Manifestantes estão reunidos desde o fim da manhã deste domingo (13) na Avenida Paulista, em São Paulo, para protestar e pedir o impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). Por volta das 9h, carros de som foram estacionados ao longo de toda avenida e os primeiros grupos começaram a chegar ao local. A Polícia Militar acompanha o ato desde as 10h. A manifestação estava marcada para às 14h, mas começou antes, no início da tarde.
Segundo parcial do Instituto Datafolha, o protesto na Avenida Paulista reuniu 450 mil pessoas, em contagem feita às 16h. O número fechado ainda não foi divulgado, uma vez que o ato continua. Segundo o Instituto, a manifestação em São Paulo já é o maior protesto registrado na história da cidade.
Já a porta-voz da Aliança Nacional dos Movimentos Democráticos, Carla Zambelli, disse ao G1 que o número de manifestantes passou de dois milhões de pessoas. Segundo ela, a aliança reúne 40 movimentos que participaram do ato.
Cartazes e faixas pedindo o impeachment de Dilma e em apoio ao juiz Sérgio Moro foram pregados nos postes. Ambulantes vendem bandeiras, apitos, camisetas e bonecos de ar do ex-presidente Lula e da Dilma como presidiários. Sob o Museu de Arte de São Paulo (Masp), manifestantes batiam panelas. Até o momento, a PM não informou balanço de participantes.
Um grupo encheu bonecos infláveis da presidente Dilma Rousseff, vestida de vermelho e com uma máscara, e do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva com roupa de presidiário, apelidado de "pixuleco".
No começo da tarde, uma mulher foi detida pela Polícia Militar por desacato em frente ao Masp e houve um princípio de confusão (assista ao vídeo abaixo). A corporação disse que a mulher arremessou uma garrafa de água contra os policiais. Ela foi retirada do ato e levada para o 78º Distrito Policial (DP).
Políticos no ato
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o senador Aécio Neves, ambos do PSDB,foram recebidos com xingamentos por alguns manifestantes quando eles chegaram na Avenida Paulista na tarde deste domingo, segundo relatos dos jornais Folha de S. Paulo, O Globo e da rádio CBN. Os dois também foram aplaudidos por outros manifestantes.
Os dois políticos se encontraram no Palácio dos Bandeirantes e foram juntos para a Paulista. Desceram em uma van atrás do Masp onde foram recebidos por manifestantes. Algumas pessoas gritaram "oportunistas" para eles. Uma mulher gritou "Fora Aécio! Fora vagabundo! Você é lixo também" (ouça o áudio da CBN).
Citado na Operação Lava Jato, Aécio Neves afirmou: "Todas as citações têm que ser investigadas, e todas elas são falsas", disse Aécio. A reportagem da GloboNews perguntou para Aécio Neves: "O que o senhor achou da reação das pessoas?". O senador respondeu: "É extremamente poisitiva, hoje estamos unidos em um só objetivo, terminar o governo Dilma".
A reportagem também questionou Alckmin: "Houve manifestações contrárias ao senhor, não é, governador?". O governador disse: "Não, eu não vi nenhuma manifestação. É uma grande manifestação popular, é preciso saber ouvi-la e agir para ajudar o país a mudar o mais rápido possível". Os dois foram convidados pelo Movimento Brasil Livre para discursar no carro de som, mas não aceitaram. Eles deram entrevistas na avenida e logo foram embora.
Este é o primeiro protesto a favor do impeachment que conta com a presença do governador Geraldo Alckmin. Já Aécio Neves participou de atos em Belo Horizonte, um deles na manhã deste domingo, antes de rumar para São Paulo. Nos últimos dias, o PSDB chegou a divulgar vídeo em que o senador convoca a população para participar dos atos deste domingo.
A comitiva também é integrada, entre outros, pelo senador Aloysio Nunes e pelos deputados federais Antonio Imbassahy e Paulinho da Força, do Solidariedade. Alckmin afirmou que "é preciso uma solução rápida para retomar o crescimento" e chamou o dia de protestos de "dia da democracia". "Temos certeza de que vamos ter um show de civismo, de liberdade de expressão e de democracia", disse.
A senadora Marta Suplicy (PMDB) foi hostilizada enquanto dava entrevista em frente ao prédio da Federal das Indústrias do estado de São Paulo (Fiesp). Sob gritos de "perua", "vira casaca" e "fora PT", ela deixou o ato e voltou ao prédio da Fiesp acompanhada de militantes da juventude do PMDB.
A assessoria de imprensa da senadora informou, no entanto, que Marta foi "positivamente saudada por centenas de manifestantes que o tempo todo vinham ao seu encontro para cumprimentá-la e fazer fotografias ao lado de simpatizantes e seus familiares" e que apenas "um senhor acompanhado de uma mulher, exclamou em voz alta a frase 'PMDB é igual ao PT'". Ainda segundo a nota, a senadora retirou-se do protesto "sem nenhum tipo de hostilidade".
O político Levy Fidelix, presidente do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), também foi vaiado pelos manifestantes enquanto discursava no protesto. Ele pede a saída da presidente Dilma Rousseff.
O senador José Serra (PSDB) chegou ao ato no meio da tarde. O G1 encontrou Serra na Rua Pamplona por volta de 15h45. Ele acenou, tirou umas fofos e subiu para a Avenida Paulista. Depois da passagem do senador, os manifestantes gritaram "Fora PT".
Público
A aposentada Joana D'Arc disse que saiu de casa neste domingo para "protestar contra o PT radicalmente". Ela foi até a Avenida Paulista com amigos do prédio onde mora, da Vila Romana, carregando uma faixa escrito "fora PT".
Embrulhado em papel de presente, o protético Wagner Paiva foi fantasiado de "amigo do tríplex" para a manifestação. "O Brasil tem que lutar para melhorar", disse o manifestante quando chegava na Avenida Paulista.
Protestos anteriores
Em 2015, os quatro protestos contra o governo federal que ocorreram na região da Avenida Paulista foram em 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro. Em abril, a PM havia calculado em 275 mil o número de manifestantes. O Datafolha informou que foram 100 mil. Já os organizadores falaram em 800 mil pessoas.
Em março, tanto a PM como os organizadores informaram que havia 1 milhão de pessoas. O Datafolha apontava 210 mil. Em agosto, os grupos organizadores estimaram o público entre 900 mil e 1,5 milhão de pessoas. Segundo a Polícia Militar, foram 350 mil, no pico. O Datafolha contou 135 mil manifestantes naquela ocasião.
Em dezembro, o Datafolha calculou que o ato reuniu 40,3 mil manifestantes na Avenida Paulista. Já a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que havia 30 mil pessoas no horário de maior concentração, às 16h15.