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NOTÍCIA

Funaro reafirma que Temer recebeu dinheiro de esquema na Caixa

O delator da Lava Jato Lúcio Funaro prestou novo depoimento na operação que investiga irregularidades no fundo de investimentos do FGTS.

Data: Quinta-feira, 02/11/2017 00:00
Fonte: G1.globo.com/jornal-nacional
 
 

O delator da Lava Jato Lúcio Funaro prestou um novo depoimento, nesta terça-feira (31), em Brasília, sobre irregularidades no fundo de investimentos do FGTS. Ele reafirmou que o presidente Temer não só sabia, como recebeu dinheiro do esquema.

 

Lúcio Funaro deu mais detalhes de como, segundo ele, usou dinheiro recebido de propina de empresários interessados nos recursos do fundo de investimento do FGTS para pagar despesas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha durante 15 anos.

 

Funaro: Teve pagamento de reforma de flat, teve pagamento de agência de turismo, teve pagamento de agência de publicidade. Para você ter uma ideia, carros para ele, eu não paguei só aqueles dois que estão na denúncia. Eu devo ter pago de carro para ele mais de 10 carros. Pagamento do advogado dele na Suíça. Isso aqui é o que eu separei assim, de dois minutos. Se eu for puxar de 2003 para cá, vai ter centenas de pagamentos, fora o que eu entreguei em dinheiro vivo.

 

E Funaro disse que tem como provar.

 

Funaro: Eu tenho três formas de comprovar isso aí. Eu tive 12 HDs apreendidos pela Polícia Federal, e é só puxar nesses HDs que você vai encontrar pelas datas aqui toda essa movimentação como é que foi feita.

 

Nos depoimentos, Lúcio Funaro reafirmou que o presidente Michel Temer sabia do esquema que foi criado para desviar recursos da Caixa Econômica Federal. E nesta terça repetiu que Temer também recebeu dinheiro. Contou que foi em 2010, depois de um acerto entre Eduardo Cunha e Moreira Franco, que na época era vice-presidente da Caixa.

 

Funaro contou que Moreira e Cunha agilizaram um financiamento para o grupo Bertin. Quando o dinheiro foi liberado, em uma reunião organizada por Cunha, com o empresário Natalino Bertin, ficou acertado que a propina seria paga em doação oficial e tinha destinatários: Eduardo Cunha, do PMDB, Cândido Vaccarezza, que era líder do PT, e Michel Temer, na época candidato a vice-presidente.

 

Funaro: O deputado Eduardo Cunha ficou com R$ 1 milhão, R$ 2 milhões, R$ 2 milhões e meio foram destinados ao presidente Michel Temer, e um valor, acho que R$ 1 milhão também, R$ 1 milhão e meio foi destinado ao deputado Cândido Vaccarezza.

 

Os depoimentos da operação Sépsis vão ser retomados no dia 6 de novembro, quando vão ser ouvidos os ex-deputados e ex- presidentes da Câmara Henrique Eduardo Alves e Eduardo Cunha, que também são réus nesse processo.

 

O que dizem os citados

Eduardo Cunha declarou que Funaro é um mentiroso e que não apresentou provas nas delações. O ex-deputado disse, ainda, que vai rebater as acusações quando prestar depoimento.

 

A Secretaria de Comunicação da Presidência afirmou que Michel Temer contesta qualquer envolvimento do nome dele em negócios escusos. Declarou ainda que, em 2010, o PMDB recebeu R$ 1,5 milhão como doação oficial, declarados na prestação de contas ao TSE, e que esses valores não têm relação com FI-FGTS.

 

O ministro Moreira Franco divulgou uma nota em que declarou, apenas, que uma pessoa que vive da delinquência necessariamente vive da mentira.

 

A defesa do Grupo Bertin afirmou que seus representantes estão à disposição da Justiça para prestar qualquer esclarecimento.

 

O advogado de Cândido Vaccarezza disse que as declarações de Funaro são imprecisas e  incompatíveis com as provas,  que as decisões da Caixa são tomadas de forma colegiada e que, por isso, o ex-deputado  não teria como exercer influência.