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NOTÍCIA

por Joel Mesquita "Democracia"

Data: Sábado, 13/07/2013 00:00
Fonte: (*) Joel Mesquita – Cientista Social, professor e Escrivão de Polícia.

Numa definição dada por Alain Touraine, uma sociedade não é naturalmente democrática, mas torna-se democrática se a lei e os costumes vierem a corrigir a desigualdade dos recursos. Nessa perspectiva torna-se necessário para que a Democracia se concretize, que cada individuo seja reconhecido em sua particularidade.


A ideia democrática vai muito além de eleições livres matematicamente definidas por períodos, ou seja, eleições livres também conduzem tiranos ao poder. É preciso que a participação, do individuo na esfera pública vá além do ato de votar. Na perspectiva defendida por Touraine é preciso que cada pessoa, seja reconhecido em suas diferenças e criatividade. Essa autonomia individual, a capacidade criadora é fundamental para que os frutos de uma sociedade dita democrática se materializem.


Não se pode perder de vista a idéia de soberania popular, pois ela é vital em uma democracia. É perigoso ou até mesmo indesejável um Estado que faça tudo, que é senhor absoluto das ações que dizem respeito ao cotidiano do cidadão. Nesse sentido podemos devanear de forma silenciosa sobre Estados que outrora vivenciaram experiências totalitárias, tal qual a Alemanha de Adolfo Hitler. Felizmente são experiências, por hora, superadas no mundo ocidental. Toda sociedade é mutável e às vezes tais mutações são regressivas e conduz os cidadãos a prática da barbárie.


Hodiernamente, onde a diversidade cultural é fator presente em quase todas as sociedades, aceitar as diferenças e legitimá-las é fundamental para chegarmos a um estágio avançado da Democracia. Assim, o que podemos dizer é que os desafios estão aí e a cada momento, colocados à prova.


O Brasil tem vivido momentos de efervescentes debates e com intensas manifestações de indignação por parte do cidadão. Esses protestos são positivos e bem vindos, num contexto em que o governo que aí está não consegue resolver com maestria as problemáticas sociais da Nação. O povo tem ido às ruas para clamar por seus direitos de segurança, educação e transporte público. Esse clamor é louvável e deve ser entendido e aceito como sendo o evoluir e amadurecimento da democracia Brasileira.


É preciso que haja respostas razoáveis para as demandas dessa nova concepção de sociedade Democrática, que a cada dia floresce. Não cabe aos intelectuais de plantão ditar tendências, mas sim observar a dinâmica dessas mudanças e tentar compreendê-las à luz dos pilares da Democracia dos modernos.


Não legitimar componentes antidemocráticos é o mínimo que se pode esperar de uma sociedade dita moderna. Defender direitos das minorias e dar voz aos seus anseios é fundamental nesse contexto de transformações pelas quais o mundo passa.


Não é razoável legitimar a tirania da maioria, quando na verdade, essa supremacia da maioria também poderá se o resultado das manipulações dos meios de comunicação de massa dominantes. Nessa seara todo cuidado torna-se necessário, para que assim possamos expurgar de nosso mitie algumas celeumas autoritárias que insistem em florescer em pleno século XXI em solo brasileiro.


Ultimando é necessário que haja um tratamento de choque, no sentido de superar os problemas sociais que afligem o mitie das populações desfavorecidas desse país. É preciso reconhecer as desigualdades de oportunidades e conseqüentemente combatê-las, através de distribuição de riquezas, seja por meio de serviços públicos de qualidade e da promoção de uma cultura onde a educação seja cada vez mais legitimada como a formula transformadora das realidades indesejáveis em nosso cotidiano. Assim acreditamos que poderemos ensaiar dizer que de fato vivemos em uma sociedade plenamente Democrática.


(*) Joel Mesquita é Cientista Social.