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NOTÍCIA

Atravessar a fronteira entre MT e RO requer tempo, dinheiro e um veículo traçado

Falta de infraestrutura logística entre os estados prejudica o comércio de gado na região

Data: Segunda-feira, 10/09/2012 00:00
Fonte: Globo Rural/ Rally da Pecuária

Os pecuaristas da cidade de Juína, quinto município mato-grossense com o maior rebanho, enfrentam dificuldades para negociar o seu rebanho. E não é somente pelo fato de a região ter apenas um frigorífico (JBS/Friboi), mas porque a falta de infraestrutura logística é realmente um desafio.



Duzentos e quarenta quilometros separam Juína de Vilhena, em Rondônia, mas percorrer este trecho requer tempo (o trajeto leva em torno de sete a oito horas), habilidade (todo o trecho é de chão batido e areia, entremeados por grandes áreas de erosão) e investimento em cabo de aço, corda, veículo com tração 4X4 e uma boa reserva de água mineral. “A alternativa, que geralmente é a opção mais usada por todos aqui, é fazer um desvio de quase 800 quilômetros, voltando a Comodoro e, de lá, para Rondônia”, conta o pecuarista Odair Américo, de Juína.



Segundo o médico veterinário Mario Fabio Costa Junior, as dificuldades da estrada e a distância do desvio mais apropriado leva muitos produtores a usarem uma fronteira mais ao norte da região. “Mas Rondônia é uma área livre de aftosa sem vacinação e este tráfego pode ser uma ameaça sanitária para a região”, alerta. “Esta estrada de terra foi aberta há décadas atrás pelos madeireiros da região e foi praticamente abandonada. As fazendas que haviam no percurso foram desapropriadas e a área, que é uma reserva, está protegida. Há anos escuto falar que vão asfaltar a estrada ou pelo menos, arruma-la, mas até agora, nada”.



Mas até mesmo a ligação entre Campo Novo do Parecis e Juína era precária até três anos atrás. “O asfalto até Juína é recente, praticamente uma novidade”, diz. Américo conta que, em tempos passados, muitas boiadas tinham que ser soltas na BR de chão batido. “O caminhão encravava e levávamos dez, doze horas para conseguir sair da estrada e seguir viagem. Com o sol a pino e o calor, o gado morria, então tínhamos que soltar”, lembra.


E as boiadas soltas da BR continuam competindo com o tráfego de carros, pick ups e carretas de carga no trecho. Em cerca de 480 quilômetros percorridos pelas equipes do Rally da Safra (entre Campo Novo do Parecis até Brasnorte e Juína), pelo menos duas comitivas cruzaram a rodovia. “Todo dia é assim”, diz o pecuarista.



Rally

Editora Globo
Uma das pick upas do Rally da Pecuária teve o pneu estourado devido à situação das estradas (Foto: Viviane Taguchi / Editora Globo)

 

Nesta sexta-feira (7/9), o Rally da Pecuária percorreu o trecho entre Juína (MT) e Vilhena (RO). As quatro pick ups 4X4 levaram seis horas e meia para realizar o percurso.



No caminho (quase deserto), uma caminhonete de agricultores locais atolou e um caminhão de carga precisou ser resgatado em três pontos do caminho. Uma das pick ups da equipe do Rally da Pecuária teve um pneu estourado.