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NOTÍCIA

Estudantes da UFMT vão processar policiais por agressão em manifestação de alunos

Data: Quinta-feira, 07/03/2013 00:00
Fonte: Jonas Jozino e Valdemir Roberto/ 24 Horas News

O Diretório Centro dos Estudantes (DCE) de Mato Grosso vai processar a Reitoria da Universidade Federal e a Polícia Militar pelo atos de “selvageria” cometidos pelos policiais da Rotam, na tarde de quarta-feira durante protestos estudantil contra a decisão da universidade em fechar as casas dos estudantes, local onde residem acadêmicos de fora de Cuiabá. Durante os protestos, na Avenida Fernando Correa da Costa, os policiais agrediram os jovens com cassetetes e tiros de balas de borracha, além de prender vários estudantes sob a alegação de “desrespeito a autoridade”.



Nesta quinta-feira, todos os estudantes que passaram a madrugada presos no CISC Planalto, estiveram nas dependências da Universidade Federal de Mato Grosso e não escondiam a revolta com a atitude policial que reprimiu um simples manifesto estudantil com tamanha brutalidade. Eles também reclamaram do descaso da reitora da UFMT, Maria Lúcia Cavalli Ned, acusada de ter chamado a Polícia para reprimir a manifestação. O ato contou ainda com integrantes dos Direitos Humanos e da OAB que protestaram da forma brutal como os policiais da Rotam agiram



A coordenadora geral do DCE em Cuiabá, Viviane Mota, foi uma das vítimas da ação violenta e indiscriminada da Polícia, que para debelar o manifesto usou de tiros de balas de borracha e cassetetes. Revoltada, ela confirmou que o Diretório Central dos Estudantes está exigindo da Polícia Militar e do Governo do Estado os nomes que todos os policiais que estiveram na ação e que vai abrir processo contra todos eles.



“Era uma manifestação pacífica. Estamos apenas reclamando da decisão da Reitoria em querer fechar a Casa dos Estudantes, local onde moram os alunos vindos de outras cidades e estados e que não têm condições financeiras para pagar aluguel. Não havia necessidade de uma atitude covarde daqueles policiais”, disse mostrando no corpo as marcas das agressões sofridas.



Além do DCE, a comunidade acadêmica do Instituto de Linguagens, através da diretora Maria de Jesus Patatas, promete uma ação enérgica contra a atitude policial. Em nota, o Instituto de Linguagens disse não compactuar com nenhum tipo de violência e que repudia a agressão contra os estudantes.



“O manifesto é livre, legítimo e foi pacífico. Tinha como objetivo apenas garantir o direito de moradia dos estudantes”, cita a nota. Em outro trecho, completa ainda que “Condenamos qualquer tipo de agressão militar, utilizando de armamento. Repudiamos o silêncio e a conivência dos omissos em todo o episódio que fere o direito democrático e a liberdade". A nota adverte ainda para as consequências nefastas que podem advir da falta de diálogo.



Viviane Mota esclareceu ainda que há falta de vagas para estudantes e que sem o auxílio-moradia muita gente vai ficar na rua se não houver ajuda.



Ela aproveitou ainda para desmentir as afirmações de políciais de que estudantes estavam armados. “É mentira. Nenhum estudante estava armado. Era uma manifestação pacífica”.



A ação de quarta-feira segundo os estudantes foi convocada para para pedir a ampliação da assistência estudantil e contra o fechamento de vagas nas casa de estudantes. Os acadêmicos alegam que das cinco casas de estudantes que a universidade aluga, que os aluguéis não seriam renovados. Caso isso ocorra vai gerar uma redução de cerca de 50 vagas no número total de moradia estudantil.



Na tentativa de desfazer o protesto, que trancava uma das vias, a Polícia usou balas de borracha. Seis estudantes foram presos e pelo menos cinco ficaram feridos. Houve descontrole da situação.



Um policial, que pediu para não ser identificado pela reportagem do Portal de Notícias “24 Horas News”, disse que houve uso incorreto das balas anti-motim, que foram disparadas em distância mínima. Segundo ele, dependendo do local que atinge, uma munição não letal, acaba se tornando letal ainda mais pelos ferimentos que provoca. “Não acho justo a atitude, isso porque está tudo registrado por câmeras” – ponderou.



A Secretaria de Estado de Direitos Humanos deve enviar, ainda nesta quinta-feira, 7, um oficio à Secretaria de Estado de Segurança Pública para exigir uma investigação e a tomada das medidas necessárias contra os policiais militares responsáveis por suposto abuso de poder e uso excessivo de força na repressão de um protesto pacífico de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).



Valquíria Azevedo, dos Direitos Humanos, disse que a agressão policial já foi repercutida em nível nacional e internacional e ressaltou que a Polícia de Mato Grosso deu a sua grande demonstração que não está preparada para receber um evento como a Copa do Mundo.



“Se em uma simples manifestação de estudantes fizeram tudo isso, imagina como vai ser durante a Copa do Mundo, quando teremos vários estrangeiros em Cuiabá. Esta é a Polícia que se diz preparada para um evento que é comandado pela Fifa?”, disparou.



Já a advogada Yone Ferreira, que chegou a ser presa com os estudantes na noite de quarta-feira no Cisc, disse que a Polícia de Mato Grosso mostra a sua total falta de preparo. Ela disse que policiais quebraram uma das portas do Cisc Planalto e depois quiseram imputar a culpa a ela. “Foi uma verdadeira barbárie”, disse, lembrando que a Polícia colocou os estudantes algemados em cela onde estavam usuários de drogas e até um assassino confesso sem algemas.



Yone confirmou durante o ato que ainda na tarde deste quinta-feira estará com os estudantes em um encontro com a OAB para iniciar o processo contra a Polícia Militar de Mato Grosso e contra os policiais da Rotam que agiram com truculência.