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NOTÍCIA

Não subestime a dor na coluna

Data: Terça-feira, 01/06/2010 00:00
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Fonte:ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO/Márcia Wirth/MW-Consultoria de Comunicação

A coluna é a segunda maior fonte de dor no mundo, perdendo somente para a dor de cabeça

 A dor nas costas é a doença crônica mais comum entre os brasileiros. É, também, a menos tratada, apesar de ser percebida precocemente. O problema afeta 36% da população, e 68% dos atingidos buscam tratamento.  Os dados são de um estudo realizado pela Escola Nacional de Saúde Pública, ligada à Fiocruz. Os pesquisadores entrevistaram 12.423 pessoas com mais de 20 anos, em todas as regiões do Brasil, em 2008.

O problema também está presente nas estatísticas da  Organização Mundial da Saúde, que estima que 80% da população mundial sofrerá ao menos um episódio de dor nas costas na vida. Dentre as principais causas para este anunciado episódio de lombalgia acontecer, podemos listar: tumores, cistos, lesões nos nervos, nas vértebras, nos discos, má postura, fraqueza dos músculos da região, tabagismo e obesidade. “Felizmente, a evolução desta dor geralmente é benigna, em termos de alívio, espontâneo. Repousa-se, espera-se um pouco e a tendência é a melhora dos sintomas”, explica o reumatologista Sergio Bontempi Lanzotti, diretor do Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares (Iredo).

Em geral, as lombalgias, têm origem mecânico-postural. Embora nas regiões cervical, dorsal e lombar possam ocorrer tumores, infecção ou inflamações, a causa mais freqüente da dor nas costas é mecânico-postural degenerativa.  “Alguns pacientes têm a coluna perfeitamente alinhada, não apresentam desvio postural nenhum e reclamam de dor nas costas. Pode-se dizer, então, que nesses casos a dor é causada por alterações musculares resultantes, por exemplo, de a pessoa permanecer muito tempo na mesma posição sem conseguir relaxar a musculatura. Portanto, não é necessário haver um problema de postura para o sintoma aparecer”, explica o médico.

Travou!

A história típica da dor na coluna envolve quase sempre um adulto jovem e está relacionada com as atividades físicas e a sobrecarga a que ele expôs sua coluna ao longo da vida. Em geral, a queixa é que, um dia, ao fazer um esforço, o indivíduo dobrou o tronco para frente para pegar um objeto mais pesado e sentiu uma dor tão intensa na região lombar, que se viu obrigado a deitar-se. O repouso associado ao calor local e, eventualmente, ao uso de analgésicos e antiinflamatórios provocou melhora dos sintomas em dois ou três dias...

O sinal de alerta é dado, porém, quando a pessoa deita, relaxa e a dor não desaparece ou quando ela se manifesta à noite e não melhora com repouso. Além disso, é preciso considerar de novo a faixa etária. “Pessoas idosas, da mesma forma que crianças e adolescentes, requerem atenção especial porque a dor nas costas pode resultar de lesões secundárias, como as fraturas provocadas pela osteoporose ou de alguma doença não diagnosticada ainda”, alerta o reumatologista.

O repouso, no entanto, não deve ser muito prolongado. Está demonstrado que mais de dois dias de repouso absoluto provocam perda de massa óssea e de massa muscular. Portanto, este deve ser relativo. Não se deve fazer esforço, nem carregar peso. Na fase inicial da lombalgia, antiinflamatórios comuns contribuem para aliviar a dor. “Nem medicamentos, nem fisioterapia ou massagens, nem aplicação de calor mudam a história natural da doença. A dor irá melhorar espontaneamente desde que o fator desencadeante do processo seja suspenso”, reforça Lanzotti. De qualquer forma, métodos fisioterápicos e analgésicos são coadjuvantes para diminuir os sintomas, enquanto se aguarda a evolução natural da doença.

E o que fazer para a crise lombar não voltar?

Passada a crise, é preciso afastar os fatores externos que a desencadearam porque provavelmente ocorrerá outra, se a pessoa não se cuidar. Além disso, é importante corrigir a postura e reforçar os músculos que dão suporte à coluna porque manter a musculatura firme é fundamental para garantir a estabilidade da coluna e evitar novas crises.

“Está demonstrado que o fortalecimento do grupo de músculos paravertebrais, principalmente, associado ao dos abdominais e glúteos é o que mais garante a higidez da coluna. Também está provado que uma caminhada de 30 minutos, três vezes por semana, diminui a incidência de novas crises. Só a caminhada, porém, não fortalece todos os músculos. Para tanto, são necessários exercícios específicos, sob orientação profissional para não sobrecarregar os discos”, orienta Sérgio Lanzotti.

Conheça outras dicas do diretor do Iredo para prevenir uma nova crise de coluna:

·A orientação geral é não carregar peso. No caso de ser obrigado a levantar um volume pesado, nunca se deve manter as pernas esticadas e curvar o corpo. Deve-se dobrar os joelhos que funcionarão como alavancas e manter o objeto o mais próximo possível do tronco quando for erguê-lo;

·É necessário evitar atividades de impacto repetitivo, por exemplo, andar a cavalo, de moto, de jet-sky, de lancha. Quem faz hipismo competitivo precisa estar com a musculatura costal bem desenvolvida para evitar maior desgaste dos discos;

·Profissionais cujo trabalho exige esforço físico maior apresentam mais desgaste nos discos do que os que se dedicam a serviços mais leves. Carregadores de peso, como os estivadores, por exemplo, acabam apresentando mais problemas porque expõem a coluna à sobrecarga contínua;

·Por mais paradoxal que pareça, pessoas que trabalham paradas na mesma posição sem relaxar a musculatura, como os caixas de bancos, ou quem fica horas em frente ao computador, também integram o grupo de risco. Nesse caso, é recomendável levantar-se a cada 40 ou 50 minutos, andar um pouco e colocar um tablado para erguer alternadamente os pés e relaxar a musculatura;

·Motoristas de veículos pesados também estão no grupo de risco. Quem dirige carros mais velhos tem mais problemas de coluna do que quem dirige carros novos e em melhores condições mecânicas;

·Ver televisão, jogado no sofá, com a coluna toda torta também é contra-indicado. O ideal seria sentar-se numa cadeira de braços que servissem de apoio na hora de levantar e bem de frente para a tela;

·Um fator muito comum de dor na região cervical é assistir à televisão ou ler deitado. A pessoa fica numa posição forçada, às vezes, durante horas pressionando o disco. Quem faz questão de ver tevê na cama deve providenciar um suporte para a cabeça e para o tronco, de forma a permanecer quase sentado e colocar o aparelho bem alto, evitando ficar com o pescoço fletido por muito tempo;

·Para a coluna, a posição que oferece menor pressão sobre os discos é a de barriga para cima, com a cabeça apoiada num travesseiro baixo para evitar a hiperflexão. Como nem todo mundo consegue dormir desse jeito, deitar de lado com joelhos flexionados e o travesseiro baixo colocado de forma a impedir que o corpo se incline para um lado ou outro é outra boa opção. Dormir de bruços, mesmo sem travesseiro, como regra geral, não é bom para a coluna.