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NOTÍCIA

José Riva integrou esquema liderado por ex-governador de MT, acusa MP

Novas investigações da operação Sodoma implicam ex-deputado estadual. Esquemas de fraudes serviriam para gerar propina a organização criminosa.

Data: Quinta-feira, 28/04/2016 00:00
Fonte: Renê Dióz Do G1 MT

José Riva foi denunciado por suspeita de desvio de verba (Foto: Maurício Barbant/AL-MT)

Riva participou de fraudes enquanto era presidente
da ALMT, diz MP (Foto: Maurício Barbant/AL-MT)
 

 

A nova fase de investigações da Polícia Civil na operação Sodoma apontou o nome do ex-deputado estadual José Riva como um dos implicados no suposto esquema de fraudes que teria gerado mais de R$ 17,6 milhões em propinas pagas ao grupo do ex-governador Silval Barbosa no exercício de seu mandato, entre 2011 e 2014.

 

Ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), Riva figura na lista de 17 pessoas denunciadas na nova ação penal proposta pelo Ministério Público com base nas investigações mais recentes da operação Sodoma. A defesa do ex-deputado informou que não teve ainda acesso ao processo, motivo pelo qual só poderia se manifestar posteriormente.

 

De acordo com a ação penal, o ex-deputado se envolveu em uma das situações de fraudes que levaram ao pagamento de propinas ao grupo supostamente liderado por Silval Barbosa durante o exercício do mandato (de 2011 a 2014). Ele aparece como beneficiário da situação descrita pelo MP, tendo recebido tanto quantias em dinheiro quanto imóveis.

 

A acusação se soma a cerca de outros 100 processos a que o ex-deputado responde.Recentemente, pela primeira vez, ele assumiu envolvimento em um esquema de corrupção - no caso, de desvio de R$ 9,3 milhões da ALMT, admitindo ter recebido cerca de R$ 700 mil.

 

Riva já foi preso por quatro vezes por força de investigações das operações Ararath, Imperador, Ventríloquo e Metástase. Agora, ele é um dos novos nomes implicados na operação Sodoma, que já prendeu o ex-governador Silval Barbosa, ex-secretários - como Pedro Nadaf e Marcel de Cursi - e até um dos filhos do ex-governador, Rodrigo Barbosa.

 

O ex-governador Silval Barbosa (PMDB) foi escoltado à CPI da Renúncia e da Sonegação Fiscal na ALMT, mas manteve-se calado. (Foto: Renê Dióz / G1)
Silval Barbosa é apontado como líder do grupo
investigado na Sodoma (Foto: Renê Dióz / G1)
 

Participação de Riva
Segundo a denúncia, José Riva foi um dos beneficiários das propinas pagas pelo empresário Willians Paulo Mischur (preso durante a segunda fase da operação Sodoma) entre março de 2011 e dezembro de 2014. Os pagamentos eram feitos em parcelas que variavam de R$ 500 mil a R$ 700 mil, conforme revelou o ex-secretário estadual de Administração César Zílio. Ele também foi preso na segunda fase da operação, mas confessou envolvimento em fraudes e acabou firmando acordo de delação premiada junto ao MP.

 

Conforme os depoimentos de Zílio, o governador Silval Barbosa condicionou a manutenção do contrato da SAD com a empresa Consignum – de propriedade de Mischur – à articulação de uma fraude que permitisse desviar dinheiro público em benefício do grupo supostamente liderado por ele. O contrato, de 2008, estava em via de expirar e, com ordens de Silval Barbosa, Zílio pressionou Mischur para que se submetesse ao esquema proposto a fim de aditar o termo.

 

Os valores serviriam para beneficiar o grupo de Silval Barbosa e pagar parte das dívidas da campanha eleitoral de 2010. Segundo Zílio, entre 60% e 70% dos valores pagos periodicamente por Mischur deveriam ser repassados a Silval Barbosa – que chegava a receber os valores em espécie, deixados em volumes dentro do banheiro do gabinete no Palácio Paiaguás, sede do governo estadual.

 

Em 2014, Riva – interessado em elevar o valor da vantagem indevida recebida periodicamente – articulou para que a SAD substituísse a empresa de Mischur por uma com a qual ele já havia acertado um valor superior a título de propina (R$ 1 milhão mensal).

 

Rodrigo da Cunha Barbosa foi preso durante operação policial em Cuiabá (Foto: Reprodução/TVCA)
Filho de ex-governador foi preso na
última segunda-feira (Foto: Reprodução/TVCA)
 

A SAD logo lançou um pregão presencial para isso, o qual acabou questionado na Justiça por Mischur por meio de um mandado de segurança. Por fim, a SAD acabou anulando o pregão administrativamente. Quem confessou essas tratativas à Polícia Civil e ao MP foi o ex-titular da SAD à época, Pedro Elias, que também firmou acordo de delação premiada na operação Sodoma.

 

Pedro Elias confessou também que chegou a exigir R$ 50 mil do empresário Mischur. Ele disse que recebeu o valor e que o empresário também entregou a Riva – após o impasse do pregão da SAD - dois apartamentos de um prédio residencial no Bairro Santa Rosa, em Cuiabá, bem como a quantia de R$ 2 milhões.

 

De acordo com o empresário Tiago Dorilêo, que confessou envolvimento nas articulações, o então deputado chegou a realizar reunião em sua residência para tratar do esquema. Nesta oportunidade, Riva revelou que Silval lhe devia dinheiro e, como pagamento, deixou-lhe a “gestão” do esquema envolvendo o contrato da Consignum com a SAD.

 

O MP também relata na denúncia uma reunião no gabinete de Riva na Presidência da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) a respeito do esquema, ocasião em que o então deputado exigiu que o pagamento de propina passasse a ser feito diretamente a ele.