ARIPUANÃ, Quinta-feira, 28/03/2024 -

NOTÍCIA

Mulher é mantida por 16 anos em cárcere privado pelo pai e pelo irmão

De acordo com o delegado, a população nos arredores sabia da existência do crime, mas achava a situação 'normal'

Data: Sábado, 01/04/2017 00:00
Fonte: RIC Mais com informações da Polícia Civil

Local onde Maria Lúcia era mantida presa (Foto: Delegacia Municipal de Uruburetama)

 

Mantida por trás de arames farpados e portas fechadas por cadeados, Maria Lúcia de Almeida Braga, uma mulher de 36 anos que há 16 vivia em cárcere privado, foi resgatada em uma ação da Polícia Civil do Estado do Ceará, por meio da Delegacia Municipal de Uruburetama.



Maria Lúcia foi resgatada no dia 9 de março, mas seu irmão só foi preso na última terça-feira (28), e o caso, divulgado na quarta (29).



Os trabalhos de investigação iniciaram após uma denúncia anônima informar, inicialmente, que a vítima vivia há seis anos presa na casa e era mantida sob condições insalubres.



A polícia concluiu, no entanto, que há mais de uma década e meia a mulher vivia encarcerada e sofrendo descaso por parte de seus familiares. 



No dia 9, os policiais civis foram até o sítio Sobradinho, situado na zona rural de Uruburetama. Chegando lá, a equipe precisou romper alguns obstáculos, como arames farpados e cadeados, que impediam a entrada na propriedade. Ao entrar, os agentes se depararam com mais empecilhos até chegar à vítima detida em um pequeno cômodo.



Ela estava nua e sem higienização, com o corpo envolvido apenas com um pedaço de pano. “A única reação dela, ao ver a equipe de policiais, foi abrir os braços e vir em nossa direção”, afirma o delegado Harley Filho, que presidiu o inquérito.

 

A polícia passou então a buscar pelo irmão de Maria Lúcia, João de Almeida Braga, de 47 anos.



Gravidez

De acordo com as investigações, tudo teve início quando a mulher apresentou problemas psicológicos depois que rompeu um relacionamento e, mais tarde, engravidou. Constrangido com a situação e tentando evitar que a filha pudesse conceber outra criança, o pai da mulher teria decidido trancafiá-la. A criança nasceu e foi dada para adoção.

 

Quando o pai ficou muito idoso, quem passou a manter a mulher presa foi seu irmão. 



De acordo com o delegado, a população nos arredores sabia da existência do crime, mas achava a situação "normal".



O suspeito foi indiciado criminalmente por maus-tratos e cárcere privado. Já a mulher recebeu os atendimentos necessários e está sob os cuidados de outra família.



“No dia que a encontramos, a vítima estava atônita. Ao longo de 20 dias, ela já teve um ganho de peso, está escrevendo e também falando, mas ainda com dificuldade. Aos poucos, está voltando a viver”, completa o delegado Harley Filho.