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NOTÍCIA

Cenário político de MT em 2014 aponta para consolidação de novos líderes e releitura de alianças

Dois dos principais atores do cenário político de Mato Grosso para 2014, os senadores Pedro Taques (PDT) e Blairo Maggi (PR)

Data: Sexta-feira, 19/07/2013 00:00
Fonte: Ronaldo Pacheco/ Olhar Direto

O velho adágio popular de que “o uso do cachimbo faz a boca torta”, se aplica ao costume do eleitorado de Mato Grosso e, por extensão, do Brasil de sempre colocar os nomes a serem avaliados, nas urnas, acima dos partidos e das propostas. Deveria ser o inverso, mas não é.



A avaliação do cientista político Jeverson Missias de Oliveira feita para a reportagem do Olhar Direto é clara: os nomes – ao invés dos projetos ou das teses dos partidos – vão prevalecer, novamente, nas eleições de 2014. Tanto é que, na leitura dele, a única aliança praticamente certa é do PMDB com o PT, repetindo em Mato Grosso o que irá repetir no plano nacional.


E pelo fato de centrar em nomes, os que despontam são dos senadores Pedro Taques (PDT) e Blairo Maggi (PR), além das postulações alternativas, como o deputado federal Carlos Bezerra (PMDB), o juiz federal Julier Sebastião da Silva e até mesmo Mauro César Lara de Barros, o procurador Mauro (PSOL). 



As principais dúvidas, a menos de um ano e meio para as eleições majoritárias e proporcionais, estão na ausência de nomes dispostos a concorrer. Entre os partidos, de certa forma, os ânimos se acirram e um novo cenário de alianças político-partidário começa a se redesenhar no âmbito regional, colocando as maiores forças políticas (PMDB, PR, PSD, DEM e PT) em diferentes articulações.



O governador Silval Barbosa (PMDB) deixou implícito, nos últimos pronunciamentos públicos, que sua intenção é concluir o mandato e demitir de seu staff, em dezembro, os secretários que desejam ser candidatos. Se sair em abril de 2014, o que até agora é uma incógnita, a tendência é de que Silval deva disputar mandato ao Senado.



Desta forma, como o PT terá foco na reeleição de Dilma Rousseff à Presidência, terá de aceitar os caprichos dos aliados, em nível estadual, nos arranjos para 2014. E, ao que tudo indica, vai reforçar ainda mais o seus laços com o PMDB. Jeverson Missias crê que muito pode se esperar, porque o cenário ainda é incerto, tanto no âmbito nacional como no regional. 



A simples reavaliação de Maggi sobre ser ou não candidato dá uma nova dinâmica ao processo sucessório na política mato-grossense, porque é sintomática sua ação, percorrendo o Estado. Maggi saiu da gestão de dois mandatos consecutivos com elevada avaliação administrativa, tanto que foi decisivo na vitória apertada de Silval Barbosa sobre o então opositor Mauro Mendes (PSB), hoje prefeito de Cuiabá. 



E, no mesmo pleito, Maggi se elegeu senador e quebrou a chamada ‘praga da lavadeira’, supostamente criada nos bastidores do Palácio Paiaguás, na qual rezava que nenhum governador seria eleito senador, no ano em que deixasse o governo. Nem o ex-governador Dante de Oliveira, com toda sua grandeza, obteve vitória em tal intento. Apenas Maggi conseguiu.

Faltando menos de três meses para o fim do prazo das filiações partidárias aos candidatos que pretendem disputar as eleições 2014, o cenário fica cada vez mais confuso em Mato Grosso, porque os principais atores – Blairo Maggi e Pedro Taques – não se assumem. E, com isso, ‘embolam’ ainda mais a disputa majoritária ou na proporcional. 



E isso vai reforçando a quase certeza de que a disputa será no mesmo molde da eleição passada – com dois nomes polarizados ao Palácio Paiaguás, já que a possibilidade de alteração por conta da reforma política foi descartada. Talvez seja por isso que os líderes do Estado façam das tripas ao coração para aguardar o desfecho do cenário nacional, para, então, retomar as movimentações locais. 



Aparentemente, três grupos podem disputar a eleição ao governo de Mato Grosso: Maggi e Taques, já praticamente certos, e um terceiro nome de peso. A perspectiva é de que a ‘terceira’ seja o presidente afastado da Assembleia Legislativa, deputado José Geraldo Riva (PSD). Ou quem sabe o vice-governador Chico Daltro (PSD), em caso de renúncia de Silval.



Há ainda a intenção do PMDB de lançar uma candidatura própria ao governo. As manifestações nos encontros regionais são em favor de uma chapa própria peemedebista, tendo o Partido dos Trabalhadores como coadjuvante. Isso pode criar um palanque majoritário para Dilma Rousseff no Estado e mexe ainda mais com o cenário. 



Nesse contexto, as lideranças que pretendem disputar a eleição proporcional estariam esperando uma definição do campo majoritário para buscar uma melhor acomodação nas alianças que serão postas, seja para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso ou Câmara dos Deputados.



O problema é que há uma expectativa de um número muito grande de candidatos tanto para a Assembleia Legislativa quanto para a Câmara Federal, sob risco de prevalecer o poderio econômico. Essa tendência complica ainda mais as articulações, já que há preocupação com o peso das chapas a serem construídas. 



Para a Câmara Federal, existe um cenário inusitado: dos oito deputados, apenas três devem disputar a reeleição. Estão no páreo os deputados federais Eliene Lima (PSD), Nilson Leitão (PSDB) e Carlos Bezerra (PMDB). É certo que os deputados federais Júlio Campos (DEM) e Homero Pereira (PSD) vão pendurar as chuteiras. Cassado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Pedro Henry Neto (PP) volta à clínica médica, no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá.



Welligton Fagunes (PR) trabalha para disputar uma cadeira no Senado, tal qual seu colega Valtenir Pereira (PSB). Ambos controlam as executivas estaduais dos seus partidos.



Enquanto isso, líderes de diferentes matizes que pretendem mudar de partido aguardam a definição do quadro. Mas a possibilidade de até o fim do prazo este cenário estar mais consistente, esbarra na dificuldade trazida com as mobilizações populares, que mudaram a agenda de discussão, assim como afetaram o prestígio político dos captadores de votos. “Daí o cuidado na escolha dos partidos que vão abrigar as lideranças”, pontua Jeverson Missias.