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NOTÍCIA

Funaro confirma que recebeu dinheiro para ficar em silêncio

Em delação premiada, doleiro ratificou declaração do empresário Joesley Batista, diz jornal

Data: Sexta-feira, 01/09/2017 00:00
Fonte: OTEMPO
Lúcio Funaro
Doleiro Lúcio Funaro firmou acordo de delação premiada com a PGR após a irmã ser presa
 
 

O doleiro Lúcio Funaro confirmou, em delação premiada firmada com o Ministério Público Federal (MPF), que recebeu dinheiro do empresário Joesley Batista, sócio da JBS, para ficar em silêncio diante dos investigadores da operação Lava Jato. A afirmação foi feita em depoimento que consta no acordo, ainda não homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). As informações são do jornal “O Globo”.



De acordo com Funaro, o dinheiro seria para que ele não revelasse o que sabia sobre corrupção e movimentação ilegal de recursos por parte de políticos importantes no país. Se confirmada a informação, o depoimento de Funaro ratifica o que disse Joesley em conversa com o presidente Michel Temer (PMDB). Por isso, a declaração é peça fundamental da denúncia que está sendo preparada pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra o peemedebista.



Temer já foi denunciado por corrupção passiva, mas, após maciça distribuiçao de emendas parlamentares, a Câmara dos Deputados rejeitou o pedido para que o STF analisasse a acusaçao contra o presidente antes do fim de seu mandato.



Temer ainda é investigado por obstrução de Justiça e envolvimento em organização criminosa. Os dois crimes devem ser imputados a ele na nova denúncia que está sendo preparada pela equipe do procurador geral da República, Rodrigo Janot.



Na conversa com Temer, travada no dia 3 de março e divulgada em maio, Joesley Batista descreveu uma série de crimes que teria cometido. Em determinado momento do encontro, realizado no Palácio do Jaburu, o empresário disse, de forma cifrada, que vinha fazendo pagamentos regulares a Funaro e ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O ex-presidente da Câmara era um dos maiores aliados de Temer, e Funaro era seu operador.



Em depoimentos da delação premiada, Joesley e outro executivo da JBS, Ricardo Saud, disseram que os pagamentos eram para comprar o silêncio de Funaro e Cunha, uma forma de proteger o presidente e alguns auxiliares. Com a confirmação por parte de Funaro, a versão ganha força e pode complicar o presidente.



Versão antiga. Em um depoimento à Polícia Federal (PF) realizado no mês passado, antes de firmar o acordo de delação, Funaro confirmou os pagamentos, mas disse que se tratava da quitação de uma dívida antiga, ou seja, de um saldo de propinas. Ele teria dinheiro a receber de Joesley porque intermediou negócios da JBS. Investigadores, porém, duvidaram da versão.



Segundo “O Globo”, depois de decidir colaborar com a investigação, o operador revisou declarações anteriores e ratificou a narrativa do dono da JBS. A avaliação de membros da força-tarefa é que Funaro ficou sem opção de esconder o jogo após sua irmã Roberta ser presa, em 18 de maio, com R$ 400 mil recebidos de Ricardo Saud.



Funaro já havia apontado que o ex-ministro Geddel Vieira Lima teria sondado sua família sobre o risco de uma delação. Isso levou Geddel à prisão e também deve fazer parte da delação.

 

Discrição. A PGR não pediu o fim do sigilo da delação de Lúcio Funaro ao enviá-la pela primeira vez ao ministro Edson Fachin. Por isso, a maior parte do conteúdo não deve tornar-se pública mesmo após a homologação.

 

Acordo retorna ao STF após ajustes pela PGR

 

O acordo de delação premiada do operador Lúcio Funaro retornou na tarde dessa quinta-feira (31) ao Supremo Tribunal Federal (STF), após passar por ajuste na Procuradoria Geral da República (PGR).



Na quarta-feira, um dia depois de receber a delação para análise, o ministro relator, Edson Fachin, devolveu o acordo à PGR apontando necessidade de alteração em uma das cláusulas da colaboração firmada com o operador financeiro, que impedia que Funaro fosse processado em casos de improbidade administrativa.



O retorno dos autos está registrado no andamento processual disponível no site do Supremo.



Sobre o fato de Fachin ter pedido ajustes, a PGR e o gabinete não comentam o assunto, já que a colaboração é mantida sob sigilo.