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Sem financiamento, senador de MT ameaça deixar base de Temer

Senador cobra que Executivo interfira no financiamento da duplicação da BR 163

Data: Sexta-feira, 05/05/2017 00:00
Fonte: MÍDIA NEWS/ LAURA NABUCO

 

 

Alair Ribeiro/MidiaNews

Senador José Medeiros, que ameaçou deixar a base do governo Temer

 

O senador José Medeiros (PSD) ameaçou deixar a base de sustentação do governo federal no Congresso. Segundo ele, o anúncio foi feito às lideranças do Executivo no Senado nesta quarta-feira (3).

 

A iniciativa tem como motivo as negativas de financiamento da obra de duplicação da BR–163, em Mato Grosso.

 

Conforme Medeiros, apesar do compromisso que a União teria firmado com a bancada mato-grossense, o financiamento da obra estaria enfrentando dificuldades para ser liberado porque o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDES) teria avaliado o empréstimo à concessionária Rota Oeste – responsável pela rodovia – como uma transação de alto risco.

 

“Ainda não estou saindo, mas coloquei algumas condições para ficar. Para ficar na base, eu quero que atenda o Estado de Mato Grosso. O BNDES é o Banco Nacional do Desenvolvimento Social, não é banco para ficar preocupado com riscos. Financiaram obras na Angola, na Venezuela. Por que não pode financiar uma rodovia em Mato Grosso, que vai contribuir para o próprio país?”, critica.

 

Ainda não estou saindo, mas coloquei algumas condições para ficar. Para ficar na base, eu quero que atenda o Estado de Mato Grosso

Medeiros afirma que sua iniciativa já gerou movimentação positiva. Segundo ele, logo após a conversa com os líderes do governo, a bancada de Mato Grosso foi chamada para uma reunião no Ministério dos Transportes. Ele sustentou, todavia, que ainda não tem uma definição sobre sua permanência ou não na base, nem sobre o início das obras.

 

Riscos

 

De acordo com o senador, dois fatores têm preocupado o BNDES quanto ao empréstimo para a duplicação: a crise financeira e o fato de a Rota Oeste ser uma empresa do grupo Odebrecht, que passa por um impacto financeiro após as denúncias relacionadas às investigações da operação Lava Jato.

 

“A análise que eles fizeram foi a seguinte: com a crise, a demanda sobre a rodovia diminui. Com isso, diminui também a cobrança de pedágio. Eles têm em mente que a empresa vai usar o dinheiro do pedágio para pagar o empréstimo do banco, por isso, fizeram a análise de que o risco subiu. Além disso, tem a situação financeira da empresa, devido à operação Lava Jato. Fizeram essa avaliação toda e definiram: não emprestamos”, explica.

 

Ainda de acordo com Medeiros, a empresa chegou a cumprir todas as exigências apresentadas pelo BNDES, que passou, então, a exigir também que o controle acionário dela passasse para outra empresa.

 

“Para mim, isso é filigrana. Eles têm que fazer a rodovia que já está programada. Isso é responsabilidade do governo, que tem que cobrar do BNDES que se vire. O BNDES não foi feito para entouzorar, para dar lucro. Eles têm R$ 150 bilhões em caixa e as pessoas estão morrendo em Mato Grosso”, diz.

 

“Nós precisamos dessa rodovia duplicada. Em 22 anos, todos os anos, a média de mortes era de uma Boate Kiss, ou seja, 280 pessoas. Esse ano, com um simples pedaço que foi duplicado, já caiu pela metade essas mortes. Se duplicarmos essa rodovia lá do posto fiscal até Sinop, com certeza nós teremos menos de 50 mortes por ano, o que já é um ganho muito grande”, comparou o senador com o incêndio que atingiu uma casa de festa em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em janeiro de 2013.