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O PSDB, o impeachment e o governo Temer

“Ao contrário do PT em 1992 – que, diante do governo de união nacional de Itamar Franco, foi para a oposição e apoiou um novo impeachment –, o PSDB não se furtará a apoiar as medidas necessárias para recupe

Data: Segunda-feira, 02/05/2016 00:00
Fonte: por Marcus Pestana
O Senado instalou a comissão que até dia 13 de maio apresentará ao plenário parecer sobre o afastamento preliminar da presidente Dilma Rousseff. A relatoria está em ótimas mãos. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) é um jurista renomado, respeitado em Minas e no Brasil, professor de Direito Constitucional e Administrativo de uma das melhores escolas brasileiras de Direito, a Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais.
 

O impeachment não era o caminho dos nossos sonhos. Diante de tamanha crise, queríamos novas eleições. Mas os desvios e desmandos foram tantos que ele se impôs como fatalidade histórica. É um instrumento legítimo e constitucional de controle social sobre o poder presidencial. O pior dos mundos é o atual. Nem bem Dilma governa, muito menos Michel Temer assumiu. Vácuo de poder é tudo de que oBrasil não precisa.

O governo Temer terá apenas dois anos e meio de mandato. Nascerá sem a legitimação das urnas. Será, portanto, um governo de transição e reconstrução nacional. Buscará legitimidade na credibilidade da equipe ministerial, na ousadia de suas medidas e nos resultados iniciais conquistados.

É por ter claro esse diagnóstico que o PSDB, um dos principais partidos políticos brasileiros, não irá indicar ministros ou quadros. Não queremos cargos; queremos soluções para os angustiantes problemas nacionais. O Brasil espera de nós a construção de uma agenda nacional de desenvolvimento e de um plano emergencial de ataque à crise, e não a reprodução de velhas práticas de disputa por espaços governamentais.

Nesse sentido, a Executiva Nacional do PSDB, tendo à frente Aécio Neves, discutirá e aprovará amanhã uma carta dirigida à sociedade brasileira e que será entregue ao vice-presidente Michel Temer. O nosso apoio parlamentar à agenda de desenvolvimento e ao ataque à crise será firme e total. Ao contrário do PT em 1992 – que, diante do governo de união nacional de Itamar Franco, foi para a oposição e apoiou um novo impeachment contra Itamar –, o PSDB não se furtará a apoiar as medidas necessárias para recuperar a esperança da população no futuro do país.

Queremos produzir uma convergência em torno de ideias e não de partilha de espaços no governo. O documento deverá apontar pontos essenciais para o PSDB, tais como o fortalecimento da Lava Jato, a simplificação do sistema tributário, a revisão do pacto federativo, a recuperação do equilíbrio fiscal e o restabelecimento de um ambiente institucional favorável à retomada dos investimentos.

Os partidos políticos são instituições centrais na dinâmica da democracia. No Brasil há um abismo crescente entre o sistema político e a sociedade. Partidos não podem ser confundidos como um amontoado de pessoas e interesses e ferramenta à serviço de interesses menores.

Com a decisão de amanhã, o PSDB reafirma sua opção por ser um instrumento coletivo de ação político movido pelo interesse nacional e pelos princípios da moderna social democracia.