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NOTÍCIA

PCC pode estar ligado a fuga e ataques a carro-forte em Mato Grosso

Primeiro Comando da Capital pode estar por trás de ações criminosas em Mato Grosso; facção criminosa é a maior do país e possui células em diversos estados

Data: Segunda-feira, 17/09/2012 00:00
Fonte: Midia News

A explosão recente do muro da Penitenciária Central do Estado, em Cuiabá, que possibilitou a fuga de 35 presos, e os violentos ataques a carros-fortes em rodovias de Mato Grosso podem estar ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado. 

 
 
Embora tenha nascido em São Paulo, onde seu poder é maior, o PCC também está presente em vários estados brasileiros.
 
 
Além de Mato Grosso, o PCC atua no Rio de Janeiro, Bahia, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Paraná, Minas Gerais e Rondônia, segundo informou uma autoridade ligada à Segurança Pública. 
 
 
Criado dentro das prisões, e sempre liderado por um grupo de presos, o PCC é hoje a maior facção criminosa do país, com cerca de 130 mil representantes, dentro e fora das prisões. Um verdadeiro “sindicato do crime”. 
 
 
Segundo a Polícia Judiciária Civil do Estado, há pelo menos dez anos o PCC mantém células espalhadas em Mato Grosso. 
 
 
O Serviço de Inteligência possui um trabalho voltado para mapear as ações criminosas que comandam rebeliões, fugas, resgates, assaltos, sequestros, assassinatos e o tráfico de drogas. 
 
 
Mesmo presente em diversos tipos de crime, é na venda de maconha e cocaína que está seu maior faturamento. 
 
 
Aliados do crime 
 
A facção conseguiu, ao longo destes anos, cooptar até alguns advogados, que passaram de defensores de detentos para aliados ao “partido”. Vários advogados já foram presos acusados de levar ordens de uma cadeia a outra a mando do PCC. 
 
 
Em Mato Grosso, uma das ultimas ações atribuídas ao PCC é a fuga "cinematográfica" da Penitenciária Central, ocorrida no dia 20 de agosto. 
 
 
Um grupo de pelo menos 15 pessoas conseguiu dinamitar o muro da penitenciária e dar a liberdade a 35 presos. 
 
 
Há informações de que a fuga custou R$ 500 mil, valor que englobaria a propina para facilitação da fuga e também o apoio logístico, incluindo o avião utilizado.
 
 
O plano de fuga teria sido discutido dias antes na casa da bacharel em direito Giovanna dos Santos Correa, em um bairro de classe média próxima à penitenciária, e previa a sincronia entre o tempo da fuga das celas do raio 3 com a explosão de parte do muro. 
 
 
Líderes do Novo Cangaço 
 
Entre os fugitivos estão os assaltantes Silvio Cézar Araújo, o "Cabelo de Bruxa", e Sérgio Nunes da Silva, o "Lacraia", foram presos pela própria Gerência, em março de 2011. 
 
 
Eles são apontados como integrante de uma quadrilha que assaltou bancos na modalidade “Novo Cangaço”, nos municípios de Aripuanã, Nova Mutum e Campo Novo do Parecis, durante o ano de 2010. 
 
 
A ação criminosa consiste em invadir agências bancárias, geralmente no interior, e usar pessoas como escudo humano para evitar o enfrentamento policial.
 
 
Poder no cárcere 
Apontados como os principais líderes do crime organizado em Mato Grosso, “Marcinho PCC”, e Sandro Rabelo, o “Sandro Louco”, estão presos na Penitenciária Central, em Cuiabá. 
 
 
A GCCO (Gerência de Combate ao Crime Organizado) da Polícia Civil investiga se os dois tiveram participação na fuga. 
 
 
Sandro retornou para a PCE em junho deste ano. Vindo do presídio de segurança máxima de Mossoró (RN), onde estava há mais de quatro anos, Sandro é o último remanescente de uma leva de 40 presos que foram transferidos para penitenciárias fora do Estado. 
 
 
As últimas rebeliões ocorridas na PCE tiveram a liderança dele. Condenado a mais de 180 anos por roubo, seqüestro, e tentativas de homicídios, ele liderou diversos motins dentro da Penitenciária, sendo transferido a pedido da Secretaria de Segurança Pública para penitenciárias de segurança máxima. Desde então, a PCE viveu um longo período de calmaria. 
 
 
Já Marcinho PCC, que ganhou esse apelido após ser preso em São Paulo e ficar num presídio onde estava alguns integrantes da organização criminosa, foi condenado por assaltos em Mato Grosso, veio transferido para Cuiabá. Ele é mais um dos fortes integrante do PCC, no Estado. 
 
 
Tipos de crimes 
 
Nos anos de 2010 e 2011, os assaltos a bancos eram quese que diários no interior do Estado. Assim, o PCC fortaleceu o caixa e investiu em armamentos pesados e também na compra de aviões.
 
 
Em reação aos constantes assaltos os bancos melhoraram o sistema de segurança, deixam menos dinheiro em caixa e as ações da facção diminuíram, mas ainda há homens especializados só neste tipo de roubo. Parte das quadrilhas do PCC que assaltavam bancos partiram para os assaltos a carros-forte, que também virou uma febre. 
 
 
Os bandidos abordam os vigilantes dos carros-fortes nas ruas. Munidos de armas de grosso calibre, as ações são sempre violentas. 
 
 
O PCC também age de uma forma mais discreta, na modalidade de assalto conhecida como “crime do sapatinho”. Eles levantam quem eram são os gerentes dos bancos e passaram a ir na casa deles, surpreendendo o profissional e seus familiares que são feitos reféns. 
 
 
Bandidos, apontando armas para a cabeça das esposas e filhos dos gerentes, ficam na residência dele, enquanto outra parte da gangue leva o funcionário até a empresa o obrigando a entrar e abrir o cofre. 
 
 
Em junho do ano passado, o gerente de uma agência do banco HSBC, localizadA na avenida Historiador Rubens de Mendonça (a do CPA),  foi uma das vítimas do “crime do sapatinho”. 
 
 
Ele ficou na mira de um dos assaltantes por mais de 12 horas, enquanto a sua família era feita de refém. 
 
 
A ação acabou saindo do controle, a polícia foi avisada e conseguiu libertar a família e impedir o roubo.  
 
 
Ações de combate 
 
A Polícia Judiciária Civil, por meio de assessoria, informou que existe um trabalho contínuo do serviço de inteligência em identificar as células do PCC no Estado e reprimir suas ações.