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NOTÍCIA

Delegacia da Polícia Civil do Posto da Mata em Suiá Missú é incendiada e tensão aumenta

Tem sido frequente os confrontos entre posseiros na gleba e distrito de Posto da Mata

Data: Sábado, 17/11/2012 00:00
Fonte: Jonas da Silva/ Olhar Direto

O posto da delegacia da Polícia Civil do distrito de Estrela do Araguaia (Posto da Mata) foi incendiado por posseiros. A ação é mais um ingrediente de tensão que se instalou no local, área da gleba Suiá Missú, prestes a ser desocupada. O incêndio ocorreu no início da noite de sexta-feira, segundo informa a Agência da Notícia.



A rodovia federal BR-158, que cruza o distrito, foi bloqueada para policiais da Força Nacional de Segurança, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e do Exército fazerem na sexta-feira notificação judicial de propriedades rurais e comerciantes para desocupação. A rodovia foi liberada no início da noite. A área é parte da terra indígena Marãiwatsédé, remanescente da antiga fazenda Suiá Missú
 

Em protesto pela notificação e saída da área, populares tombaram uma unidade da PRF após um homem não identificado querer furar o bloqueio e passar mal após ter sido impedido de deixar o distrito pela Força Nacional.


Cerca de 7 mil pessoas, de acordo com dados da Associação dos Produtores de Suiá Missú (Aprosum). O local é considerado um barril de pólvora e de frequente tensão.



Na sexta-feira, helicópteros fizeram sobrevoos no distrito. Forças policiais fazem notificação com o equipamento. A área de conflito de cerca de 168 mil hectares fica no distrito, entre os municípios de Alto Boa Vista e São Félix do Araguaia, cerca de 1.000 Km a nordeste de Cuiabá, entre Mato Grosso e Tocantins.



Nesta semana, o prefeito de São Félix do Araguaia, Filemon Limoeiro, cobrou as autoridades de Brasília sobre como fazer para desfazer praticamente uma cidade do Posto da Mata para desocupá-la em curto tempo. Ele concedeu entrevista coletiva à imprensa na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM).



O local foi demarcado como terra indígena e, se desocupada, a área deve ser revertida para a Funai para destinar a 150 índios da etnia Xavante. Em setembro, índios e moradores chegaram a bloquear a área diante de decisão para desocupar a área. Desde julho os ânimos se acirraram na região.



Histórico

Em 1998, o então ministro da Justiça Maurício Corrêa, na gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, criou por decreto a área indígena demarcada para a etnia Xavante. A gleba originalmente tinha 680 mil hectares e foi vendida pelo desbravador da região, Ariosto da Riva, a fazendeiros em leilão. Posteriormente, a área em disputa ficou com cerca de 168 mil hectares.



Durante a Eco 92 (Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento), foi discutido que uma das proprietárias de parte das terras à época, a empresa italiana Agip, que tinha o Vaticano entre seus acionistas, doasse aos índios. O que não foi feito.