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NOTÍCIA

Vasco 'culpa' o adversário, mas lhe falta autocrítica

Data: Quarta-feira, 03/08/2016 00:00
Fonte: Por JC Barbosa, do Colina Express
www.vasco.com.br
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Zinho comandou o Vasco contra o Ceará; fosse Jorginho, daria na mesma

 

Uma das reclamações mais constantes da comissão técnica do Vasco é sobre as retrancas praticadas pelos nossos adversários. Sempre que encontramos problemas para vencer uma partida, aparece lá o treinador na coletiva falando que é complicado atuar contra times muito recuados.

 

Pois bem, eis que tivemos uma partida contra um adversário que propôs o jogo e não teve o menor pudor em partir pra cima do Vasco, independente dos espaços que acabariam nos cedendo. E o que aconteceu?

 

Nada. A equipe do Jorginho – dessa vez comandada pelo Zinho, já que o técnico foi expulso na última partida – apresentou os mesmo problemas de sempre. Mesmo com Nenê voltando a jogar, a possibilidade de escalar todos os seus queridinhos privilegiados e tendo um oponente que não se preocupou apenas em se defender, fomos incapazes de concatenar duas jogadas ofensivas em sequência. Não só isso, mas também mostramos uma fragilidade defensiva pra lá de preocupante.

 

O empate sem gols com o Ceará deixou bem claro o que grande parte da torcida já percebeu: se o Vasco tem tido problemas para apresentar um bom futebol, não devemos olhar para as dificuldades que nossos adversários nos trazem, e sim fazer uma autocrítica e tentar corrigir nossas próprias limitações. Ou é culpa de algum adversário vermos Jorge Henrique em campo, exibindo todo seu empenho e “obediência tática” apenas para ser ineficiente em várias posições na mesma partida? Ou são nossos oponentes que escalam o Madson, o corredor que, mesmo tendo um salário como lateral, tem como característica mais marcante o uso das mãos ao arremessar bolas? É responsabilidade de quem está no lado oposto do campo nosso time não conseguir, ao longo de mais de 90 minutos, uma jogada trabalhada sequer e passar toda uma partida apelando para ligações diretas da defesa, rezando que a bola caia nos pés do Nenê, para ele possa resolver o jogo para nós?

 

Por sorte, o esforçado Ceará também tem suas limitações e, mesmo sendo ligeiramente melhor – mas não o bastante para fazer da partida de ontem um espetáculo minimamente interessante –, não conseguiu aproveitar as poucas chances que criou. Mas vale dizer que, mesmo poucas, foram mais e muito mais perigosas que as nossas.

 

Por conta das Olimpíadas, a dupla “Jorzinho” terá 17 longos dias para pensar no que é melhor para o time. Que bom seria se ambos abandonassem algumas convicções e enxergassem que, mesmo fechando o turno com a melhor campanha, ainda há muita coisa que podemos melhorar. Infelizmente, não há a menor indicação de que qualquer um dos dois pense em alternativas. Eles já se mostraram adeptos do “time que está ganhando não se mexe”, mesmo que o time não vença sempre e jogue abaixo do que pode na maioria das vezes.

 

 

As atuações…

 

Martin Silva – teve algum trabalho, mas não precisou fazer qualquer defesa mais complicada.

 

Madson - fraco na defesa e nulo no apoio, não fez nada que justificasse sua titularidade. Como de costume.

 

Rafael Marques – mesmo desengonçado toda vida e não passando muita segurança, se sobressaiu diante do ataque cearense. Seu único erro foi ter batido cabeça do Jorge Henrique e não ter tirado o minicraque de campo. Quem acabou saindo de campo por causa da cabeçada foi o próprio zagueiro, que deu lugar ao Jomar, que jogou com seriedade e manteve o nível.

 

Rodrigo - foi visto dando bicões para frente a cada 15 segundos: metade das vezes para espanar a bola em um ataque adversários; na outra metade tentou - inutilmente - ligar a defesa ao ataque.

 

Julio Cesar - entrou apenas para queimar uma substituição. Henrique entrou em seu lugar e não fez muito diferente do seu titular: restringiu-se à defender sendo uma figura apagada no apoio.

 

Diguinho - uma impressionante quantidade de passes errados, incluindo aí os com menos de dois metros. E como desse jeito não ajudou muito na saída de bola, deveria compensar na proteção à zaga. Algo que também não fez bem. O meio de campo do Vasco ontem foi uma peneira por todo o primeiro tempo.

 

Andrezinho - enquanto teve fôlego, tentou ajudar na marcação e ainda vinha buscar jogo atrás para iniciar as jogadas de ataque. Da metade do segundo tempo em diante sumiu do jogo.

 

Yago Pikachu - segue de vento em popa o trabalho de queimação de filme do Pokémon. Mais uma vez no meio, mais um jogo sem encontrar uma posição correta no time. Volta e meia embolava com Madson na marcação e não fechou o meio de campo com eficiência. Sem falar que, atuando como segundo homem, acaba tendo sua vocação ofensiva anulada. Deu lugaro ao Eder Luis, numa substiuição que nos faz pensar: quem, em nome de Deus, pode cogitar que o Chico Bento poderia fazer algo para mudar o panorama do jogo?

 

Jorge Henrique - está ficando repetitivo e vão dizer que eu pego no pé do cara. Mas, vocês, defensores do minicraque, sejam sinceros... EM QUE o Jorge Henrique contribuiu para o time? Quantas jogadas ele criou? Quantas finalizações fez? A defesa ficou menos vulnerával por causa da sua correria? Pois é. A única impressão que se tirou da sua atuação foi a seguinte: se com Thalles em campo o Éderson mal toca na bola, com JH o atacante mal foi citado pelo narrador da partida.

 

Nenê - visivelmente fora de ritmo e até meio travado na hora dos piques, não conseguiu ajudar muito o time. Em compensação deu uns "dibres" que valeram o ingresso (o que não foi muito difícil, já que o jogo mesmo foi muito fraco).

 

Éderson - acabou isolado na frente e, sem ter quem lhe desse bons passes, mal tocou na bola. Como o lance do cara é fazer gol, aproveitou todas as bolas que apareceram na sua frente e arriscou as finalizações, estivesse onde estivesse. Não teve sucesso. Na única bola que realmente poderia marcar - e não foi uma jogada nossa, e sim uma sobra - acabou se enrolando e nem finalizou.