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Prefeitura de SP dá prazo para engenheiro explicar desabamento

Acidente em estande de vendas na Vila Olímpia deixou um morto e feridos. Houve perícia no local; engenharia deve justificar trabalhos, diz secretaria.

Data: Sábado, 23/04/2016 00:00
Fonte: Do G1, em São Paulo
 
 
 

A Prefeitura de São Paulo deu até segunda-feira (25) para o engenheiro responsável pela construção de um estande de vendas de um prédio de luxo explicar o desabamento, ocorrido na sexta-feira (22), e justificar suas ações. O estande, localizado na Vila Olímpia, Zona Sul da capital, abrigava um apartamento decorado que estava exposto para visitação para vendas.

 

 

O acidente ocorreu por volta das 9h, e deixou um morto e cinco pessoas feridas. As buscas do Corpo de Bombeiros pelas vítimas sob os escombros duraram mais de três horas.

 

Segundo a Secretaria de Coordenação de Subprefeituras, "o engenheiro responsável pela obra da ICR Construção Racionais, que construiu o estande de vendas do empreendimento da Cyrela no Itaim Bibi, na zona oeste da capital, tem até segunda-feira (25) para comprovar que seguiu as recomendações do alvará de autorização expedido pela Subprefeitura Pinheiros".



A pasta informou ainda que o engenheiro que projetou o estande "terá de justificar o ocorrido, suas razões e procedimentos, além de se submeter ao confronto de informações levantadas pela polícia técnica do governo estadual e pela Defesa Civil do município".

 

No local onde houve o acidente será construído um prédio de alto luxo que terá unidades de 275 m² a 592 m², com valor médio de R$ 6,9 milhões a R$ 10 milhões. A Cyrela, responsável pela obra, disse que o estande de vendas foi desativado na última quarta-feira e que as obras do prédio não começaram.



A obra do estante está interditada, informou a prefeitura. Já o empreendimento residencial da Cyrela possui alvará de execução emitido em outubro de 2015, que permite a construção da edificação, conforme a secretaria de Coordenação de Suprefeituras.

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Acidente ocorreu em estande de venda na Vila Olímpia (Foto: Editoria de Arte/G1)
 
 

A assessoria de imprensa da Cyrela e da ICR informaram que irão entregar a documentação à prefeitura dentro dos processos legais e que irão cumprir todas as exigências, mas que as demais informações sobre o estande não serão passadas à imprensa.

 

Na sexta-feira, ambas as empresas lamentaram o ocorrido e informaram que estavam apoiando as autoridades nas investigações.

 

O local do acidente passou por perícia do Instituto de Criminalística e, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, os trabalhos dos peritos já foram encerrados e o terreno, liberado aos donos. A obra no estande, segundo a prefeitura, porém, está interditada.



O acidente
Segundo o capitão Carlos Duvernay, dos Bombeiros, e Milton Roberto Persoli, coordenador da Defesa Civil, as cinco vítimas tiveram ferimentos leves. Todos eram operários e foram levados ao Prontos-Socorros da Lapa e Vergueiro.

 

O operário Antonio Soares Nascimento, nascido em 1977, morreu no desabamento, segundo a Defesa Civil. O corpo dele já foi liberado pelo Instituto Médico Legal (IML) da capital e retirado pela família na tarde de sexta-feira.

 

Ainda de acordo com o capitão Duvernay, a obra do estande tinha paredes de gesso e estrutura metálica leve, o que indica ser uma "obra provisória".

 

Um estande de vendas da obra de um prédio em construção é visto após desabar na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Estande de vendas de um prédio a ser construído é visto após desabar na Vila Olímpia, na Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
 
Detalhe da estrutura do estande de vendas da obra de um prédio em construção que desabou na Vila Olímpia, na zona sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
Detalhe da estrutura do estande de vendas de um prédio a ser construído que desabou na Vila Olímpia, Zona Sul de São Paulo (Foto: Fábio Tito/G1)
 

A Defesa Civil ainda não sabe informar as causas do acidente e diz que, a príncipio, a obra era regular. "Não temos ideia do que provocou este colapso nesta estrutura, estamos aguardando os responsáveis da empresa que estava executando a reforma. O estande estava passando por uma reforma, então estamos esperando os encarregados, os engenheiros com as autorizações e os alvarás do projeto para que a gente possa ter uma ideia de uma possível causa", disse Persoli.

 
 

Vizinha ouviu barulho
Uma vizinha da obra se assustou com o barulho. “Eu estava na cozinha, ouvi um barulhão, parecia um caminhão cheio de tralha, até achei que tinha sido um acidente [de trânsito]. Fui olhar para ver o que era e começou barulho de viatura”, conta a jornalista Suelen Rodrigues, de 33 anos, uma moradora de um prédio vizinho ao local do desabamento.

 

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de São Paulo, Antônio de Sousa Ramalho, disse que esse tipo de acidente “não pode ocorrer”.

 

“A responsabilidade é da Cyrela, mesmo se contratou outra empresa para a obra. Não pode simplesmente contratar e não fiscalizar. Nós já acionamos o Ministério do Trabalho, na segunda-feira vem um auditor visitar o local e nós vamos acompanhar”, disse. “Recebi a denúncia de trabalhadores de que os funcionários da obra não tinham carteira assinada, eram informais. Vamos investigar se é isso mesmo, essa prática é comum nesse tipo de obra.”

 

A Cyrela informou, por meio de nota, que o estande estava desativado e que presta solidariedade às vítimas.

 

"A Cyrela e a ICR Construção Racionais lamentam profundamente o ocorrido na data de hoje, esclarecendo que o estande de vendas estava desativado desde a última quarta-feira. As empresas informam que estão prestando toda assistência às vítimas e suas famílias,  bem como estão auxiliando as autoridades na investigação dos fatos", diz a nota.