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NOTÍCIA

Aliados defendem Dilma; opositores comemoram aprovação de parecer

Comissão do Senado aprovou parecer pela continuidade do impeachment. Agora, plenário da Casa deve decidir semana que vem afastamento de Dilma.

Data: Sexta-feira, 06/05/2016 00:00
Fonte: Fernanda Calgaro e Gustavo Garcia Do G1, em Brasília
 
 
 
 

A aprovação do relatório, na comissão especial do Senado, que pede a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff gerou reação de políticos favoráveis e contrários ao governo nesta sexta-feira (6). Para parlamentares aliados de Dilma, a presidente está sofrendo um processo de afastamento sem ter cometido crime. Os opositores ao governo comemoram o resultado.

 

A comissão aprovou o relatório do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) por 15 votos a 5. Agora, uma sessão no plenário do Senado, prevista para semana que vem, vai votar o relatório.

 

 
IMPEACHMENT NO SENADO
Possível afastamento de Dilma é analisado
 

O quórum para a abertura da sessão é de 41 dos 81 senadores (maioria absoluta). Se o parecer for aprovado pela maioria simples (metade mais um) dos senadores presentes à sessão, o processo é formalmente instaurado. Por exemplo: se estiverem presentes 50 senadores à sessão, são necessários pelo menos 26 votos para a aprovação ou rejeição do parecer.

 

Caso haja a aprovação, a presidente da República será afastada por até 180 dias para ser julgada pelo Senado e o vice-presidenteMichel Temer assumirá o comando do Palácio do Planalto. Se o relatório for rejeitado, o processo é arquivado.

 

Veja o que disseram os políticos sobre a aprovação do relatório que pede a continuidade do processo de impeachment:

 

Antonio Anastasia (PSDB-MG), relator da comissão do impeachment no Senado
“Tivemos debates ricos na comissão. Agora, a decisão definitiva caberá ao plenário. Caso o relatório seja aprovado, aí será instaurado o processo e será analisado o mérito. Para mim, é impossível a essa altura fazer qualquer previsão [de placar no plenário].”

 

Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), líder do PSDB no Senado
“Talvez já tenhamos os 54 votos no plenário na semana que vem, o que nos dará certa tranquilidade. A defesa ou muda a tática ou será a condenação na certa. A tese do advogado-geral da União [José Eduardo Cardozo] foi muito infeliz. Ele cometeu um erro primário ao negar a autoria e depois alegar legítima defesa. Ou a defesa traz argumentos mais consistentes ou a presidente será condenada.”

 
 

Jaques Wagner, ministro-chefe de Gabinete da presidente Dilma
"O resultado não foi surpresa. Vamos continuar trabalhando para provar a inocência da presidenta Dilma e também a existência de manipulação do processo ocorrido na Câmara dos Deputados. Temos certeza de que, com mais tempo para o exame do Senado, a inocência ficará evidente. Vamos agir também junto ao STF, mostrando que o processo já chegou viciado ao Senado. A presidenta Dilma não ficará os seis meses confinada no Alvorada e defenderá o mandato pelo país", diz nota enviada pela assessoria.

 

Gleisi Hoffmann (PT-PR), senadora
“Infelizmente vai ser cometida essa violência [de afastamento da presidente], mas nós vamos resistir, vamos debater, vamos mostrar que o que estão falando da presidente não corresponde à realidade de um crime de responsabilidade. [A estratégia agora] é convencer os senadores, principalmente os que têm posição de independência, e conseguir pelo menos um terço dos votos contra a admissibilidade no plenário. Embora isso não nos dê vitória, pelo menos mostra que no julgamento, na discussão de conteúdo, nós podemos reverter esse afastamento.”

 

Humberto Costa (PT-PE), líder do governo no Senado
“Era algo já esperado. Mas o que estão chamando de crime é um pretexto para a retirada da presidente Dilma. Não há evidências de crime. Vamos continuar a denunciar esse golpe. No plenário, teremos um resultado diferente, ainda que não seja certa a nossa vitória. Está em curso um golpe parlamentar.”

 

Marta Suplicy (PMDB-SP), senadora
“O Brasil não tem mais condições de continuar com uma presidente que não conversa, que não tem apoio da sociedade civil. Foram sucessivos erros e uma incapacidade de mudar de posições. Acho que [o afastamento da presidente] vai dar confiabilidade à instituição da Presidência daRepública. Se ela tiver o bom senso de renunciar, vai ser um ato de bondade com o país.”

 

Pauderney Avelino (AM), líder do DEM na Câmara
“Já era esperado 15 votos contra 5. O governo só tinha cinco votos. O governo da presidente Dilma já acabou, então agora só estamos contando prazo.  Então, hoje foi na comissão especial do senado, na quarta-feira será no plenário. É o countdown do impeachment. Não vejo como ela não ser afastada. No plenário, deverá ter mais de 50 votos favoráveis ao afastamento. Talvez os 54 votos, que serão necessários para o afastamento definitivo, já deverão ser dados na quarta-feira.”

 

Paulo Teixeira (PT-SP), deputado
“Eu acho que esta votação é uma marca negativa que ainda pode ser modificada na biografia dos senadores, porque aceitar uma peça sem nenhum fundamento como estão aceitando é uma marca negativa, que será a de chancelar um golpe. Eu tenho esperança que, na semana que vem, se possa ter mais voto.”

 

Raimundo Lira (PMDB-PB), presidente da comissão do impeachment
“Saio com o sentimento de dever cumprido por ter dado espaço para que todos pudessem trabalhar. Era visível a supremacia numérica da oposição na comissão. Então, também tive esse cuidado para que houvesse amplo direito de debate, e a defesa pudesse se manifestar para que não houvesse qualquer chance de judicialização. Acho que 70% a 80% dos senadores conhecem o teor do relatório. No plenário, eu vou votar na condição de senador. Já tenho a convicção do meu voto, mas só vou revelá-lo no plenário.”