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NOTÍCIA

Juína e o cerco indígena e ambiental

Data: Quarta-feira, 23/01/2013 00:00
Fonte: MT AQUI
 

EDUARDO GOMES - Juína 39.442 habitantes e extensão territorial de 26.189,963 km² - maior que Israel (22.072 km²). As terras indígenas ocupam 61% de sua superfície. Mesmo assim, aquele município da Amazônia Mato-grossense tem 2.296 propriedades rurais e um rebanho de 602.937 cabeças conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea) divulgados em janeiro do ano passado e relativo a 2011.

 

Em Juína 13 mil quilômetros quadrados pertencem aos Cinta-Larga e 3 mil quilômetros quadrados aos Enawenê-Nawê. O município tem ainda outra grande área de preservação permanente. É a Estação Ecológica Iquê-Juruena com 188.274,10 hectares (ha).

 

Em tese o município teria uma área agricultável de 10 mil km², mas a legislação ambiental proíbe o corte raso em 80% desse remanescente, o que a transforma na prática em 2 mil km² dos quais se desconta ainda as áreas da cidade e das vilas, o curso das rodovias, as matas ciliares e as encostas.

 

Mesmo engessado territorialmente pelas terras indígenas e a legislação ambiental, Juína registrou taxa de crescimento populacional de 3,16% ao ano entre os censos de 2000 e 2010 sendo que Mato Grosso cresceu 21,15% no período. Com base no censo de 2010 o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apurou que a densidade populacional do município é de 1,49 habitante por quilômetro quadrado – a mato-grossense é de 3,27.

 

Município Amazônico, Juína faz divisa com Rondônia e são seus limites: Rondolândia, Aripuanã, Castanheira, Brasnorte, Sapezal e Comodoro. Sua bacia hidrográfica tem importantes rios a exemplo do Juruena, Vinte e Um, Juína-Mirim, Aripuanã, Iquê, Vermelho, rio do Sol, Furquim e Capitão Cardoso.

 

Sede de Comarca de 2ª Entrância e da 35ª Zona Eleitoral, Juína tem renda per capita de R$ 12.825,32 (abaixo da média mato-grossense de R$ 19.644,09) e seu Produto Interno Bruto (PIB) é de R$ 503.522.000. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do município é de 0,749 numa escala de zero a um (perde para a média mato-grossense de 0,773).

 

A base econômica é diversificada. No começo da colonização o cultivo do café foi a âncora da economia, mas aos poucos a pecuária se tornou a principal atividade do município. A indústria madeireira é expressiva, mas sofre pressão ambiental, o que restringe seu funcionamento. Juína tem a maior reserva de diamante industrial do mundo, mas as grandes jazidas encontram-se em áreas indígenas sob tutela da Funai; fora da terra indígena há exploração do diamante, mas em escala infinitamente menor daquilo que seria sua extração nas reservas.

 

O maior evento popular da região de Juína é a Expoju (exposição agropecuária daquela cidade), que promove um dos principais rodeios do Brasil.

 

A cidade localiza-se a 442 metros acima do nível do mar, na região noroeste, distante 730 km de Cuiabá por rodovia pavimentada via Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis e Brasnorte. O aeroporto é pavimentado e sua pista tem 1.580 metros.

 

Centro regional prestador de serviços Juína tem Administração da Funai, Vara do Trabalho, Delegacia Regional de Polícia Civil, outros órgãos, agências bancárias (Banco do Brasil,Bradesco, Sicredi, HSBC e CAIXA), boa rede hoteleira, hospital indígena e a cidade é parcialmente pavimentada.

 

MEMÓRIA - Juína nasceu em 1976, do Projeto de Colonização do Alto Rio Aripuanã, de 2 milhões de hectares, no município de Aripuanã, desenvolvido pela Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso (Codemat) – estatal que foi extinta - em parceria com o governo federal como parte da proposta do governo militar de promover a ocupação civil da Amazônia em nome da integração nacional. Desse projeto derivou-se o Projeto Juína, que resultou na construção de uma vila com igual nome à margem da Rodovia AR-1 (Aripuanã 1) numa clareira e com área delimitada de 3 mil ha. O planejamento urbano foi executado pelo engenheiro civil Hilton Campos, da Codemat, que mais tarde seria prefeito local e deputado estadual.

 

Quem idealizou a construção da cidade de Juína foi o governador José Manoel Fontanillas Fragelli, no começo dos anos 1970. Em sua homenagem o município tem o Distrito de Paz de Fontanillas, à margem do rio Juruena. Foi numa reunião num hotel de madeira em Fontanillas que Fragilli lançou as sementes de Juína.

 

 

Nos primórdios o acesso a Juína era feito pela AR-1, que faz a ligação com Vilhena (RO). Essa estrada foi federalizada e se tornou a BR-174, que nasceu em Santo Antônio das Lendas, município de Cáceres, avança margeando a fronteira em Pontes e Lacerda e Comodoro, entra em Rondônia por Vilhena, cruza aquele Estado, passa por Juína, Castanheira, Juruena e Colniza, chega ao Amazonas, prossegue até Roraíma e termina na divisa com a Venezuela ao lado do Marco BV-8 (Brasil e Venezuela 8), o que em sua fase de construção lhe rendeu o apelido carinhoso de Rodovia BV-8.

 

O novo caminho para Juína, via Campo Novo do Parecis, cruza o Chapadão do Parecis e o rio Juruena no limite com Brasnorte. Quando de sua abertura, nos anos 1980, recebeu o nome de Rodovia Transmato-grossense

 

EMANCIPAÇÃO – Juína emancipou-se de Aripuanã em 9 de maio de 1982 por uma lei de autoria do deputado Oscar Ribeiro e sancionada pelo governador Frederico Campos.