O coordenador da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional deputado federal Victório Galli (PSC) prega cautela acerca da denúncia contra o presidente da República Michel Temer (PMDB). “Ele terá que se explicar à nação. Estamos aguardando o desenrolar disso, o áudio vir à tona”, pondera o parlamentar ao .
Conforme O Globo, os donos da JBS Joesley e Wesley Batista, em delação premiada, entregaram áudio do presidente da República, contendo conversas comprometedoras. No material, o peemedebista teria solicitado a Joesley manter pagamento de propina ao ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para comprar o silêncio do ex-parlamentar, que está preso. “Tem que manter isso, viu” teria dito Temer.
Após a publicação da matéria, por volta das 19h30 (horário de Brasília), de ontem (17), Galli disse que houve apreensão entre os parlamentares. “Surgiu uma correria doida, as sessões na Câmara e Senado foram interrompidas. Estão (parlamentares) que nem cachorro quando faz mudança, desorientados. A todo tempo ocorrem reuniões nos corredores entre os deputados”, descreve o parlamentar acerca do clima no Congresso.
Desde quando o caso veio à tona, partidos de oposição e alguns de situação pedem a renúncia de Temer. Para Galli, caso isso se concretize é preciso respeitar a Constituição e convocar eleições indiretas. Entretanto, alguns políticos e as manifestações ocorridas ontem, pediam eleições gerais. “Se a gente não aplicar a Constituição será anarquia. Esse país precisa tomar rumo, pois está no descrédito, desarrumado”, pontua.
O deputado federal Ságuas Moraes (PT), por sua vez, pede a renúncia de Temer e que se sejam convocadas eleições diretas. “É preciso dar o mínino de legitimidade para quem vai assumir. Não vejo outra saída”, disse ao .
O petista afirma ainda que Temer e seus aliados, incluindo o PSDB, do senador Aécio Neves (PSDB-MG), são caras de pau ao continuar com atos de corrupção, em paralelo às investigações da Lava Jato. “É acreditar na impunidade. Isso deixa todo mundo estarrecido. Mas é a prática deles”, ressalta.
Eleição
De acordo com a Constituição Federal, a eleição indireta será feita pelos deputados federais e senadores, em 30 dias, uma vez que faltam menos de dois anos para encerrar o mandato, em 31 de dezembro de 2018. Até as eleições, o Palácio do Planalto é comandado pelo presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Entretanto, parte do Senado e da Câmara defende aprovação da Proposta e Emenda à Constituição (PEC) do deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) que prevê eleições diretas, caso Temer renuncie ou seja cassado por meio de Impeachment. A PEC está parada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e poderá ser colocada em pauta na próxima semana na Comissão.
Aécio
Além de Temer, os irmãos Batista gravaram o senador Aécio Neves pedindo propina de R$ 2 milhões para pagamento de advogados que fazem a defesa do tucano na Operação Lava-Jato. Entretanto, o dinheiro rastreado teria sido depositado numa empresa do senador Zeze Perrella (PMDB-MG).