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NOTÍCIA

Preso com cheques da ALMT deve depor sobre desvio de verba do órgão

Homem flagrado com cheques em MG é uma das testemunhas. Juíza deve ouví-lo sobre suposto desvio de dinheiro por meio de factorings.

Data: Quinta-feira, 11/04/2013 00:00
Fonte: Pollyana Araújo Do G1 MT

A juíza Selma Rosane Santos Arruda, da Vara Especializada de Crime Organizado, Ordem Tributária, Econômica e Administração Pública, da Comarca de Cuiabá, intimou Alvimar de Araújo a prestar depoimento sobre o suposto desvio de verba da Assembleia Legislativa de Mato Grosso em 2002 por meio de factorings de propriedade do ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro, preso há quase 10 anos, conforme ação movida pelo Ministério Público Estadual (MPE). A testemunha foi presa na terça-feira (9) em Araxá (MG) com cerca de R$ 800 mil em dinheiro e cheques emitidos pela Assembleia, em 1996.


Na intimação, datada desta quarta-feira (11), a magistrada disse que, devido à detenção, a testemunha deveria ser ouvida por meio de carta precatória a ser expedida para a Comarca de Araxá. No entanto, o homem foi liberado após prestar depoimento à Polícia Federal de Uberaba (MG). Agora, deve ser agendada data para ele depor. Ele alegou que o dinheiro era proveniente da venda de gado e que tinha encontrado os três cheques, no valor de R$ 58 mil casa, assinados pelo ex e atual presidente da AL, José Riva, no estacionamento da Assembleia. A Polícia Civil de Minas disse que ele deverá responder pelo crime de lavagem de dinheiro.


Conforme a polícia, Alvimar, que foi detido durante uma operação de rotina da Polícia Rodoviária Federal (PRF), na BR-262, é investigado por supostamente se beneficiar de um esquema de empresas fantasmas para desviar dinheiro da Assembleia. Em uma mochila no porta-malas do carro que ele estava, a PRF encontrou R$ 790 mil, em notas de R$ 100; 50 mil euros, além dos cheques.


Por meio de nota, a assessoria de AL-MT informou que irá aguardar o resultado das investigações  para poder prestar maiores informações acerca dos cheques encontrados.


No processo sobre suposto desvio de recursos públicos, 10 figuram como réus, entre eles João Arcanjo Ribeiro, que encontra-se detido desde 2003, bem como ex-funcionários do órgão que eram responsáveis pelos departamentos de finanças e de patrimônio. Na época, o deputado José Riva e o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Humberto Bosaipo, ocupavam os cargos de presidente e primeiro-secretário da Assembleia.


Porém, Arcanjo não compareceu à audiência porque a defesa dele obteve uma decisão judicial suspendendo a participação do ex-bicheiro nesse processo. A alegação foi de que quando o estado pediu que o acusado fosse extraditado do Uruguai, onde ele foi preso, para o Brasil não mencionou que seria por causa dos processos que tramitam na esfera estadual.


Nesta quarta-feira, a magistrada ouviu algumas testemunhas e remarcou outros depoimentos para esta quinta-feira (11), às 13h30, e sexta-feira (12), às 9h30, no Forum da capital. Em fevereiro deste ano, a Justiça colheu depoimentos de quatro testemunhas de acusação. Um deles foi o de uma ex-comerciante que teve mais de R$ 500 mil em cheques falsificados e descontados pelo Legislativo.


O advogado de Humberto Bosaipo, Paulo Taques, informou que, na condição de conselheiro do TCE, o cliente responde aos processos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Disse ainda não ter apresentado nenhuma defesa do cliente em relação a essa acusação, mas alegou que não há provas de que os cheques teriam sido descontados para favorecer o ex-parlamentar.


Do mesmo modo, a defesa de José Riva alegou que o parlamentar é inocente das acusações de desvio de dinheiro da AL-MT, como denunciou o Ministério Público Estadual (MPE). "Esse é o momento de exercer o contraditório e ampla defesa e de demonstrar que a denúncia é improcedente porque o deputado não participou desses fatos e os fatos não ocorreram", alegou o advogado Valber Mello.