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NOTÍCIA

PIB leva o Brasil ao quinto trimestre seguido de recessão

A soma de bens e serviços produzidos pelo país no 1º tri teve queda de 0,3%. Indústria é um dos setores mais atingidos pelo momento da economia.

Data: Quarta-feira, 01/06/2016 00:00
Fonte: G1.globo.com/jornal-hoje/ Renata Capucci e Luciano Abreu Rio de Janeiro e Manaus
 
 

O momento ruim da economia brasileira foi quantificado pelo IBGE, que divulgou hoje o PIB, a soma de bens e serviços produzidos pelo país no primeiro trimestre de 2016.

 

Foi uma queda menor que a esperada, mas leva o Brasil ao quinto trimestre seguido de recessão.

 

A vida mudou desde que Melissa Guedes ficou desempregada em setembro do ano passado. “Atualmente eu estou vivendo com a indenização. A ideia é quitar as contas principais deste mês e para o próximo e tô correndo atrás”, diz.

 

No primeiro trimestre de 2016, o Produto Interno Bruto caiu 0,3% em comparação com os três meses anteriores. No comparativo com o primeiro trimestre de 2015, o tombo foi de 5,4%.

 

Isso significa que o país vem empobrecendo. Até a agropecuária surpreendeu negativamente, com menos 0,3%.

 

O governo gastou 1,1% a mais em relação ao quarto trimestre de 2015, mas com a piora do mercado de trabalho, as famílias brasileiras consumiram menos 1,7%.

 

A Melissa é apenas uma das que fez cortes. “Mercado. Antigamente eu fazia, botava tudo que eu queria colocar no carrinho, não me preocupava tanto com o preço. Hoje em dia não, hoje em dia eu olho, faço um leilão rápido do que é uma qualidade boa e um preço bom e diminui radicalmente o que eu comprava”, conta.

 

É a inflação que sobe, os juros altos, o desemprego crescente, tudo isso tem um efeito devastador no comércio. Esses fatores vão corroendo o poder de compra do trabalhador e aí quando as vendas caem, como equilibrar as contas, se o dinheiro está circulando menos?

 

O resultado é, por exemplo, o fechamento de lojas. Só no município do Rio, foram 1.200 estabelecimentos desde o ano passado. E quem mantém o estabelecimento aberto, reclama das vendas. A gerente de uma sapataria, Elias Mendes, diz que caiu cerca de 50%.

 

Esse cenário tem reflexos na indústria, que recuou 1.2%, em comparação com o trimestre anterior e 7,4% considerando os primeiros três meses de 2015.

 

E um futuro melhor para a indústria não é pra já. “É possível que melhore, por conta da desvalorização cambial, mas os investimentos que são necessários na indústria para você atualizar o seu parque industrial, esse investimento os empresários simplesmente eles estão refratados a investir em novas máquinas, em novos equipamentos”, diz Alexandre Espírito Santo, economista.

 

O PIB deste trimestre também mostra que a taxa de investimento caiu. Para o economista Alexandre Schwartsman, porque empresas e pessoas deixam de investir quando não existe uma previsibilidade das ações do governo.

 

“Enquanto não se diagramar uma visão bem clara da evolução das contas do governo, basicamente se o governo vai conseguir pagar suas contas ou não, as pessoas vão ficar receosas. Isso significa que nossa capacidade de crescimento fica comprometida”, comenta.

 

Em nota, o ministério da Fazenda declarou que espera para os próximos trimestres um processo de recuperação da economia em consequência da implementação de medidas anunciadas pelo novo governo.

 

ZONA FRANCA

A indústria é um dos setores mais atingidos pelo péssimo momento da economia. Um exemplo disso é o Polo Industrial de Manaus, região que tradicionalmente emprega muita gente e fabrica muito produto industrializado para todo o Brasil.

 

É a roda da economia. Sem a força do comércio, a indústria reduz a produção, perde faturamento e diminui investimento.

 

O Polo Industrial de Manaus sente o reflexo dessa roda emperrada. Segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), no primeiro trimestre deste ano, as indústrias do polo faturaram 17,22% a menos do que nos três primeiros meses do ano passado.



Os fabricantes de motos foram os que mais sentiram o baque. O setor de duas rodas perdeu 44,95% do faturamento. Eletroeletrônicos também: queda de 44,62%.

 

“O polo depende muito da economia brasileira, as indústrias produzem quase na sua totalidade para atender o mercado brasileiro. O mercado brasileiro fraco, reticente do jeito que está, afeta diretamente a atividade do polo industrial", comenta Wilson Périco, diretor Centro da Indústria – AM.



A derrubada do faturamento arrasta junto milhares de postos de trabalho. Em pouco mais de dois anos, de janeiro de 2014 a março de 2016, 39 mil pessoas perderam o trabalho que tinha no polo industrial de Manaus.

 

Assim, a roda da economia enferruja e o PIB cai. “A gente precisa ter uma agenda econômica diferente, adotar uma política diferente, para estimular o consumo novamente para gente voltar a crescer", declara Luiz Bacellar, economista.