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NOTÍCIA

PSDB confirma prévias no domingo para Dória vencer por W. O.

Adversário Andrea Matarazzo anunciou nesta sexta a desfiliação do partido. Partido chegou a consultar terceiro colocado no 1º turno para participar.

Data: Sexta-feira, 18/03/2016 00:00
Fonte: Roney Domingos Do G1 São Paulo
 
 
 
 
João Dória Jr e Andrea Matarazzo, pré-candidatos do PSDB para as eleições municipais de São Paulo (Foto: Leonardo Benassatto/Estadão Conteúdo e Letícia Macedo/G1)
João Dória Jr e Andrea Matarazzo, pré-candidatos do PSDB para as eleições municipais de São Paulo (Foto: Leonardo Benassatto/Estadão Conteúdo e Letícia Macedo/G1)
 

O diretório municipal do PSDB confirmou na tarde desta sexta-feira (18) a realização do segundo turno das prévias, neste domingo (20), para definir o candidato do partido à eleição para prefeito de São Paulo, em outubro. A votação terá apenas um pré-candidato, João Dória Jr., depois que o outro concorrente, Andrea Matarazzo, anunciou a desistência e a desfiliação do partido pela manhã.

 

O PSDB chegou a consultar o deputado Ricardo Trípoli, que tinha ficado em terceiro lugar no primeiro turno e estava fora do segundo turno, se ele gostaria de participar da votação no lugar de Matarazzo, mas Trípoli recusou.

 

Com isso, Dória deverá ser escolhido por W. O. "Dessa forma, no domingo, dia 20, as urnas terão três possibilidades de voto: João Dória, branco e nulo", diz nota do partido.

 

Matarazzo anunciou nesta sexta-feira (18) a desfiliação do PSDB após o partido revogar a decisão de adiar o 2º turno das prévias para definir o candidato do partido à eleição para prefeito de São Paulo, em outubro. Matarazzo já entregou sua carta de desfiliação à executiva do PSDB.(leia íntegra no fim da reportagem)

 

O partido confirmou a desfiliação de Matarazzo e está reunido para definir como será escolhido agora o representante do partido nas eleições municipais.

 

"Depois de 25 anos de dedicação e lealdade, não tenho mais condições de me manter no PSDB. Tomo tal atitude depois de muito refletir, com dor no coração. Mas é o único caminho que me resta. Pelo exposto, solicito minha desfiliação do Partido da Social Democracia Brasileira", escreveu Matarazzo.

 
 

O PSDB realizaria o 2º turno das prévias municipais no domingo (20) entre Matarazzo e o empresário João Dória Jr., que foi o mais votado no 1º turno.

 

Acusações
Matarazzo acusou Dória Jr. de irregularidades no dia da votação do primeiro turno.

 

"O comportamento de parte do partido nestas prévias que é uma réplica do que o PT está fazendo e o PSDB condena. Vimos compra de votos sem cerimônia com gravações para comprová-la, transporte de eleitores, constrangimento de pessoas, seguranças dentro dos locais de votação e uso da máquina pública", escreveu Matarazzo, em nota. "Tudo isso me faz acreditar que o PSDB não é mais o partido que ajudei a construir."

 

Matarazzo havia solicitado o adiamento do segundo turno. "Dada a insegurança jurídica e ilegalidades cometidas pelo outro candidato, pedi o adiamento do segundo turno das prévias", alegou.

 

O diretório municipal adiou o segundo turno para 30 de abril, mas a executiva estadual manteve as prévias para este domingo.

 

Andrea Matarazzo postou explicação sobre sua saída do PSDB (Foto: Reprodução/Facebook/Andrea Matarazzo)
Andrea Matarazzo postou explicação sobre sua saída do PSDB (Foto: Reprodução/Facebook/Andrea Matarazzo)
 

Na carta, Matarazzo expressa sua "indignação diante do descalabro ocorrido nas prévias para escolha do candidato do PSDB a Prefeitura de São Paulo." O vereador diz que "ao se deparar com as barbáries ocorridas ao longo do processo das prévias" percebeu "que ele se transformou na negação do que, desde a sua origem, o PSDB pregou."

 

Ele aponta que viu no dia da votação "o intensivo uso da máquina do governo do Estado, bem como o ilegal abuso do poder econômico". Em nota, Matarazzo afirmou: "Eu entrei nessa prévia para ser o prefeito de São Paulo e não para ser cabo eleitoral para 2018."

 

"Ao longo do fatídico dia 28 de fevereiro assistimos perplexos a ostensiva e irregular publicidade eleitoral; a prática escancarada de boca de urna (definida como crime eleitoral); o transporte massivo de eleitores; a oferta de alimentação; a realização de festas com oferecimento de bebida alcoólica; a violência nos locais de votação; o impedimento dos fiscais exercerem suas funções; a afronta ao exercício do voto secreto; a intimidação física e moral de eleitores. E a pior das afrontas: a compra de votos", disse Matarazzo.

 

Matarazzo diz que O processo foi "completamente contaminado pelo arranjo do pré-candidato João Dória Jr." e "foi definitivamente colocado sob suspeição a partir das próprias declarações do postulante, confessando à imprensa que faz pagamentos mensais a militantes tucanos para obter apoio nas prévias." Para ele, "isso é ilegal, imoral e indecente."

 

Matarazzo reclama da "passividade com a qual o processo está sendo tratado" e da "intervenção do diretório estadual no diretório municipal."

 

"O PSDB ainda é um partido formado por uma parcela de pessoas dignas, militantes dedicados e batalhadores, lideranças inquestionáveis, mas que também foram atropeladas por essa forma arcaica, atrasada de se fazer política. Sou profundamente grato a essa militância tucana que não se dobrou à pressão e exerceu seu direito de votar livremente na disputa interna. Ela sempre terá o meu respeito."

 

Resposta de Dória Jr.
João Dória Jr. negou ter feito pagamentos a cabos eleitorais e ter sido de alguma forma beneficiado com o uso da máquina do governo do estado. Ele lamentou a saída de Matarazzo do partido.

 

"Não é depreciativo você não vencer. O que é triste é você não saber perder", afirmou. Segundo Dória, as prévias de domingo estão mantidas. "Mesmo com a desistência do Andrea haverá o segundo turno no próximo domingo", afirmou.

 

"Eu não fiz essas declarações. Não houve nenhuma irregularidade de nenhuma espécie. O vereador Andrea Matarazzo está desestabilizado emocionalmente por conta da primeira derrota que sofreu nas prévias e pela iminência de ser derrotado pela segunda vez no segundo turno das prévias. Sair atirando não é um gesto correto de alguém que se diz democrata", afirmou Dória.

 

"Não houve de nenhuma máquina e quem fez campanha durante sete anos ocupando uma função pública, de vereador, gabinete, funcionários, automóvel, ciombustível, alimentação, não fui eu", afirmou.

 

Andrea Matarazzo e João Doria (Foto: Letícia Macedo/G1, Divulgação)
Andrea Matarazzo e João Doria (Foto: Letícia Macedo/G1, Divulgação)
 

2º turno das prévias
Segundo o partido, estavam aptos a votar nas prévias 27 mil filiados do PSDB em São Paulo. A votação em 58 zonas eleitorais acontecerá em diversos pontos da capital.

 

A apuração dos votos aconteceria na Câmara Municipal de São Paulo e o resultado seria divulgado na noite de domingo. O PSDB ainda não se pronunciou o que muda nas prévias com a saída de Matarazzo.

 

No primeiro turno, Dória teve 2.681 votos (43,13%), Matarazzo, 2.045 (32,89%), e Ricardo Tripoli, 1.387 (22,31%). Houve apenas dois votos em branco e um nulo.

 

Polêmicas
O primeiro turno foi marcado por briga, denúncia e problemas na contabilização dos votos. Antes do encerramento da apuração, o senador suplente pelo PSDB, José Aníbal, e o vice-presidente do partido, Alberto Goldman, pediram ao diretório municipal o cancelamento da pré-candidatura de Dória.

 

Aníbal, que apoia a candidatura do deputado federal Ricardo Trípoli, e Goldman, militante do vereador Andrea Matarazzo, acusaram Dória de abuso do poder econômico e de ter cometido crimes eleitorais durante o processo.

 

Aníbal e Goldman afirmaram que o João Dória fez propaganda ilegal, através da distribuição de cavaletes, da boca de urna e do uso de carro de som nas regiões de votação.

 

Alckmin e João Dória votam em prévia do PSDB em SP (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)
Alckmin e João Dória votam em prévia do PSDB em SP (Foto: Nelson Antoine/FramePhoto/Estadão Conteúdo)
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Vereador Andrea Matarazzo durante votação das prévias do PSDB com José Serra e Alberto Goldman (Foto: Divulgação assessoria Matarazzo)
O vereador Andrea Matarazzo (centro), com José Serra e Alberto Goldman, durante votação (Foto: Divulgação)
 

Leia a íntegra da carta de desfiliação de Andrea Matarazzo:

Prezados,
Venho por meio desta reiterar minha indignação diante do descalabro ocorrido nas prévias para escolha do candidato do PSDB a Prefeitura de São Paulo.

 

Faço isso em respeito aos paulistanos, aos mais de 117 mil votos que obtive nas últimas eleições; em respeito aos meus pares, os vereadores do PSDB, representantes populares aguerridos, que fazem a justa oposição ao PT na cidade, e que me confiaram a liderança da maior bancada na Câmara Municipal; em respeito aos membros da Comissão Executiva Municipal do PSDB, da qual faço parte; e em respeito aos milhares de militantes do PSDB em nossa cidade.

 

Como líder da bancada de vereadores e representante da Executiva Municipal tenho o dever de multiplicar esforços para fortalecer a sigla – algo que sempre fiz e faço com dedicação e empenho - e a responsabilidade de denunciar procedimentos que denigrem o partido.

 

Como pré-candidato a prefeito de São Paulo, cidade onde nasci, cresci e me formei politicamente, dentro dos preceitos da  ética e da transparência, tenho a obrigação de exigir lisura nos procedimentos de escolha, que, longe de consagrar a democracia partidária, avilta não só os filiados, mas a própria democracia.

 

Aprendi com Mario Covas o significado da luta e do trabalho pela Social Democracia. Segui trilhando esse caminho ao lado de lideranças como Fernando Henrique Cardoso, Alberto Goldman, José Serra, Aloysio Nunes, Arnaldo Madeira, José Gregori e tantos outros.

 

São essas as raízes do PSDB. São essas as minhas raízes, que se frutificaram em mais de 25 anos de militância.

 

O PSDB veio à luz para oxigenar a vida política nacional. Para combater formas ossificadas de se fazer política, para dar vez e voz a militantes sufocados pelo caciquismo, pela subordinação da política a projetos pessoais e mandonistas. Para fazer frente aos que utilizavam a máquina do Estado para obter maioria, sufocando qualquer possibilidade de democracia interna.

 

Assim, ao me deparar com as barbáries ocorridas ao longo do processo das prévias percebi que ele se transformou na negação do que, desde a sua origem, o PSDB pregou.


É a isto que não me subordino.

Contra o que vi, acompanhado de valorosos companheiros, no dia do sufrágio: o intensivo uso da máquina do governo do Estado, bem como o ilegal abuso do poder econômico.

 

Ao longo do fatídico dia 28 de fevereiro assistimos perplexos a ostensiva e irregular publicidade eleitoral; a prática escancarada de boca de urna (definida como crime eleitoral); o transporte massivo de eleitores; a oferta de alimentação; a realização de festas com oferecimento de bebida alcoólica; a violência nos locais de votação; o impedimento dos fiscais exercerem suas funções; a afronta ao exercício do voto secreto; a intimidação física e moral de eleitores.

 

E a pior das afrontas: a compra de votos.

Tudo, absolutamente tudo, registrado por meio de fotos, vídeos, depoimentos e pela grande imprensa, que tornou público à sociedade aquilo que o PSDB mais condena em seus oponentes: o vale tudo eleitoral.

 

O processo, completamente contaminado pelo arranjo do pré-candidato João Dória Jr., foi definitivamente colocado sob suspeição a partir das próprias declarações do postulante, confessando à imprensa que faz pagamentos mensais a militantes tucanos para obter apoio nas prévias.

 

Isso é ilegal, imoral e indecente.

Destaca-se ainda o flagrante uso da máquina estatal para auxiliar em favor de uma candidatura. Mais grave: antecipando a campanha presidencial de 2018, com um cabo eleitoral passando ao largo dos interesses locais, das demandas e da vida do cidadão paulistano. Nada disse é irrelevante ou ridículo, como foi afirmado.

 

Estamos todos em risco. Dada a passividade com a qual o processo está sendo tratado, fundamentado em abuso de poder econômico e na falta de conduta moral de uma das candidaturas, todos nós seremos coniventes com o erro, com o “tudo pode”, com a ilegalidade.

 

Nem mesmo a apuração das gravíssimas denúncias encaminhadas por iminentes representantes do nosso partido, no dia do pleito, recebeu tratamento adequado. Primeiro, a relatoria ficou a cargo de um aliado confesso do pré-candidato denunciado, que protelou a análise, permitindo – e até incentivando - que os mesmos métodos inaceitáveis se repetissem no segundo turno.

 

Não bastasse, a Executiva do Diretório Estadual interveio no Diretório Municipal e, com mãos de ferro, cassou a decisão de adiamento da data do turno final, o que permitiria a apuração de denúncias e evitaria a consagração da ilegitimidade da disputa.

 

Jamais considerei a hipótese de ser submetido a tamanha ignomínia.

 

Nunca pude me imaginar em uma agremiação em que parte de seus membros são capazes de chancelar a compra de votos, o uso da máquina, o crime eleitoral. Jamais imaginei que um grupo no partido que ajudei a construir, que apoiei em vitórias e derrotas, decidisse rifar o futuro da maior cidade do país. E que viesse dar aval a um processo viciado e ilícito.

 

O PSDB ainda é um partido formado por uma parcela de pessoas dignas, militantes dedicados e batalhadores, lideranças inquestionáveis, mas que também foram atropeladas por essa forma arcaica, atrasada de se fazer política. Sou profundamente grato a essa militância tucana que não se dobrou à pressão e exerceu seu direito de votar livremente na disputa interna. Ela sempre terá o meu respeito.

 

Mas o caminho que a legenda tomou nessas prévias é inaceitável. Além de beneficiar uma candidatura, atropelou o princípio da isonomia na disputa interna e desconsiderou o mais importante: o destino dos milhões de paulistanos.

 

Diante de tudo isso, depois de 25 anos de dedicação e lealdade, não tenho mais condições de me manter no PSDB.

 

Tomo tal atitude depois de muito refletir, com dor no coração. Mas é o único caminho que me resta.

 

Pelo exposto, solicito minha desfiliação do Partido da Social Democracia Brasileira

 

Andrea Matarazzo"