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NOTÍCIA

Ex-marido confessa ter matado juíza em MT por não aceitar separação

Segundo delegado, arma usada no crime seria para fazer segurança dela. Magistrada foi morta com dois tiros quando trabalhava em Fórum.

Data: Segunda-feira, 10/06/2013 00:00
Fonte: Pollyana Araújo Do G1 MT

O enfermeiro Evanderly de Oliveira Lima confessou nesta segunda-feira (10) ter matado a juíza Glauciane Chaves de Melo, de 42 anos, por não aceitar a separação, conforme informou o delegado João Ferreira Borges Filho, que investigou o crime. O suspeito se disse transtornado com o fato da magistrada estar supostamente com outra pessoa, mas negou ter ido ao Fórum de Alto Taquari, a 509 km de Cuiabá, na sexta-feira (7) exclusivamente na intenção de matá-la. A vítima foi morta com dois tiros na cabeça no gabinete onde trabalhava.


Os dois estavam separados desde dezembro do ano passado. "Ele contou que a separação foi amigável e que continuava tendo livre acesso à ex-mulher, porém, não aceitava essa separação", disse o delegado. O casal era de Belo Horizonte (MG) e se mudou para Alto Taquari após Glauciane tomar posse como juíza, há um ano.


Evanderly deve ser encaminhado para a Penitenciária Major Eldo Sá Corrêa, antigo presídio da Mata Grande, em Rondonópolis, a 218 km da capital. De acordo com o delegado, ele deve responder por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e sem condições de defesa para a vítima.


Ele contou à polícia que estava com a arma usada no crime desde que se mudou com a então mulher para Alto Taquari. "A arma seria usada para fazer a segurança da vítima", afirmou Borges Filho. O revólver calibre 38 foi encontrado pela polícia em um gramado na frente do Fórum após ter sido abandonado pelo suspeito, após o crime. A arma foi encaminhada para a perícia, mas, segundo a Polícia Civil, tudo indica que seja a arma usada para assassinar a magistrada.


A demora na localização do suspeito, que ocorreu três dias após o crime, embora ele tivesse fugido a pé, se deu pela camuflagem que ele usou durante a fuga. Segundo o delegado, o enfermeiro se cobria de folhas e andava à noite para evitar que os policiais o vissem. Aproximadamente 100 policiais civis e militares, sendo que alguns do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Grupo de Operações Especiais (GOE), ajudaram nas buscas.


Juíza Glauciane Chaves de Melo (Foto: Assessoria/TJMT)
Juíza Glauciane Chaves de Melo tinha se separado
do suspeito há cerca de seis meses
(Foto: Assessoria/TJMT)

"Ele estava camuflado embaixo do capim, estratégia de sobrevivência que aprendeu em um curso que fez, e como andava à noite demorou para ser encontrado", frisou o delegado. Quando foi encontrado, o suspeito estava cansado e com cãimbra. A polícia também seguiu as pegadas que ele havia deixado.


O capitão da PM Fernando Galindo, que coordenou a operação na mata, informou que o suspeito foi encontrado há aproximadamente 12 quilômetros do perímetro urbano de Alto Taquari e estava bastante debilitado. "Ele estava muito cansado e com cãimbra", disse. Evanderly estava sem nenhuma mala e com a roupa que tinha fugido na data do crime.


A família da juíza emitiu uma nota após a prisão do suspeito e agradeceu o empenho dos policiais e do presidente do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e do promotor do caso. "Agradecemos de forma especial o empenho de cada policial, que não se deixou abater diante das dificuldades da região, com sacrifício pessoal para o cumprimento da missão de busca e prisão do assassino da doutora Glauciane", diz trecho da nota.


Durante as investigações, de acordo com a Polícia Civil, testemunhas informaram que a magistrada vinha recebendo ameaças do ex-marido, porém, não havia registrado nenhuma queixa contra ele. "Ele não teria planejado matá-la, mas estava muito perturbado", disse o delegado João Ferreira Borges Filho, responsável por investigar a morte da juíza.