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NOTÍCIA

Constatação no Parque do Juruena, povo prevê caos social

Filho de moradores estudam em escolas de madeira, enquanto relatórios equivocados diz que região é inteiramente despovoada.

Data: Segunda-feira, 16/07/2012 00:00
Fonte: Luiz Bacanello de Nova Bandeirantes/ A Voz de Nova Bandeirantes

Enquanto fiscais do IBAMA com acompanhamento de representantes do Instituo Chico Mendes e Biodiversidade mapeiam novamente o Parque as margens de Nova Bandeirantes e Apiacás, se preparando para atender o Tribunal Regional Federal (TRF) que determinou a retirada das pessoas que ocupam o Parque Nacional do Juruena, unidade de conservação ambiental criada por Decreto Federal em 5/6/2000, por estradas de terra e esburacadas percorríamos por três dias os dois municípios ao entorno do parque em uma aventura de mais de 600 quilometros rodados passando por verdadeiras pinguelas, em especial na MT 417, estrada estreita que liga Apiacás a Nova Bandeirantes.

 

Conversamos com centenas dos milhares de moradores que residem há mais de 30 anos na região. O que contraria relatórios oficiais de que “a região é inteiramente despovoada, valendo registrar a presença de algumas poucas aldeias indígenas”, diz relatórios equivocados, confeccionados por certo por tecnicos que omitiram a presença da espécie humana ou não conhecem realmente a região.

 

As margens do PARNA, mais precisamente na comunidade conhecida por Garimpo Juruena, distante 180 quilômetros de Nova Bandeirantes e aproximadamente 18 quilometros longe da divisa do parque existe escolas, mercados, vilas, enfim existe gente que trabalha no garimpo, na agricultura, na pecuaria e provavelmente não precisarão desocupar a área.  Gente assustada com a informação manipulada de que terão que sair, mesmo sabedores que não estão dentro do parque.

 

 A desocupação do parque que devera ocorrer de forma articulada e pacífica na remoção das pessoas, evitando o acirramento do conflito e garantindo a integridade dos ocupantes do parque, traz insegurança e prejuízo às duas cidades e seus cidadãos. Em Nova Bandeirantes, o antigo garimpo da clareira esta na área do parque e, portanto será desocupada. Famílias que vivem há décadas nas proximidades serão expulsas. Perderão a terra e por certo ficarão a mercê da própria sorte, acreditam.

 

A grande realidade encontrada ao entorno do parque  e a mesma: Quase todo subsolo das regiões garimpeiras estão requeridas por empresas mineradoras, que tem como finalidade vender títulos nas bolsas de valores. Como se não bastasse isso a burocracia,  a discriminação com a classe garimpeira que é tratada pelo DNPM como se fossem de interesse menor, sequer consideradas, ou pior, vem resultando em medidas punitivas e repressivas antes mesmo de ações educativas. Com isto, famílias, cidadãos brasileiros, como por no exemplo no Garimpo Juruena, os pioneiros  Tomate, Eliseu, Raul, Grande, Seu Luís, Gibrail e Lazinho  sofrem da incerteza e falta de informação.

 

Em Apiacás a mesma luta é dos membros da Cooperativa dos Garimpeiros de Apiacás- COOGAP, constituída no dia 30 de Março de 2008. Na Comunidade Novo Astro os associados da COOPERASTRO esperam até hoje a “ajuda” estatal.

 

Enquanto isto, a ação de desocupação deverá acontecer em breve, expulsando  fazendeiros, e moradores que estão na área há mais de três décadas. A realidade de insegurança também é vivida pelos índios, que estão na área, mesmo antes do Brasil existir e serão expulsos. Índios que vão ser   “empurrados” para uma área onde vivem mais de 200 famílias em Apiacás, gerando assim um caos social e flagelo, tendo em vista que tudo o que milhares de brasileiros  residentes nas áreas, possuem estão nas terras  tituladas e  desbravadas por eles. Terras estas que as perderão por certo. "Unidos contra a demarcação de terras indígenas" são faixas estendidas também em Paranaíta, município fundado em 1979.

 

O impasse da jazida de calcário em Apiacás é outro dilema que indigna os moradores local. Sem nenhuma segurança jurídica, com faixas de indignação expostas isoladamente lutam para que a jazida de calcário possa ser explorada comercialmente. Enquanto isto, eles, pessoas que fazem o progresso da região sofrem com a incerteza.

 

Povo hospitaleiro e feliz ainda encontra tempo para nos oferecer um café acompanhado de bolo de mandioca e faz piadas sobre a situação: “Rapaz se perder minhas terras, só me restara o dia para passar fome e a noite para sonhar que estou comendo”, diz um morador de Apiacás que corre o risco de ter que deixar sua propriedade.

 

 “Num é melhor eles colocarem um cacique como prefeito e uma ambientalista como primeira dama em vez de eleição em outubro?” pergunta, e responde ao mesmo tempo outro morador, enquanto afirma acreditar na criação de um porto em Cachoeira Rasteira, que lhe permitirá escoar sua produção a um custo 50% inferior ao trajeto rodoviário pelos 180 quilômetros de estrada de chão até Alta Floresta e  pela BR-163, que liga o nortão a Santarém (PA).

 

Todos esperam que Constatação no Parque do Juruena, diferente da criação do mesmo que aconteceu contra a vontade popular, mostre a real identificação e qualificação dos ocupantes, com especificação dos pontos de ocupação sem proteger ninguém, apenas que relatórios desta vez mostre a verdade e respeite os moradores, seja ele índio ou não. Esta é a maior verdade encontrada na região.