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NOTÍCIA

Obama manterá 8.400 soldados no Afeganistão até o final de 2016

Data: Quarta-feira, 06/07/2016 00:00
Fonte: AFP /Agence France-Presse

 

O presidente Barack Obama voltou a reduzir o ritmo da retirada de soldados americanos do Afeganistão e anunciou nesta quarta (6) que manterá 8.400 soldados no Afeganistão até o fim de seu mandato, em janeiro de 2017.

 

Segundo ele, a situação no terreno continua perigosa.

 

"Os talibãs permanecem como uma ameaça (...) As forças de segurança afegãs ainda não estão tão fortes quanto deveriam estar", frisou Obama, eleito em 2008 tendo como uma de suas promessas de campanha pôr fim às guerras no Iraque e no Afeganistão.

 

"Em vez de reduzir para 5.500 homens até o fim deste ano, os Estados Unidos manterão aproximadamente 8.400 militares no Afeganistão até o próximo ano, até o fim da minha administração", disse Obama à imprensa na Casa Branca, na véspera de embarcar para a Polônia, onde participa da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

 

O número atual de soldados americanos no Afeganistão é de 9.800.

 

A Casa Branca havia se comprometido com manter em 2017 cerca de 5.500 soldados em um reduzido número de bases no Afeganistão, entre elas a de Bagram (perto de Cabul), Jalalabad (leste) e Kandahar (sul).

 

O presidente afegão, Ashraf Ghani, comemorou o anúncio, considerando-o um símbolo da forte parceria entre os dois países para vencer o "inimigo comum" e "reforçar a estabilidade regional".

 

Já os talibãs ironizaram a declaração americana, afirmando no Twitter que o presidente "Obama (que) não conseguiu fazer nada com 100.000 tropas e com o apoio de 49 países será incapaz de fazer o que quer que seja com 8.400".

 

"Quanto mais numerosos os americanos forem no Afeganistão, mais vítimas eles terão. Eles serão vencidos. Nós sabemos como derrotar os idiotas. E nós temos o moral elevado", afirmou o porta-voz dos insurgentes, Zabihullag Mujahd.

 

Embora a ampla intervenção militar deflagrada após os atentados do 11 de Setembro nos Estados Unidos tenha sido oficialmente encerrada no final de 2014, Obama já foi obrigado a ajustar várias vezes seu calendário de retirada.

 

"Manter nossas tropas nesse nível específico nos permitirá oferecer um apoio adaptado às forças afegãs para que possam continuar a se aprimorar", justificou Obama, reafirmando que os soldados continuarão restritos à missão de aconselhamento e de assistência às forças afegãs.

 

No início de junho, o governo Obama decidiu, porém, dar uma ajuda militar ao governo afegão, deixando uma maior margem de manobra para que as tropas americanas possam intervir nos combates contra os insurgentes. Com isso, elas também podem enviar mais facilmente aviões de combate americanos para apoiar os soldados afegãos nos combates contra os talibãs.

 

'Sinal forte'

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, comemorou no Twitter uma decisão que é "um sinal forte" do envolvimento da Aliança.

 

O senador republicano John McCain também recebeu bem a decisão presidencial, mas disse não compreender a "lógica estratégica" de redução do número de soldados frente a uma situação que continua "precária".

 

"A decisão que estou tomando hoje garante ao meu sucessor ter uma sólida base para o progresso contínuo no Afeganistão, assim como flexibilidade de responder à ameaça do terrorismo", acrescentou.

 

"Não deixarei o Afeganistão ser usado como um esconderijo de terroristas", insistiu, retomando uma justificativa já adotada algumas vezes.

 

Apesar dos bilhões de dólares gastos pelo governo dos Estados Unidos e dos avanços apontados pelos militares americanos, o Exército afegão ainda apresenta inúmeros problemas, especialmente em matéria de organização e de coordenação.

 

Também faltam aviões e helicópteros para apoiar as tropas no terreno. No momento, contam apenas com alguns caças A-29 fornecidos pelos americanos e com helicópteros leves MD-530.

 

As primeiras discussões diretas entre o governo de Cabul e os talibãs aconteceram em julho de 2015. A segunda sessão foi adiada por tempo indeterminado, porém, após o anúncio da morte do fundador do movimento talibã, o mulá Omar.