Acima, quantidade de reservas indígenas em Mato Grosso levantada por pesquisa realizada pelo IBGE. Ao todo, são 51,6 mil índios que vivem em nosso Estado
Mais de 40% dos indígenas de Mato Grosso que responderam à pergunta do Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a língua disseram não falar português. O montante representa um número de 15 mil pessoas e esse é um dos indicadores das características gerais dessa população no Estado, que conta com 51,6 mil pessoas. Nesta quarta (19) é lembrado o Dia do Índio e a data serve para lembrar da importância histórica e das dificuldades vividas por essa população.
A pesquisa do IBGE, que compõe o Censo de 2010, divulgado em 2014, faz um recorte de algumas das características dessa população, como tipo de residência, escolaridade e idade. Dentre os indígenas que moram em espaços demarcados, aproximadamente 36% responderam que falavam português. Enquanto isso, 44% disseram não falar a língua e 19% não responderam. O gráfico ao lado mostra os números absolutos acerca desse e de outras questionamento.
O balanço também aponta que do número total 42,5 mil índios residem em terras indígenas, enquanto outros 9,1 mil vivem fora desses espaços, incluindo as zonas urbanas. O Estado ainda tem mais de 30 etnias diferentes e áreas de demarcações de mais de 1 milhão de hectares, como é o caso do Parque Indígena do Xingu, que é a maior e mais conhecida reserva do gênero do mundo.
Campinápolis é o município que conta com a maior proporção de moradores indígenas. São 7,6 mil índios para uma população total de 14,9 mil, o que representa pouco mais de 53%.
Segundo o IBGE, Mato Grosso tem a sexta maior população étnica vivendo em áreas indígenas. O Estado fica atrás do Amazonas (168,6 mil), Mato Grosso do Sul (73,2 mil), Bahia (56,3 mil), Pernambuco (53,2 mil) e Roraima (49,6 mil).
Mário Okamura
Dados do IBGE apresentam total da população indígena no Estado e classificação entre os gêneros
A maior parte dessa população ocupa a faixa etária de pessoas que têm entre 25 e 49 anos. São cerca de 25% de pessoas entre essas idades. A menor parte da população etária corresponde aos indígenas que tem mais de 50 anos, com apenas 9%, aproximadamente.
Terras
De acordo com um balanço da Fundação Nacional do Índio (Funai), contando com algumas variações, o Estado tem cerca de 31 etnias indígenas. Dentre elas estão as Apiaká, Kayabi, Arara, Xavante, Cinta Larga, Guató, Bakairí, Wauja, Karajá, Kayapó, Enawenê-Nawê, Rikbaktsa, Paresí, Bororó, Krenák, Negarotê, Irantxe, Myky, Nambikwára, Panará, Kisêdjê, Naruvôtu, Chiquitano, Ikpeng, Suruí, Wasusu, Tabirapé, Terena, Halotesu, Umutina e Zoró.
São 84 terras cadastradas na entidade, sendo que elas estão separadas em áreas delimitadas, regularizadas, homologadas, em estudo e declaradas. De todos esses espaços, somente dois não estão ocupados por índios atualmente.
A área Krenrehé, localizada em Luciára e Canabrava do Norte, é uma delas e, segundo o relatório da Funai, é considerada uma reserva indígena. O outro espaço não ocupado é a terra Piripkura, localizada em Colniza e Rondolândia. A área tem o status de interditada.
As maiores áreas indígenas são o Parque do Xingu, com 2,6 milhões de hectares; Kayabi (1 milhão ha); Nambikwara (1 milhão ha); Apiaká do Pontal (982,3 mil ha); Aripuanã (750,6 mil ha) e Enawenê-Nawe (742 mil ha).
Parque do Xingu
O Parque do Xingu é, inclusive, o maior do mundo. O espaço foi criado em 1961 pelo então governador Jânio Quadros. São mais de 27 mil km que ultrapassam as fronteiras de São José do Xingu, São Félix do Araguaia, Canarana, Paranatinga, Marcelândia e Vera.
O espaço tem mais de 14 etnias diferentes que habitam no local, considerado pela Organização das Nações Unidas como um dos principais se tratando de diversidade linguística do mundo.