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NOTÍCIA

Delta teria sacado R$ 5,1 mi às vésperas do pleito de 2006

Data: Sábado, 14/07/2012 00:00
Fonte: Terra

A Delta Construções realizou saques num total que chega a R$ 5,1 milhões durante setembro de 2006. As retiradas, mediante o uso de cheques, eram feitas por um de seus funcionários e foram feitas até o último dia antes das eleições presidenciais realizadas naquele ano, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alexandre Pinto, assistente financeiro na empreiteira, disse que, embora fosse responsável por sacar o dinheiro, não sabia qual era destino. As informações são da Folha de S. Paulo.

 

A empresa Delta está ligada às investigações da CPI do Cachoeira; a suspeita é que a empreiteira esteja ligada a atividades ilícitas envolvendo partidos e políticos. Segundo o jornal, até agora os indícios de saques volumosos se restringiam ao pleito de 2010 e não eram realizados diretamente pela Delta. O caráter atípico e suspeito das retiradas de dinheiro foi constatado pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão do Ministério da Fazenda. Os 59 cheques empregados nos saques em questão variavam entre R$ 75 mil e R$ 99 mil - patamar imediatamente inferior aos R$ 100 mil, a partir do qual os bancos são obrigados a notificar o Banco Central. A suspeita, resume a Folha, é que a estratégia de saques empregada represente uma tentativa de burlar a fiscalização.

 

Carlinhos Cachoeira

 

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.

 

Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram diversos contatos entre Cachoeira e o senador Demóstenes Torres (GO), então líder do DEM no Senado. Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais, confirmou amizade com o bicheiro, mas negou conhecimento e envolvimento nos negócios ilegais de Cachoeira. As denúncias levaram o Psol a representar contra Demóstenes no Conselho de Ética e o DEM a abrir processo para expulsar o senador. O goiano se antecipou e pediu desfiliação da legenda.

 

Com o vazamento de informações do inquérito, as denúncias começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas, o que culminou na abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista do Cachoeira. O colegiado ouviu os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás, que negaram envolvimento com o grupo do bicheiro. O governador Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro, escapou de ser convocado. Ele é amigo do empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Delta, apontada como parte do esquema de Cachoeira e maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos.

 

Demóstenes passou por processo de cassação por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa. Em 11 de julho, o plenário do Senado aprovou, por 56 votos a favor, 19 contra e cinco abstenções, a perda de mandato do goiano. Ele foi o segundo senador cassado pelo voto dos colegas na história do Senado.