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NOTÍCIA

Gaeco confirma prisão de quatro acusados de esquema

Advogado Almar Busnello é um dos presos durante a Operação Assepsia

Data: Quarta-feira, 10/04/2013 00:00
Fonte: KATIANA PEREIRA/ MidiaNews

MidiaNews

 

O promotor Alnaldo Justino, que coordenou as investigações; no destaque, o advogado Almar Busnello


 

O Ministério Público Estadual, por meio do Gaeco (Grupo de Atuação contra o Crime Organizado), confirmou a prisão de quatro suspeitos de participação num esquema para tentar comprar decisão judicial para soltar supostos traficantes presos em Mato Grosso.



Já estão presos o advogado Almar Busnello, o servidor público Clodoaldo Souza Pimentel, o ex-estagiário de Direito, Marcelo Santana e Milton Rodrigues da Costa.



Adalberto Pagliuca Filho está foragido. Busnello está detido no Corpo de Bombeiros; Pimentel e Costa, na Penitenciária Central de Cuiabá; e Santana, na Polinter.



Segundo o promotor de Justiça Arnaldo Justino, que coordenou as investigações, a venda de sentença não foi concretizada por parte da quadrilha junto ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Mas a tentativa, por si só, já se configura em crime.



Propina de R$ 1 milhão

As investigações do Gaeco mostram que em meados de julho de 2012, Marcelo Santana ofereceu o valor de R$ 1 milhão ao assessor do juiz da Vara do Crime Organizado, José Arimatea, para que redigisse uma decisão reconhecendo excesso de prazo e submetesse ao Juiz.



Marcelo disse que era para o assessor examinar o processo e buscar a solução para libertar os presos. O ex-estagiário disse que retornaria a falar com o assessor sobre a proposta.



"O denunciado se referia ao processo nº 11140-05.2012.811.0042 originário da cidade de Porto Esperidião (326 km a Oeste de Cuiabá), em que figura como réus uma organização criminosa composta de mais de 50 traficantes, dentre eles a conhecida família de pecuaristas denominada Pagliucas", diz trecho da denúncia.



O Gaeco apurou que promessa de vantagem indevida ao servidor do Tribunal de Justiça partiu de dentro do presídio, feita por Adalberto Pagliuca Filho.



Adalberto Pagliuca Neto, Adalberto Pagliuca Filho, Regina Célia Pagliuca, Regis Aristide Pagliuca, Elaine Cristina Pagliuca Silva, Joelson Alves da Silva e Lori Gasparini, foram presos pela Polícia Federal, em novembro de 2011, durante a Operação Mahya.



Participação de advogado

O Gaeco aponta ainda no mês de julho, também na frente da Vara do Crime Organizado, o advogado Almar Busnello, também como intermediário da família Pagliuca ofereceu ao assessor do juiz a mesma quantia de R$ 1 milhão, para custear a resolução do processo, dizendo ao servidor “ver o que dava para fazer”, diz a denúncia do MPE.



Servidor do TJMT

O Gaeco apurou que em 30 de julho de 2012, no estacionamento do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, um servidor do Tribunal, o denunciado Clodoaldo Souza Pimentel, também assediou o assessor do juiz José Arimatea, para que o magistrado suscitasse conflito negativo de competência do processo de Porto Esperidião.



"Ofereceu à vítima o valor de R$ 1,5 milhões para que o ofendido como assessor de Juiz, redigisse uma decisão [...] com o intuito de enrolar o trâmite do processo possibilitando aos Pagliucas alegar excesso de prazo, visando decisão favorável do TJ, em Habeas Corpus"



Decisão polêmica

Os acusados da família Pagliuca foram soltos por meio de uma decisão do desembargador Manoel Ornéllas de Almeida, em 27 de janeiro passado.


Através de liminar, em um plantão dominical, o magistrado deu liberdade a Adalberto Pagliuca Neto, Adalberto Pagliuca Filho, Regina Célia Pagliuca, Regis Aristide Pagliuca, Elaine Cristina Pagliuca Silva, Joelson Alves da Silva e Lori Gasparini.



Durante entrevista coletiva, o promotor Justino afirmou que não há elementos que comprovem a possível participação de Manoel Ornelas no esquema de comércio ilegal de sentença.