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NOTÍCIA

Personalidades apontam "soluções" para dramas da Capital

Investimentos devem ser em saúde, educação, segurança e saneamento

Data: Domingo, 08/04/2012 00:00
Fonte: JUCIARA SANTOS DO REPÓRTER MT

 

São quase três séculos de história. Neste dia 08 de abril, Cuiabá completa 293 anos. Mas temos o que comemorar? O RepórterMT ouviu personalidades da política, da comunicação e da classe empresarial sobre os principais problemas da Capaital, causas e possíveis soluções.



Falamos com o presidente da Assembleia, deputado José Riva (PSD), com o dono do grupo Gazeta e pré candidato a prefeito, Dorileo Leal, o vereador e pré candidato Lúdio Cabral (PT), o presidente da CDL, Célio Fernandes. Ouvimos também os jornalistas Onofre Ribeiro (consultor) e Théo Menezes, presidente do Sindjor. Ouvimos ainda as opiniões do deputado Guilherme Maluf (PSDB), do secretário de Comunicação de Cuiabá, Carlos Brito (PSD). O prefeito Chico Galindo, em viagem não expressou suas opiniões.


Grande parte dos entrevistados disse que os problemas de Saúde, Sanemento e Segurança, são frutos de má gestão.



SAÚDE



Onofre Ribeiro: "A saúde é um problema pequeno. O que falta para Cuiabá é gestão. Porque os recursos do SUS e do Governo do Estado e Federal existem. O problema todo é gestão. Essa é uma gestão antiga que não atende as necessidades.



A solução para a saúde é modernizar a gestão. Para de olhar a saúde como uma saúde apenas de Cuiabá, e sim de todos os 141 municípios. Todos os estados brasileiros têm os mesmo problemas. A capital é um lugar pra onde todo mundo corre".



Lúdio Cabral: “A assistência a saúde é o problema mais grave que Cuiabá enfrenta. Estamos diante de uma epidemia de dengue, com cidade suja e um ambiente favorável a proliferação do mosquito. E as unidades são incapazes de atender à população, por deficiência de pessoal e estrutural. O que estamos vendo são sintomas de um colapso no sistema de saúde



A solução para o problema é a valorização dos trabalhadores e o empoderamento dos servidores da saúde e usuários do SUS, para a tomada de decisões. Estão disponíveis recursos e programas do Ministério da Saúde, que ajudariam a ampliar e melhorar o sistema de saúde na capital. Um exemplo disso é a farmácia popular do Brasil e o núcleo de apoio à família.”



Dorileo Leal: “Eu acho que a saúde é o problema mais grave que Cuiabá vive hoje. É um problema crônico que vem se perpetuando há alguns anos e afetando, e muito, a população que precisa dos serviços da saúde publica. Nos últimos sete anos foram trocados mais de 10 secretários municipais de saúde de Cuiabá. Dessa maneira não há possibilidade de se ter uma política eficaz.



A solução é ter maiores investimentos na área e na organização do setor. Precisamos investir na saúde preventiva, pra desafogar as policlínicas e prontos-socorros da capital. O problema esta ligado à gestão. A gestão tem que ser muito transparente e honesta com os recursos. Eu resumo tudo em uma frase: "Fazer funcionar e não roubar.”



Théo Menezes: “A cidade de Cuiabá vive um verdadeiro caos. O governo municipal até tem implementado algumas medidas públicas, mas são paliativas e insuficientes.



A solução são investimentos na área. O problema é que quando o recurso é disponibilizado, dificilmente chega onde deveria”, argumenta.



Celio Fernandes: “Ainda faltam muitas medidas a serem tomadas para a melhoria dessa área. O serviço público é muito precário para atender a população cuiabana.



Eu acredito que a solução é a construção de diversos hospitais e, além da ampliação de outros pra atender a demanda de Cuiabá”.



Carlos Brito: “Saúde pública é uma questão nacional. É um problema que tem ser enfrentado nesse contexto. O sistema, como um todo, precisa ser atualizado. Mudar o que não esta certo e corrigir os erros. Por isso é preciso uma conjugação de forças. Por Cuiabá ter uma gestão plena sobre a saúde acaba absorvendo uma grande demanda. Partimos do pressuposto de atender todo e qualquer cidadão. Contudo, o custeio não é condicional. O hospital não deixa de atender, mas também não tem qualidade.



Acredito que a solução é uma revisão na questão financeira, entre Governo Federal, Estadual e também, entre os municípios. Só assim faremos com que a rede comporte a demanda dos 141 municípios, de outros estados e até da Bolívia. O município de Cuiabá investe em saúde, mais do que o previsto na lei, que é 22%. Mas há uma saturação, falta de médicos, que não se interessam pelos cargos pelo salário e outras questões. Mas há várias soluções para a saúde. A prefeitura contratou uma consultoria para ajudar na administração de hospitais, foram construídas 2 UPAs, esta fazendo parte da adesão nacional de pregão para novos equipamentos. Ou seja, o que é possível está sendo feito”.



Guilherme Maluf: “A solução para o problema da saúde são os investimentos na prevenção e não, simplesmente em tratamento. É preciso dividir com o estado esses gastos. Com os municípios também. 40% da demanda de emergência é do interior”.



José Riva: “Esse é um dos grandes problemas da capital. Mato Grosso cresceu e Cuiabá recebeu um grande fluxo de migração e não se adequou a nova situação. Acredito que é preciso construir um grande hospital, com 300 a 500 leitos, e um hospital infantil. Mas também é preciso investir no interior, para não sufocar Cuiabá”.



SANEAMENTO



Dorileo Leal: “É um absurdo o que aconteceu com Cuiabá ate agora. Ninguém nunca investiu em redes de esgoto na cidade, em preservação do rio. Como diriam as pessoas mais antigas, são obras que não dão votos, por isso foram largadas ao longo do tempo. E hoje saneamento básico é saúde pública. Coleta de esgoto limpa o rio, que reduz surtos de epidemias, e acaba desafogando as policlínicas. Está tudo interligado.



Esgoto é foco de muitas doenças. Quem sabe com a privatização a gente vire essa pagina de uma fase tão ruim para a capital“.



José Riva: “Nós temos os recursos do PAC. E agora é o momento de serem utilizados. Mas o governo federal também precisa olhar pelas capitais, principalmente Cuiabá. Essa falta de investimento causa o estrangulamento do sistema”.



Onofre Ribeiro: "Na década de 80 o Governo Federal financiou o saneamento básico de Cuiabá. Na época a cidade tinha 300.000 habitantes. Só que planejaram um saneamento para 10 anos e não pensaram que Cuiabá iria crescer. Se a rede de esgoto não suportava naquele tempo, imagine hoje. Só a Capital joga no Rio Cuiabá cerda de 400 toneladas de lixo por dia. Imagine o estrago que isso faz nos córregos, no rio, no Pantanal, o estrago biológico, ambiental, das espécies, enfim, do meio ambiente. Cuiabá está plantando uma bomba dentro do Pantanal.



Esse é o maior problema da cidade. Uma solução que eu dou é fazer um programa de replanejamento da cidade inteira. Incluindo, também, planejar a cidade para o futuro. Por que esse problema interfere diretamente na saúde".



Guilherme Maluf: “Os índices de tratamento e coleta de esgoto chegam a apenas 20 a 22% da população em Cuiabá. É preciso universalizar o sistema de saneamento básico objetivando a qualidade de vida, a preservação do Rio Cuiabá e a diminuição de doenças nas crianças”.



Théo Menezes: “Não devemos privatizar. Elas devem ser evitadas. Eu acredito que o município deveria buscar recursos públicos, porque eles estão disponíveis. Mas o negócio é o seguinte: o dinheiro precisa ser aplicado onde se deve, porque senão, não resolve. Essa questão foi deixada de lado pela atual gestão”.


Celio Fernandes: “O governo até tentou tomar algumas atitudes que pudessem melhorar a situação do saneamento básico, mas é preciso ser feito mais. Esgoto é necessário para a população ter saúde. É preciso transparência nesse caso”.



Carlos Brito: “É um setor em expansão com a concessão pública. Todo o patrimônio que é público, vai continuar sendo público, e o que a iniciativa privada obtiver, também será público. Isso esta assegurado em contrato. Essa concessão garante a universalização de água tratada em três anos, e serviço de tratamento de esgoto, em dez anos. São todas implicações positivas, como água todos os dias em casa. Impacta positivamente e diretamente no Rio Cuiabá e nos córregos. São despejados no rio cerca de 180 mil metros cúbicos de resíduos sólidos todos os dias.



Dia 16, a concessionária assume definitivamente e vai garantir os prazos estabelecidos. Essa foi uma decisão importante também para a economia. Em 2011 tinham filas de projetos de plantas industriais e de empresas que não puderam ser implantadas por falta de água e esgoto. Essa possibilidade de instalações vai gerar emprego e renda”.



Lúdio Cabral: “O saneamento básico de Cuiabá é um paradigma da incompetência de quem governa a cidade hoje. Cuiabá poderia ter recebido desde 2007 os recursos do PAC, que ajudariam a enfrentar esse drama do saneamento e assegurar agua de qualidade todos os dias.


Cerca de 80% da população cuiabana não tem cobertura de coleta e tratamento de esgoto. E tem recursos disponíveis para isso. Mas a administração de Cuiabá primeiro se envolveu em esquemas suspeitos de corrupção e depois abandonou os recursos para privatizar o sistema de saneamento. Essa atitude atende ao interesse e anseios de uma minoria. Ao invés de usar os recursos do PAC e qualificar os servidores da Sanecap, preferiu entregar a empresa para o privado”.



SEGURANÇA


Théo Menezes: “Eu acho que as parcerias com o governo do estado ofereceriam bons resultados. E o município também pode ajudar com serviços básicos, como em bairros em que a criminalidade é facilitada por conta de mato alto. Isso promove a ocorrência de crimes. A prefeitura pode ir lá e fazer esse serviço de limpeza.


Também acredito que a prefeitura poderia facilitar convênios com empresas e ampliar a instalação de câmeras de segurança”.



Celio Fernandes: “Essa é uma questão complicada. As estratégias que o município vem estabelecendo para essas áreas ainda não conseguiram se alinhar com os investimentos. Na verdade, falta transparência nos investimentos que os gestores fazem”.



Onofre Ribeiro: "Como a saúde e a educação, a cidade cresceu, e não se preparou socialmente pra isso. Os governantes municipais da época não pensaram em um infraestrutura de educação formal e profissional. E a população de Cuiabá está concentrada na idade de 38 anos pra baixo.



Segundo o IBGE de2010, dentre as vítimas da violência em Cuiabá, 45.83% são menores de 38 anos de idade. Significa que está morrendo jovem, porque não tem preparo pra lidar com uma economia mais evoluída. Esse problema não se resolvera, se não resolvermos a questão da educação".



Lúdio Cabral: “Embora alguns digam que o município não tem responsabilidade na segurança pública, Cuiabá tem extrema importância nas ações preventivas da violência urbana. Eu acredito que a solução são as políticas de qualidade para a juventude, com base no esporte, lazer e cultura. Essas ações mobilizam a sociedade para a busca de medidas locais para afastar as pessoas de um ambiente que gere violência. O município pode ajudar com a limpeza de bairros e iluminação”.



Dorileo Leal: “A questão é de responsabilidade do governo do estado. É preciso ter uma politica de combate às drogas eficiente, permanente, porque essa questão tem grande foco de violência em Cuiabá.



A questão das drogas precisa ser trada como problema de saúde pública. Dessa forma dá para evitar que os jovens entrem por esse caminho. Se diminuir a droga diminui o índice de violência.



Fora isso o governo tem q investir mais na repressão, nas polícias. A infraestrutura dos bairros precisa melhorar, como áreas de lazer, projetos cultuais, iluminação pública, uma série de ações. Não é só no discurso tem que colocar em prática”.



Carlos Brito: “É um dever do estado. Quando falo do estado, digo poder publico.Mas em nível de município, a participação é estrutural, como a melhoria e ampliação da guarda municipal. Outra questão de segurança, é o trânsito. Vamos empossar novos agentes para o gerenciamento do trânsito.



A segurança vai muito além de polícia e bandido. Envolve controle da dengue, segurança cível, social”.


Guilherme Maluf: “Precisamos cobrar maior eficiência nas ações do estado. É responsabilidade do município evitar a favelização dos bairros, oferecendo iluminação, acesso aos bairros e estimular a guarda municipal”.



José Riva: “Falta planejamento em Mato Grosso, que cresce 10%, em população, todo ano. Falta investimento efetivo na polícia. Muitos governos anunciaram o crescimento a 10%, mas não planejaram a cidade para esse percentual. Falta também investimento em tecnologia”.


EDUCAÇÃO



Lúdio Cabral: “A educação infantil é prioridade no município. Temos hoje mais da metade das crianças em idade escolar que não tem acesso a creches e escolas. O município precisa investir em ampliação desse setor e valorizar os servidores”.



Dorileo Leal: “Educação é o caminho pra tudo, na vida. O governo tem que investir muito. Eu não vejo futuro sem educação. Porque é a forma de você libertar as pessoas e dar a elas a sua cidadania.


Todo gestor teria q ter a obrigação de fazer mais do q a lei prevê em investimentos. Não só na questão física das escolas, mas também preparo dos educadores, aula em tempo integral, por que assim tiramos as crianças das ruas.



Precisamos investir na conscientização ao meio ambiente, preservação, cidadania e principalmente, respeito”.



Theo Menezes: “Educação é essencial. É preciso de Investimentos e valorização do profissional.”



José Riva: “Eu tenho a convicção que não podemos deixar de ter a Unemat em Cuiabá. Sofremos de um grande problema de falta de qualidade e investimentos. Mas não dá pra admitir uma capital sem a Unemat. Além de precisarmos investir na educação básica”.



Guilherme Maluf: “É necessário trabalharmos pela diminuição de evasão escolar e desproporção entre idade e ano letivo. Sabemos que quanto mais idade, menores são as chances de aprender. Precisamos estimular essa proporção”.



Célio Fernandes: “O que eu posso te responder é que precisamos investir na educação. Tirar crianças das ruas. Colocar na escola, educar, pra gerar profissionais capacitados e a economia girar. Educação é o caminho pro desenvolvimento”.



Carlos Brito: O município de Cuiabá tem índices bastante positivos. Pagamos o 2º melhor salário aos profissionais de educação. São índices extremamente positivos. Qualidade de ensino positivo.



A educação do governo tem o melhores resultados. E isso vem de um processo implantado desde a gesta de abril de 2010. Esta estabelecida em Cuiabá uma cultura positiva de educação.



Onofre Ribeiro: "A educação também é um questão de gestão. Em 1970, quando começou a migração, da ocupação da Amazônia, Cuiabá possuía 100.000 habitantes. Eram apenas 38 municípios no estado, totalizando 1.000.039 habitantes em MT. Com a migração, esse número explodiu para uma população de 3.333.000 milhões.



Cuiabá é a cidade referência do estado porque os grandes negócios estão aqui. O governo está em Cuiabá, a sede das empresas ligadas ao agronegócio, também estão aqui. Os grandes investimentos são feitos na capital.O problema é que Cuiabá tinha que ter se preparado pra ser a cidade âncora do estado. O município tem que repensar a educação. Precisa pensar a educação que atenda ao estado inteiro".