A intenção do Brasil hoje ao encerrar a presidência rotativa do Mercosul é amenizar o ano ruim para o bloco com disputas protecionistas e a mais forte desaceleração da região recebendo "de braços abertos" a candidatura de Bolívia e Equador para membros plenos do grupo.
Segundo o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, houve reuniões "informais" com o governo equatoriano neste mês para afinar a proposta de adesão, enquanto a avaliação é que a Bolívia já amadureceu sua intenção de ingressar.
Com a atração dos dois países e a incorporação efetiva da Venezuela, toma corpo o plano brasileiro de ampliar o bloco. Ele, porém, esbarra na articulação de outro nascente instrumento de integração econômica da região, a Aliança do Pacífico com México, Peru, Chile e Colômbia.
Os dois blocos tiveram desempenhos opostos neste ano. Enquanto o Brasil só deve crescer 1,6% na previsão da Cepal e o Paraguai será o único da região a amargar retração de 2%, o Peru vai avançar 5,5% e a Colômbia, 5%.
Bolívia, Equador e Venezuela integravam, ao lado de Colômbia e Peru, a Comunidade Andina das Nações, que, na visão do Brasil, "se implodiu sozinha" quando Bogotá e Lima decidiram fechar acordos de livre-comércio com outros países, incluindo os EUA.
Os isolados acabaram na órbita do Mercosul, que também acolhe a aproximação da Guiana e Suriname.
"A conjuntura para o Brasil é ruim neste momento, mas, se quer ter papel de liderança, tem de superar essas dificuldades e liderar a integração econômica com os vizinhos", diz o economista boliviano Gonzalo Chávez.
As promessas de expansão se sobrepõem ao impasse do Paraguai, que segue suspenso e se diz furioso com as adesões à sua revelia.