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NOTÍCIA

Executivo diz que Odebrecht reservou R$ 200 milhões para doações em 2014

Benedito Barbosa, ex-diretor de infraestrutra da empreiteira, prestou depoimento ao TSE; ele citou caixa 2 para o PSDB.

Data: Sexta-feira, 03/03/2017 00:00
Fonte: Por Bom Dia Brasil
 

O ex-diretor de Infraestrutura da Odebrecht, Benedicto Barbosa, disse em depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral nesta quinta-feira (2) que a empreiteira havia reservado R$ 200 milhões para doações eleitorais em 2014, entre repasses legais feitos em nome da empresa, via terceiros e por meio de caixa 2.

 

O depoimento foi tomado pelo ministro do TSE Herman Benjamin, relator da ação, movida pelo PSDB, que investiga irregularidades na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer.

 

Segundo Barbosa, os R$ 200 milhões foram efetivamente gastos com campanhas. De acordo com ele, desse valor, R$ 120 milhões foram pagos por meio de doações legalmente registradas em nome da Odebrecht.

 

Outros R$ 40 milhões foram repassados por meio da cervejaria Itaipava, prática que é chamada de doação por terceiros, e os R$ 40 milhões restantes foram pagos via caixa dois, sem registro oficial.

 

Barbosa disse também que o então candidato à Presidência pelo PSDB, Aécio Neves, pediu doações em 2014 e que a Odebretch pagou ao partido R$ 9 milhões por meio de caixa dois.

 

Segundo ele, R$ 6 milhões foram para apoiar três candidatos: Antonio Anastasia, que disputou o senado pelo PSDB de Minas Gerais e se elegeu, Pimenta da Veiga, candidato tucano ao governo mineiro, e Dimas Toledo, então candidato do PP à Câmara dos Deputados.

 

Benedito disse ainda que outros R$ 3 milhões foram pagos a Paulo Vasconcellos, marqueteiro da campanha de Aécio.

 

Em nota, o PSDB informou que "o senador Aécio Neves solicitou, como dirigente partidário, apoio para inúmeros candidatos de Minas e do Brasil a diversos empresários, sempre de acordo com a lei."

 

A nota diz também que "o empresário Marcelo Odebrecht, que dirigia a empresa, declarou, em depoimento ao TSE, que todas as doações feitas à campanha presidencial do senador Aécio Neves em 2014 foram oficiais."

 

Em depoimento na quarta-feira (1º), também ao TSE, Marcelo Odebrecht disse que Aécio pediu R$ 15 milhões para a campanha de 2014 e que sugeriu que o dinheiro fosse entregue a aliados. Marcelo não esclareceu se seria doação oficial ou caixa 2 e disse que não sabe se o pagamento foi feito.

 

O PSDB afirmou que Marcelo Odebrecht foi explícito ao afirmar que toda a doação para a campanha de Aécio Neves foi feita de forma oficial.

 

A Odebrecht não informou se Fernando Reis e Benedicto Barbosa ainda são funcionários. A empresa declarou que está em curso o processo de desligamento de colaboradores e definição das novas funções daqueles que permanecem.

 

A assessoria de Anastasia afirmou que ele nunca tratou com qualquer pessoa ou empresa sobre assunto ilícito.

 

O advogado de Pimenta da Veiga não quis comentar as declarações de Barbosa.

 

A defesa de Dimas Toledo disse que ele jamais esteve na Odebrecht e não conhece nenhum funcionário da empresa.

 

A reportagem não conseguiu contato com o marqueteiro Paulo Vasconcellos e com a cervejaria Itaipava, para comentar a suposta doação feita por meio da empresa.

 

Também prestou depoimento ao TSE nesta quinta Fernando Reis, alvo de mandado de condução coercitiva na 26ª fase da Lava Jato, em março do ano passado. Ele era presidente da Odebrecht Ambiental.

 

Segundo a Polícia Federal, ele foi citado em troca de mensagens sobre a entrega de valores em espécie.

 

Os advogados de Dilma e Temer, que estavam presentes ao local do depoimento, alegaram sigilo do processo para não revelar detalhes da fala dos executivos e negaram irregularidades na arrecadação da campanha eleitoral.

 

"Não houve nenhuma propina na campanha de Dilma e Temer e principalmente vinda da Odebrecht. Tudo aquilo que for trazido ao processo e for falso e errado nós vamos apontar", afirmou Flávio Caetano, advogado de Dilma Rousseff.

 

"O conteúdo do que disseram aqui, quanto da delação, ainda é sigiloso, então até que isso seja revelado, infelizmente a gente não tem como contribuir mais", disse Gustavo Guedes, advogado de Temer.