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Justiça bloqueia até R$ 20 milhões de advogado alvo da Lava Jato

36ª fase da Operação Lava Jato foi deflagrada nesta quinta-feira (10). Advogado e lobista são suspeitos de 'lavar' R$ 50 milhões.

Data: Quinta-feira, 10/11/2016 00:00
Fonte: Bibiana Dionísio Do G1 PR
 
 
 
 

O juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, decretou o bloqueio de até R$ 20 milhões de advogado Rodrigo Tacla Duran, um dos alvos da 36ª fase deflagrada nesta quinta-feira (10). Existe um mandado de prisão preventiva contra o advogado que não foi cumprido, segundo a Polícia Federal, porque ele está no exterior.



“Não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos”, afirmou Moro.



Segundo o Ministério Público Federal (MPF), ele é suspeito de ter trabalhado por anos no setor de propinas da Odebrecht e de ter operado pelo menos 12 contas no exterior.

 

Ainda conforme as investigações, Duran e o lobista Adir Assad – também alvo desta mais recente fase – foram responsáveis por “lavar” R$ 50 milhões de recursos ilícitos de empresas investigadas na Lava Jato.

 

"Valores das contas secretas da Odebrecht mantidas no exterior eram repassadas sucessivamente para as contas secretas no exterior de Rodrigo Tacla Duran e que, por sua vez, providenciava a disponibilização do equivalente em reais no Brasil", afirmou Moro. 

 

Ainda de acordo com o juiz, o dinheiro em espécie era utilizado para realizar pagamentos ilegais para agentes públicos.

 

"O quadro indica, em cognição sumária, que Rodrigo Tacla Duran seria, assim como Adir Assad, um profissional da lavagem de dinheiro, envolvido em diversos esquemas criminosos. Teria recebido, nas contas de suas empresas e ainda em contas secretas no exterior, valores de três empreiteiras envolvidas na assim denominada Operação Lavajato, Mendes Júnior, UTC e Odebrecht".

 

Ao autorizar a prisão preventiva de Duran, Moro afirmou que o advogado possui dupla cidadania (brasileira e espanhola), o que facilita, na opinião do magistrado, um eventual refúgio no exterior.



"Onde ainda poderá fruir do produto do crime, já que suas contas no exterior não tiveram os saldos bloqueados e confiscados", afirmou o juiz.



Adir Assad está preso na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba.  Ele já foi condenado na Lava Jato por crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa a penas de nove anos e dez meses de reclusão. A mesma medida de confisco não foi adotada em relação a Assad porque isso ocorreu em outra fase.



As suspeitas
Para os investigadores, depois de informações colhidas com delatores e com a quebra dos sigilos bancário e fiscal de Duran e Assad, ficou claro que a dupla participou ativa e continuamente do esquema criminoso envolvendo a Petrobras.



Ainda conforme os investigadores, os operadores usaram contas bancárias no exterior, empresas de fachada e contratos falsos para desviar e lavar dinheiro.

 

Segundo o MPF, só a UTC e a Mendes Junior repassaram mais de R$ 34 milhões ao operador entre 2011 e 2013. Já os valores relacionados à Odebrecht ainda não foram totalmente apurados, conforme o MPF.



"Esses valores não têm justificativa real em prestação de serviços. A participação da Odebrecht, nesse momento, se refere à participação desses operadores na lavagem de dinheiro também para o setor de operações estruturadas", afirmou o procurador Rodrigo Pozzobon.