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"Presidente da República não pode ser grampeado", esbraveja Dilma

Em novo discurso sobre gravação da Polícia Federal de conversa com Lula, Dilma cita escândalo de "Watergate", que levou à queda de Nixon da presidência dos EUA em 1974

Data: Sexta-feira, 18/03/2016 00:00
Fonte: Por iG São Paulo

 

A presidente da República discursa ao entregar casas do Minha Casa Minha Vida, nesta sexta-feira
                Roberto Stuckert Filho/PR - 18.03.2016
A presidente da República discursa ao entregar casas do Minha Casa Minha Vida, nesta sexta-feira
 

Dois dias após a divulgação do grampo telefônico que mostrava uma conversa entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, a presidente da República voltou a criticar a ação do juiz federal Sérgio Moro de tornar pública a gravação feita pela PF, em discurso em evento em Feira de Santana (BA), nesta sexta-feira (18).

 

Frente a um público composto por apoiadores, que acabavam de receber casas do programa de habitação popular Minha Casa Minha Vida, Dilma se mostrou bem menos contida do que na ocasião em que falou sobre o tema pela primeira vez, na véspera, e esbravejou que "presidente da República não pode ser grampeado".

 

"Graças a Deus, nossas instituições são apolíticas, porque a Justiça não pode ser politizada [...] Meu governo garantiu autonomia para a Polícia Federal investigar quem fosse necessario, meu governo respeita o Ministério Público e o Judiciário. Agora, nós consideramos uma volta atrás na história a politização desses atos. Ninguém pode defender uma polícia ou Ministério Público que se mostra a favor de alguém por critérios políticos", discursou a presidente.

 

"Eu não sou passível de grampo, a não ser que o Supremo [Tribunal Federal, responsável por julgar autoridades com foro privilegiado] autorize. Senão, fere frontalmente a Lei de Segurança Nacional, que protege o presidente."

 

Para exemplificar a ilegalidade dos grampos contra si, Dilma citou Watergate, escândalo político no qual a Casa Branca grampeava telefones de adversários, que levou à queda do então presidente dos EUA, Richard Nixon, em 1974. Fazendo coro ao que o ministro José Eduardo Cardoso, da Advocacia-Geral da União, disse na véspera, a petista repetiu que o Planalto tomará medidas judiciais contra Moro.

 

"Nixon grampeava todo mundo que entrava na casa dele. Todos os telefonemas, ele ia lá e grampeava. Mas não ficou assim, não. A Suprema Corte dos EUA mandou ele entregar todos os grampos e proibiu ele de grampear [...] Nem presidente da República pode grampear sem autorização [...] E, em outros países, quem grampeia presidente vai preso."