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NOTÍCIA

Lula mandou destruir provas de caixa 2 do PT, diz ex-presidente da OAS

Tido como grande amigo de Lula até pouco tempo atrás, Léo Pinheiro também disse em depoimento a Sérgio Moro que triplex era da família Lula.

Data: Sexta-feira, 21/04/2017 00:00
Fonte: G1.globo.com/bom-dia-brasil

 

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro disse com todas as letras que o ex-presidente Lula mandou que ele destruísse as provas dos pagamentos para o caixa 2 do PT. Até pouco tempo atrás, Léo era considerado um grande amigo de Lula. O sócio da OAS prestou depoimento ao juiz Sérgio Moro e confirmou ainda que o triplex era da família Lula e que o ex-presidente linha uma conta na empreiteira abastecida com dinheiro roubado da Petrobras.

 

O depoimento durou quase três horas. O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro disse ao juiz Sérgio Moro que Lula pediu a ele que destruísse provas num encontro secreto em 2014, quando a Operação Lava Jato já havia começado. Segundo Léo Pinheiro, Lula estava preocupado com o registro de pagamentos da OAS a João Vaccari, ex-tesoureiro do PT, apontado como operador do dinheiro de caixa 2 do partido.

 

“O presidente, textualmente, me fez a seguinte pergunta: ‘Léo - eu notei até que ele estava um pouco irritado – Léo, você fez algum pagamento a João Vaccari no exterior?’ Eu disse: ‘Não, presidente, nunca fiz pagamento a essas contas que nós temos com Vaccari no exterior’. ‘Como é que você está procedendo os pagamentos para o PT?’ ‘Através do João Vaccari, estou fazendo os pagamentos através de orientação do Vaccari de caixa 2 de doações diversas que nós fizemos a diretórios e tal’. ‘Você tem algum registro de algum encontro de conta, de alguma coisa feita de João Vaccari com você? Se tiver destrua’. Ponto. Acho que quanto a isso não tem dúvidas", disse Léo Pinheiro.

 

Léo Pinheiro, já condenado a mais de 34 anos de prisão na Operação Lava Jato, disse ao juiz Sérgio Moro que a OAS reservou e reformou o apartamento triplex do Edifício Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, para Lula.

 

Sérgio Moro: - O Ministério Público afirma, juntou documentos que supostamente diriam isso, que esse apartamento, esse triplex, não teria sido colocado à venda jamais pela OAS.
Léo Pinheiro: - Nunca foi colocado à venda pela OAS.
Sérgio Moro: - Desde 2009?
Léo Pinheiro: - Desde 2009. Eu tinha orientação para não colocar à venda porque pertenceria à família do presidente.

 

O ex-executivo afirmou que as reformas no apartamento foram pedidas por Lula e Dona Marisa.

 

“Todas essas modificações ocorreram, a solicitação, no dia da visita que eu fui com o presidente e a ex-primeira-dama no triplex”, disse o ex-presidente da OAS.

 

Léo Pinheiro disse até que a ex-primeira-dama Marisa Letícia, que morreu em fevereiro deste ano, foi pessoalmente ao triplex em 2014 sem Lula porque ele não queria aparecer no local durante a campanha. Dona Marisa teria pedido que o apartamento ficasse pronto antes do Natal.

 

“O presidente me disse: ‘Olha, em campanha eleitoral não vai ficar bem eu comparecer, isso está muito próximo de campanha, isso vai ser explorado. Teria algum problema de, meu filho iria com a Dona Marisa e você mandaria alguém tal’. Eu, de novo, me ofereci e fui e visitamos. Estava tudo ok. Então, Dona Marisa me fez um pedido, disse: ‘Olha, nós gostaríamos de passar as festas de final de ano aqui no apartamento, teria condições de estar pronto?’ Eu digo: ‘Olhe, pode ficará certa que antes disso nós vamos entregar tudo pronto’. E foi o que ocorreu”, relatou Léo Pinheiro.

 

O ex-executivo também disse que as despesas nas melhorias do apartamento faziam parte de uma conta informal da OAS com o ex-presidente. De acordo com as investigações, o crédito total da conta de Lula era de R$ 3,7 milhões, dinheiro desviado de três contratos da OAS com a Petrobras.

 

Sérgio Moro: - O senhor fez referência, aqui no seu depoimento, a uma contabilidade informal da empresa. Como é que funcionava isso?
Léo Pinheiro: - Eu me referi à contabilidade informal no que diz respeito a despesas efetuadas no triplex que eram lançadas no empreendimento Solaris e, na verdade, essas despesas eram para encontro de conta de pagamento de propina da Petrobras. 

 

Léo Pinheiro é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. No ano passado ele tentou fechar um acordo de delação premiada, mas a negociação foi suspensa depois que vazaram algumas informações. Agora, ele está negociando com o Ministério Público um novo acordo de delação.

 

O juiz Sérgio Moro ainda deve interrogar o ex-presidente Lula no dia 3 de maio. Lula é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O advogado do ex-presidente contestou as declarações de Léo Pinheiro.

 

“O que nós vimos aqui hoje foi uma encenação, uma mentira contada pelo senhor Léo Pinheiro, que está negociando uma delação premiada. Mas a declaração dele jamais vai se sobrepor ao depoimento prestado por 73 testemunhas e diversos documentos que estão no processo e que demonstram de uma forma cabal que o apartamento não é do ex-presidente Lula e que ele não teve qualquer participação em ilícitos da Petrobras”, disse o advogado Cristiano Zanin Martins.

 

João Vaccari disse que as declarações de Léo Pinheiro não são verdadeiras, que são a manifestação de alguém que está negociando uma delação e que não há provas.

 

O PT não se manifestou.