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NOTÍCIA

Em debate, médicos criticam Estado por deixar de investir 12% em Saúde

Data: Quarta-feira, 01/09/2010 00:00
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Da assessoria

Durante debate entre os candidatos a governador de Mato Grosso e os profissionais da saúde, realizado na última segunda-feira (30) pelo Conselho Regional de Medicina, o diagnóstico que os médicos apresentaram sobre a situação em Mato Grosso foi que atualmente a saúde está “mergulhada no caos”.

A categoria responsabiliza o Governo estadual por ter deixado de investir os 12% constitucionais no setor. “Os municípios não conseguem arcar com todos os gastos com a saúde sozinhos. O Estado tem que fazer uma ação Robin Hood”, constatou o presidente do CRM, Arlan de Azevedo Ferreira, durante apresentação de abertura no debate realizado com a presença de Wilson santos, Mauro Mendes e Marcos Magno.

A ausência de Silval Barbosa foi atribuída a situação de caos na saúde pública do estado. Os médicos e os candidatos lamentaram e classificaram como uma atitude de "desrespeito à classe”. “Nós enaltecemos a necessidade de que todos os candidatos ouçam o que o conselho, o sindicato, a associação e a academia de medicina têm para oferecer porque faz parte de uma reflexão de quem faz isso no dia a dia”, afirmou o presidente do CRM, Arlan de Azevedo Ferreira.

Na abertura do evento, Arlan mostrou que o Hospital Regional de Água Boa é subutilizado, com apenas 11 médicos, enquanto Barra do Garças tem 80 médicos e Rondonópolis tem 254. Ele observou que Água Boa tem o maior índice de mortalidade infantil de Mato Grosso. Apesar do número maior de profissionais nos hospitais regionais de Barra do Garças e de Rondonópolis, as unidades têm deficiências sérias em suas estruturas. "Falta manutenção nos prédios e faltam pediatras", acrescenta.

O CRM mostrou ainda que a Saúde mental no Estado é extremamente precária. “Não tem psiquiatras. O Hospital Adalto Botelho mistura crianças com adultos”, ponderou. A categoria também mostrou o superlotamento do Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, que atende pacientes de todo o estado.

O candidato ao Governo pela coligação Senador Jonas Pinheiro (PSDB/DEM/PTB/PRTB/PTdoB/PSDC/PSL/PMN), Wilson Santos, direcionou sua participação no debate para apresentação de propostas e análise sobre a saúde pública no estado e na capital.

Wilson mostrou que tem experiência e que é o mais preparado para conduzir o Estado. Ele apresentou suas propostas para a Saúde de forma clara e segura, fez uma análise sobre o setor, mostrou os avanços de sua administração, mas lamentou não ter conseguido fazer mais. Wilson admitiu que é muito dificil universalizar a saúde, mas acredita que é possível.

O candidato Mauro Mendes centrou sua participação na apresentação de sua candidatura, sobre a administração que fez nas suas empresas e defendeu a demolição do Hospital Central.

Já o candidato Marcos Magno ficou inseguro e nervoso ao se apresentar para a platéia e ler o seu discurso. O governador Silval Barbosa nem compareceu ao evento. Wilson presta contas

O candidato focou sua participação na apresentação de propostas, contou sobre sua experiência na administração de Cuiabá, o município mais complexo em termos de saúde.

Wilson observou que trabalhou muito para transformar o Pronto Socorro da capital em referência, fez uma ampla reforma e hoje tem o melhor Centro de Tratamento de Queimados de Mato Grosso. Contudo, a unidade não suporta arcar sozinha com o tratamento de pacientes do interior, de outros estados e até de outros países, como vem acontecendo.

Ele ressaltou que não é fácil mudar a saúde em Cuiabá sem estruturar o interior. O ex-prefeito lembrou que teve sete secretários de todas as correntes, sanitaristas, de hospitais particulares, presidentes de sindicatos.. “Eu tentei tudo e todos, mas é uma questão profunda e estrutural”, desabafou Wilson.

Propostas de Wilson para saúde-

Wilson disse que é favorável à Emenda Constitucional 29, que obriga o Estado a investir 12% da receita corrente líquida em saúde. Ele garante que irá cumprir o dispositivo constitucional e expandir os investimentos em até 15%, até 2014.

O candidato tem como meta universalizar o acesso ao Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Wilson, não é um objetivo fácil, nem os Estados Unidos conseguem oferecer saúde pública. A maioria da população tem plano particular de saúde.

Ele quer implantar um novo Plano de Cargos Carreiras e Vencimentos (PCCV) para a categoria médica no Estado, como fez em Cuiabá. De acordo com ele, o PCCV dos médicos da capital é o melhor do país e pode ser referência em todo Brasil. A remuneração dos médicos subiu de R$ 1.200,00 para 4.100,00.

Wilson também irá realizar concurso anual. O atual Governo ficou sete anos sem fazer concurso e deixou para o último ano. Ele pretende investir na capacitação continuada dos profissionais, na reforma e reequipamento dos hospitais regionais e do Pronto Socorro de Várzea Grande, na conclusão do Hospital Central e na reativação dos hospitais Modelo e São Thomé, em Cuiabá. Ele também pretende ajudar financeiramente os municípios na contratação de médicos especialistas.

O candidato falou na construção de seis novos hospitais regionais, um em Cuiabá, com um Pronto Socorro. O Estado também vai assumir mais dois hospitais construídos pela Prefeitura de São Félix do Araguaia e pela empresa Águas de Pedra, em Aripuanã.

Wilson também quer criar a Faculdade de Medicina na Unemat em Cáceres e instalar novos campus da faculdade para Cuiabá, Várzea Grande, Vila Bela da Santíssima Trindade, Chapada dos Guimarães, Juína e na região Noroeste do Estado.

Wilson apresentpou proposta de construir casas de apoio nos municípios pólos para avançar no tratamentos de saúde mental. Wilson também quer avançar a Saúde preventiva e valorizar a atenção básica, expandindo o número de equipes do Programa de Saúde da Família (PSF’s), que tem a capacidade de resolução de 90% dos casos e contribui para redução das filas para atendimento.