as gravadoras tinham o mesmo pensamento pequeno de só pensar no próximo segundo, mas nunca à frente", diz ele. "Ser independente é algo que gera muita pressão. A responsabilidade pesa muito mais, pode ser muito estressante e causar conflitos e frustrações. Mas eu prefiro ter esse estresse do que ficar me sentindo à mercê de uma indústria que não está interessada em construir carreiras." 


A longevidade do Hanson não chama a atençãoapenas pelo fato de ter conseguido construir um estilo próprio depois dos hits piegas da adolescência ou de ainda manter uma sólida base de fãs pelo mundo, boa parte composta por pessoas que cresceram junto com os músicos. Artistas que começam a carreira muito precocemente não raro acabam se envolvendo de forma pesada com substâncias que acabam arruinando seus futuros no mercado. Exemplos não faltam - de Macaulay Culkin a Lindsay Lohan, de Britney Spears ao ex-Polegar Rafael Ilha. Por alguma razão, no entanto, Taylor e seus irmãos nunca foram alvos de notícias do tipo. Nem daquelas que apenas mostram fotos de uso recreativo.

 

"É claro que experimentamos todos os tipos de coisas. Somos caras, saímos com amigos, tomamos muitos drinks e todos fizemos coisas que agradecemos por ninguém ter visto", diverte-se o músico, desde 2013 também dono de sua própria cerveja, a Mmmhop, lançada com os irmãos. "Mas também crescemos com um certo senso de auto-respeito, de que a integridade importa. Somos como muitas pessoas que fizeram algumas coisas mas nunca deixaram o excesso tomar o controle. E acho que isso é tudo. Com o rock, com o sucesso, há tantas pessoas à sua volta e tanta coisa caindo no seu colo que é muito fácil se perder. Mas sempre foi importante para nós manter um equilíbrio. E, honestamente, principalmente por nunca termos levado a sério o que fazemos, também nunca nos deixamos abusar, até porque sabemos que as coisas sempre estarão lá da próxima vez", explica. 

 

"Vejo a gente mais como o tipo de cara com quem você realmente tomaria uma cerveja em um bar, não como o desagradável astro do rock que tem que ter tudo ao redor dele, com pessoas o idolatrando e com um comportamento excessivo e ridículo."