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NOTÍCIA

Após incêndio em laboratório da UFMT, professor denuncia várias irregularidades

Data: Quinta-feira, 20/06/2013 00:00
Fonte: GD

O sucateamento e a falta de segurança nos laboratórios da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus Cuiabá são apontados pelo professor de microbiologia do curso de Medicina, Alexandre Paulo Machado, como os fatores responsáveis por um incêndio que começou num laboratório na tarde do último domingo (16) e atingiu outros 3 laboratórios deixando todos interditados e prejudicando a rotina de cerca de 120 alunos que utilizam o espaço.


Ele afirma que a universidade “tentou abafar” o fato, porque os prédios têm uma péssima infraestrutura que está sucateada, com fiações antigas que causam superaquecimento em toda rede elétrica. “Isso aqui é uma bomba relógio prestes a explodir. Esse incêndio foi só uma faísca, a ponta do iceberg”, afirma o funcionário público que atua há 7 anos na UFMT.


De acordo com o professor, o incêndio começou em uma tomada, no laboratório de parasitologia, mas afetou também os de microbiologia, imunologia e multiusual, que estão interditados. Este último é onde são realizadas as aulas práticas dos cursos da área de saúde. As pesquisas em andamento não foram danificadas porque o laboratório onde o incêndio começou fica em uma área mais isolada e as chamas foram contidas a tempo. “Os laboratórios estão todos interditados e os alunos estão sem utilizar o local, pois tem muita fuligem e gás tóxico nos laboratórios. Mas nós estamos trabalhando para restabelecer o funcionamento”, conta Machado.


Alexandre Machado explica que o incêndio começou na tarde do último  domingo (16) e o estrago só não foi maior porque havia pessoas próximas à área do prédio que logo avisaram os responsáveis pelos laboratórios e chamaram o Corpo de Bombeiros. “A sorte é que o incêndio aconteceu num fim de semana quando o local não era utilizado, agora imagine se fosse num dia de atividades no laboratório? Poderia resultar em pessoas feridas e até morte”, afirma o professor denunciando que o problema de infraestrutura sucateada atinge também outros prédios da universidade.


Ele denuncia, inclusive que os novos prédios em construção e aqueles entregues nos últimos anos também apresentam problemas como teto desabando, paredes com rachaduras. “São construções entregues, porém, com obras inacabadas”, diz ele citando como exemplo o prédio da Universidade Aberta do Brasil que foi entregue recentemente, mas apresenta diversos problemas como infiltrações, falta de escadas para incêndio e outros problemas. “O pior de tudo é a falta de segurança contra incêndio que existe em vários prédios.


Para se ter uma noção, não haviam sequer extintores em alguns locais e depois da tragédia de Santa Maria, nós cobramos a reitoria e alguns extintores foram instalados. Mas isso não é suficiente”, afirma o professor de microbiologia.


Ele garante que já está sofrendo represálias após denunciar o incêndio e a falta de segurança à mídia. “Antes eles ainda executavam alguns reparos, medidas paliativas com certa rapidez, agora essa demora aumento. Mas esse é meu dever, porque todos que utilizam esses laboratórios correm sério risco de serem pegos de surpresa por um incêndio sem ter condições ou tempo de evacuar o local a tempo”, alerta o professor.


Para ele, a estrutura dos prédios se tornaram obsoletas e a reitoria da UFMT nada tem feito para resolver os problemas. “São tomadas, fiação e quadros de energia de anos atrás, que ficam superaquecidos podendo originar um incêndio de grandes proporções a qualquer momento.


Os riscos, segundo ele, são potencializados devido a existência de produtos inflamáveis e vários equipamentos de pesquisa. “A universidade quer construir de forma imediata, mas sem se preocupar com aspectos funcionais, se segurança e paisagismo”, enfatiza o professor apontando que isso acontece por falta de planejamento ao pensar e executar uma obra. “Falta segurança e responsabilidade social por parte da UFMT”, acrescenta Machado.


Outro Lado :  A UFMT se posicionou sobre o fato por meio da seguinte nota:


Saiu no final da tarde desta terça-feira (18) a certidão de ocorrência do 1º Batalhão de Bombeiros Militar, sobre o incêndio ocorrido no domingo (16) na sala de esterilização do Laboratório de Parasitologia da Faculdade de Medicina (FM) da UFMT. De acordo com o documento, os bombeiros foram acionados pela Universidade às 16h12 de domingo.


Informa que “foram destruídos elementos construtivos e materiais laboratoriais diversos” e que “o fogo ficou confinado nesta área, não afetando outros ambientes”. A Prefeitura do Campus, em comum acordo com a Direção da Faculdade, vem tomando todas as providências desde segunda-feira cedo no sentido de restabelecer as condições do ambiente para a volta das atividades ao normal.


O incêndio resultou na perda de duas estufas que não estavam sendo utilizadas no momento, de uma divisória, uma pia e duas portas, informa o diretor da Faculdade, professor Antônio Amorim. O fogo iniciou por volta das 16h, e de imediato, a vigilância comunicou à Coordenação de Segurança da UFMT, que acionou o Corpo de Bombeiros, conta o prefeito do Campus, Paulino Simão de Barros. Ele esteve presente, acompanhou todo o procedimento e ressalta que “a ação dos bombeiros foi muito rápida e a corporação nos deu todo o apoio necessário”. A certidão do Corpo de Bombeiros atesta a presença do prefeito no local.


No momento do incêndio não havia pessoas no local, ninguém foi ferido e também não houve perdas de amostra biológica, diz a professora Bianca Galera, chefe do Departamento de Ciências Básicas e da Saúde (DCBS), ao qual está vinculado o laboratório utilizado para pesquisa. Amorim informa ainda que os extintores de incêndio funcionaram e a tubulação de gás e a parte elétrica foram desligados por orientação do Corpo de Bombeiros.


O fogo ficou circunscrito à sala onde iniciou. As demais instalações ao lado sofreram a infiltração de fumaça e foram molhadas para resfriamento. O andar abaixo do laboratório, onde ficam salas de professores e a administração da FM, sofreu a água lançada pelos bombeiros.